Teatro

Atriz santista está no elenco de “Ubu Rei”, clássico do Teatro do Absurdo

17/01/2023
Foto: Stephanie Lauria/Divulgação

Valéria Aguiar integra espetáculo que é uma crítica à caretice, autoritarismo e vulgaridade dos dias atuais

A atriz santista Valéria Aguiar está no elenco da peça “Ubu Rei”, que o grupo teatral Os Geraldos apresenta a partir de 27 de janeiro, no Sesc Consolação.

A temporada segue até 12 de março, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h. Posteriormente, o espetáculo deve percorrer outras unidades do Sesc no estado.

A peça é uma adaptação da obra de Alfred Jarry, o pai do “teatro do absurdo”, que foi encenada pela primeira vez em 1896, em Paris. Apesar do lapso temporal, os temas permanecem atuais: “Ubu Rei faz uma sátira do poder obtido por usurpação e exercido com tirania, ao apresentar Pai e Mãe Ubu, um casal entregue à barbárie que invade a Polônia e, assassinando o rei, assume o seu trono.

A tradução foi feita por Bárbara e Gregório Duvivier e a direção do espetáculo é de Gabriel Villela. O espetáculo é uma resposta do grupo os Geraldos, com beleza e humor ácido e inteligente, a este momento histórico de caretice, autoritarismo e vulgaridade, que exige ruptura, por meio do pensamento e da arte, como o fez historicamente essa peça.

 

 

“Nós criamos um delírio tropical, em que fazemos uma sátira afiada do nosso país, respondendo, com violência poética, à selvageria e à estupidez destes tempos”, declara o diretor.

Para a versão desse clássico do absurdo, o cenário e os figurinos trazem muito brilho, cores quentes, quase uma estética de cabaret, numa referência ao programa do Chacrinha.

O figurino traz diversas referências, com elementos do Japão, da África, porém misturado com estilos que remetem ao brega, trajes de festa envelhecidos, datados, desatualizados, com cortes desiguais, que mostram a decadência daquela sociedade posta em cena.

 

Teatro do absurdo

Para transpor a nova versão para a obra de Alfred Jarry (considerado o pai do teatro do absurdo), Os Geraldos e Gabriel Villela optaram por fazer uso da estética e da música para deixar ainda mais evidente o surrealismo da linguagem.

“A ideia é provocar no espectador uma sensação de vertigem, sair do prumo, balançar o extremismo posto em cena, fazer o espectador embarcar num delírio tropical, universal sobre os extremismos postos”.

Entre as coisas que unem o grupo paulista e o diretor mineiro é o modo de usar a música para contar a história. São 18 canções (entre íntegras, versos, pedaços, melodias etc), interpretadas ao vivo pelos atores – com acompanhamento do maestro Everton Gennari, responsável pela direção musical (com Babaya Morais), ao piano. E uma inusitada homenagem à Miriam Batucada, com os artistas tocando caixa de fósforo.