
O mundo, que já vem acompanhando o dia a do Vaticano com muita atenção desde a morte do Papa Franscisco, se concentra hoje definitivamente no menor país do mundo. Começa hoje o Conclave que escolherá o novo Papa. Ao todo, 133 cardeais com direito a voto se reúnem na Capela Sistina, em Roma (Itália), para eleger o 267º pontífice da história. A primeira fumaça – branca ou preta – deve sair da chaminé da Capela Sistina por volta das 14 horas.
Antes do início da votação, as dependências da capela passaram por manutenção nas pinturas e esculturas de madeira. Autoridades também realizaram varreduras para detectar possíveis escutas ou câmeras escondidas. Outra preocupação da Santa Fé é a segurança cibernética. A autoridade papal já informou que todos os sistemas de telefonia móvel serão desativados a partir das 15h locais (13h em Brasília) do dia 7 de maio, quando começa o conclave.
Durante esse período, cardeais ficam isolados e não podem se comunicar com o mundo externo. Uma maioria de dois terços é necessária para eleger o novo pontífice Se o número de eleitores permanecer em 133, o vencedor precisará de 89 votos.
O processo começa com a realização da missa “pro elegendo Pontífice”, celebração litúrgica solene. Os cardeais se reúnem para pedir assistência do Espírito Santo na escolha do novo pontífice.
Os últimos encontros entre cardeais para a escolha do pontífice na Capela Sistina foram curtos e não duraram mais do que cinco dias.
Quanto tempo?
Conforme o Vaticano, não há uma previsão exata para que a escolha seja concluída. “Entre os próprios cardeais eleitores há aqueles que esperam um conclave curto, considerando também o Jubileu em andamento, e aqueles que, ao contrário, preveem tempos mais longos para permitir que os cardeais “se conheçam melhor”, tendo Francisco, em seus 10 Consistórios, agregado ao Colégio Cardinalício purpurados de todos os cantos do globo.
“Se o conclave demorar, é porque os cardeais não se conhecem, não é porque estão divididos”, afirmou o cardeal arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler, durante a homilia na missa em 4 de maio que celebrou em San Gregorio Magno alla Magliana Nuova. “Alguns, sobretudo da mídia, pensam que é uma questão política. Não, não. Espírito de oração, porque precisamos obedecer a Deus, e aqueles que obedecem a Deus são guiados pelo Espírito Santo.”
Uma das principais mensagens sublinhadas pelos cardeais é a necessidade de continuidade do pontificado de Francisco, com os ensinamentos do Concílio Vaticano II. O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, por exemplo, afirmou que “o próximo papa não será uma xerox do papa Francisco.”
Colégio dos Cardeais
Há 252 cardeais em todo o mundo, e como um corpo, eles são responsáveis pelos assuntos da Santa Sé após a morte de um papa, embora com limites.
Atualmente, há 135 cardeais com menos de 80 anos e elegíveis para a votação, vindos de 71 países diferentes, no conclave mais geograficamente diverso da história. Já dois informaram formalmente à Santa Sé que não poderão comparecer por motivos de saúde, reduzindo o número de homens que participarão da reunião na Capela Sistina para 133.
A grande maioria dos eleitores – 108 – foi feita cardeal pelo papa Francisco, de acordo com estatísticas do Vaticano.
Como é feita a votação?
Estão programadas quatro votações a cada dia, duas pela manhã e duas à tarde. Depois de uma eventual 33ª ou 34ª votação, haverá um segundo turno direto e o obrigatório entre os dois cardeais que receberam o maior número de votos na última votação. Mesmo nesse caso, será sempre necessária a maioria de dois terços dos votos. Os dois cardeais ainda na disputa não poderão participar dessa votação.
Uma das grandes marcas do processo, fumaça branca indica um vencedor
Após o início do conclave, os olhares estarão voltados para o telhado da Capela Sistina, à espera da tão aguardada fumaça branca, sinal da eleição do novo papa. A expectativa é que a definição seja apresentada nos próximos dias.
A Capela Sistina se prepara para o início da reunião. Imagens divulgadas pelo Vatican News registraram a instalação da estufa no interior da capela e da chaminé no telhado, realizada na última sexta-feira, 2. “A chaminé, conectada a duas estufas dentro da capela, é o ponto de saída da fumaça: a preta, quando a maioria qualificada de dois terços ainda não foi alcançada, e a branca, que confirma a eleição do novo pontífice”, afirma a Santa Sé.
Após cada rodada de votação, as cédulas são queimadas em um forno especial para indicar o resultado ao mundo exterior. Se nenhum papa é escolhido, as cédulas são misturadas com cartuchos contendo perclorato de potássio, antraceno (um componente do alcatrão de carvão) e enxofre para produzir a fumaça preta, que sai pela chaminé.
Mas, se houver um vencedor, as cédulas queimadas são misturadas com perclorato de potássio, lactose e resina de clorofórmio para produzir a fumaça branca. Sinos também são tocados para sinalizar ainda mais que há um novo papa.
Se um novo papa não for eleito após três dias de votações, ocorre uma pausa de 24 horas para oração, de livre colóquio entre os votantes e uma exortação espiritual. Após a pausa, as votações são retomadas. Caso não haja eleição após sete votações, realiza-se outra pausa para oração, diálogo e exortação.
(Estadão Conteúdo)
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