
Os cardeais já estão instalados na residência de Santa Marta e outras dependências do Vaticano, onde permanecerão isolados do mundo durante o conclave até a escolha do sucessor do papa Francisco.
A identidade do futuro pontífice é a grande incógnita para 1,4 bilhão de católicos e para o mundo, depois que o pontificado reformista do jesuíta argentino despertou um fervor popular e uma divisão dentro da Igreja. “Há vários perfis, muitas personalidades que poderiam ser escolhidas. Eu diria que pelo menos cinco ou seis”, declarou o cardeal e arcebispo de Argel, Jean-Paul Vesco, ao jornal italiano Corriere della Sera (conheça alguns dos principais candidatos no quadro ao lado).
Durante o conclave, os “príncipes da Igreja” devem permanecer sem telefone, sem acesso à internet ou a meios de comunicação, e conservar o sigilo sobre tudo que diz respeito à eleição do novo sumo pontífice.
Na vizinha praça de São Pedro, milhares de pessoas permanecerão com os olhares voltados para a chaminé instalada no teto da Capela Sistina à espera de vislumbrar a fumaça branca, primeiro sinal da eleição do 267º papa.
As eleições de Bento XVI em 2005 e a de Francisco em 2013 levaram dois dias. Mas alguns analistas acreditam em um processo mais longo em 2025, em particular por ser o conclave mais internacional da história, com cardeais procedentes de 70 países.
Um total de 133 cardeais eleitores – com menos de 80 anos – participarão na eleição. A maioria foi elevada a este nível durante o pontificado do primeiro papa latino-americano.
O número elevado de cardeais fez com que a residência de Santa Marta, onde eles costumam se hospedar desde o conclave de 2005, ficasse pequena: um edifício vizinho, que geralmente abriga funcionários do Vaticano, foi habilitado para o momento histórico.
Cardeal Pietro Parolin
Cardeal italiano serve como Secretário de Estado da Santa Sé desde 15 de outubro de 2013. Nomeado pelo Papa Francisco, foi elevado a cardeal em 2014 e é membro do Conselho de Cardeais. Como o cardeal-bispo sênior com menos de 80 anos, espera-se que ele presida o conclave que começa hoje e é considerado papável, um forte candidato a suceder o Papa Francisco. Antes de seu cargo como Secretário de Estado, Parolin atuou por 30 anos no serviço diplomático da Santa Sé, com missões na Nigéria, México e Venezuela. Em questões doutrinárias, Parolin mantém os dogmas tradicionais da Igreja sobre sionismo, casamento entre pessoas do mesmo sexo e eutanásia, mas demonstra abertura para revisar disciplinas como o celibato clerical.
Cardeal Robert Sarah
O cardeal guineano Robert Sarah, de 79 anos, desponta como uma das principais apostas da ala conservadora da Igreja Católica para suceder o papa Francisco. Caso seja escolhido no conclave, Sarah poderá se tornar o primeiro africano – e também o primeiro negro – a ocupar o Trono de São Pedro. Conhecido por suas posições conservadoras, Sarah foi nomeado cardeal em novembro de 2010 pelo papa Bento XVI. Durante o pontificado de Francisco, ganhou notoriedade como uma das vozes mais críticas às reformas promovidas pelo papa argentino. Participou do conclave de 2013, que elegeu o papa Francisco, e agora volta a ser considerado um nome forte para liderar a Igreja Católica em um novo ciclo.
Cardeal Marc Ouellet
Religioso católico canadense de 80 anos. Dedicou o início de sua carreira sacerdotal, de 1972 a 2001, aprimorando suas credenciais como teólogo e trabalhando como professor e administrador de seminários no Canadá, Colômbia e Roma. Também serviu brevemente na Cúria Romana, de 2001 a 2003. Serviu como prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina de 2010 a 2023. Ouellet serviu como Arcebispo de Quebec e Primaz do Canadá de 2003 a 2010. Ele foi feito cardeal pelo Papa João Paulo II em 21 de outubro de 2003 e foi considerado um possível candidato à eleição ao papado em 2005 (quando foi eleito Bento 16), 2013 (na eleição de Francisco) e também no atual Conclave de 2025.
Cardeal Luis Antonio Tagle
Cardeal filipino, atual Pró-Prefeito Emérito da Seção de Primeira Evangelização do Dicastério para a Evangelização, presidente da Comissão Interdicasterial para Religiosos Consagrados, Grão-Chanceler da Pontifícia Universidade Urbaniana e presidente da Federação Bíblica Católica. Prefere ser chamado pelo apelido “Chito” em vez de títulos clericais, tem se envolvido em questões sociais nas Filipinas, com ênfase em ajudar os pobres e defender a oposição da Igreja Católica ao aborto,à contracepção e ao que ele chamou de “ateísmo prático”. Apelidado de “Francisco asiático”, é frequentemente visto como um representante da ala progressista da Igreja Católica. Tagle criticou a Igreja por usar “palavras duras” para descrever pessoas LGBTQ e católicos divorciados e recasados.
Cardeal Matteo Zuppi
Cardeal italiano de 70 anos que desde 27 de outubro de 2015 é arcebispo da Arquidiocese de Bolonha, além de ser o atual presidente da Conferência Episcopal Italiana. Durante o Angelus de 1 de setembro de 2019, o Papa Francisco anuncia sua criação como cardeal no consistório de 5 de outubro seguinte.Recebeu o título de Santo Egídio, um novo título cardinalício estabelecido pelo Papa para a ocasião, que tomou posse em 11 de janeiro de 2020. No momento da sua nomeação, era o cardeal italiano mais jovem vivo. Ele goza da estima dos expoentes da Maçonaria, em particular Gioele Magaldi, Grão-Mestre da Loja Maçônica do Grande Oriente Democrático. Em 24 de maio de 2022, foi nomeado pelo Papa Francisco como novo presidente da Conferência Episcopal Italiana.
Cardeal Reinhard Marx
Religioso católico alemão de 71 anos que serviu como arcebispo de Munique e Freising desde 2008. O Papa Bento XVI o fez cardeal em 2010. Marx foi criticado por ter gasto cerca de 11 milhões de dólares na renovação da residência do arcebispo e outros 13 milhões de dólares numa casa de hóspedes em Roma. Em maio de 2021, Marx apresentou sua renúncia ao cargo de arcebispo de Munique ao Papa Francisco, citando sua responsabilidade pela resposta à crise dos abusos sexuais. Em 10 de junho de 2021, o papa recusou a renúncia. Em março de 2023, o Cardeal Marx tornou-se membro do conselho de cardeais do Papa Francisco. Em 19 de janeiro de 2024, Marx fez a oração durante o memorial do falecido astro do futebol alemão Franz Beckenbauer.
(Estadão Conteúdo)
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