Comportamento

Até quando acreditar no Papai Noel?

19/12/2014 Da Redação
Até quando acreditar no Papai Noel? | Jornal da Orla
O Natal está chegando. Para os adultos, o clima é alegre, festivo e desperta sentimentos como gratidão, amor e fraternidade. Para as crianças, é um período mágico, com tantas luzes, presentes e (claro!) Papai Noel!
A criação do bom velhinho foi inspirada em São Nicolau, um arcebispo que viveu na Turquia no século III e ajudava pessoas com dificuldades, gostava de crianças e jogava presentes pelas janelas das casas.
Com o passar dos anos, a história de Nicolau foi transformada até o ponto que conhecemos hoje: o velhinho de barba branca, botas pretas, roupas e gorro vermelhos vive no Polo Norte com sua esposa, a Mamãe Noel, duendes e renas voadoras. Em 24 de dezembro, a bordo de um trenó, ele distribui presentes para todas as crianças ao redor do mundo.
Ainda que fantasiosa, a história é cativante e os pequenos esperam pela data ansiosamente. É nessa hora que muitos pais têm dúvidas sobre o que dizer aos filhos a respeito do Papai Noel. Até que ponto é saudável para o desenvolvimento das crianças estimular essa fantasia?
Para a psicóloga Fabiana Aidar, especialista em temas familiares, toda criança deve viver o encantamento do Natal. “A criança que acredita em Papai Noel e em outros personagens é, naturalmente, uma criança mais criativa, feliz e cheia de imaginação”.
Entre os seis e oito anos de idade, os pequenos passam a perceber a movimentação dentro de casa no dia de Natal, semelhanças entre Noel e um familiar e a compartilhar, com os colegas da escola ou primos, suas impressões sobre o bom velhinho. “O ideal é que a criança descubra sozinha e que os pais observem como ela vai receber a notícia de que o Papai Noel, como lhe foi contado, não existe. É importante respeitar esse momento e deixar que ela tire a sua própria conclusão sobre o Natal e Noel”, explica.
De acordo com a especialista, os pais não devem se sentir culpados por mentir sobre a história do personagem. “A princípio, a novidade causará estranhamento e a criança poderá até se sentir traída. Mas não será um trauma. Neste momento, ela terá dúvidas e, por isso, é importante que os familiares conversem sobre o assunto naturalmente. Caso perceba que, depois de um tempo, a criança ainda esteja com dificuldade de aceitar a realidade ou mesmo se a criança já tem  10, 11 anos e ainda acredita em Papai Noel, é necessário procurar ajuda de um profissional de Psicologia”, indica Fabiana.
Papai Noel e Religião
O diálogo com as crianças serve para as famílias que não celebram a data e, consequentemente, a existência do Papai Noel devido à orientação religiosa. “Nesta hora, os familiares devem aproveitar para ensinar valores essenciais do Natal, como amor ao próximo e solidariedade e explicar ao pequeno os motivos que os levam a não participar da festividade. É interessante que a criança perceba, assim, as diferenças que existem em várias crenças”, diz a psicóloga.
Selfie com Noel
Graças à tecnologia, os jovens também param para conversar com o Papai Noel. “Os adolescentes não acreditam mais na história do bom velhinho, mas querem tirar selfies e mostrar em suas redes sociais. Eu fico feliz, porque esta é a maneira que eles encontraram para entrar no clima do Natal”, diverte-se Beto.
Sonhos em dias de verão
Ao ver o Papai Noel do Miramar Shopping, o pequeno Fernando Diniz, de 5 anos, não fez cerimônia. Pediu logo uma fantasia do personagem de desenho animado, Thor. A mãe, Fernanda Diniz, aprovou a espontaneidade do filho. “Eu acreditava em Papai Noel quando era pequena e passei para meu filho. Este ano, como ele já conhece as letras, escreveu uma cartinha com a minha ajuda”, conta, orgulhosa.
Beto Vieira, o ator que tem a missão de interpretar o bom velhinho, recebe com sorriso a todos que passam por sua “casa” montada no local. São 17 anos atuando como Papai Noel no shopping e, para ele, que já ouviu muitas histórias, a de São Nicolau merece ser mantida no imaginário dos pequenos. “Eles gostam do que conhecem, ou seja, se acreditam na existência do Noel, é porque algum adulto os incentivou. As crianças que são bem pequenas usam as fantasias para ter entendimento de tudo o que acontece com elas”.
E não só as crianças! Mal um pequeno tinha saído do colo de Noel, dona Palmira Bassan  alertou que era a sua vez de conversar com o bom velhinho. “Acredito em Papai Noel desde que eu era menina e, todo ano, peço a ele muita saúde. Estou com 87 anos!”, brincou.
“Recebo a visita de adultos, que vêm me agradecer por terem passado no vestibular ou por terem me pedido um namorado no ano anterior e já estão de casamento marcado. Essas pessoas acreditam na magia do Natal. E, se elas acreditam, Papai Noel existe, sim”, emociona-se Vieira.