Os sons da natureza, o cair da chuva, o vento que balança as árvores, as ondas do mar e até mesmo um sino que toca mexem com a nossa vibração. Podem trazer calma, paz e até mesmo um despertar. Era uma tarde cinzenta quando Marina, exausta do ruído do mundo, decidiu entrar naquela sala cheia de tigelas brilhantes e instrumentos diferentes e conhecer a terapia sonora vibracional. Marina é uma personagem fictícia, criada para representar a experiência transformadora dessa prática.
Na vida real, os terapeutas Jacek Chmiel e Patricia Flor são especialistas em terapia sonora vibracional e atendem na cidade de Peruíbe, onde oferecem sessões individuais e em grupo com sons que promovem bem-estar e equilíbrio.
Na história de Marina, ela foi recebida por um casal de terapeutas muito simpático que explicou um pouco sobre a prática, as terapias e seus benefícios. Logo pediram que ela se deitasse. O ambiente exalava calma: incensos discretos, uma luz tênue e o som suave de sinos ecoando ao fundo.
— Feche os olhos e apenas sinta — disse o terapeuta, tocando um gongo que preencheu o espaço com um som profundo e reverberante.
No início, Marina estranhou. Como aquilo poderia ajudá-la? Estava dispersa, a cabeça permanecia nos problemas, nos barulhos externos. Mas, pouco a pouco, algo começou a acontecer. As vibrações pareciam dançar sobre sua pele, atravessar seus pensamentos, dissolver as tensões presas em seu peito.
“Quando nos rendemos ao som, permitimos que as vibrações nos guiem para uma presença profunda, harmonia interior e transformação.” A frase de Jacek Chmiel, músico e terapeuta sonoro, fazia sentido agora. O som não era apenas som. Era uma onda invisível que tocava onde as palavras não chegavam.
Os instrumentos se alternavam: uma tigela tibetana cantava com um tom grave, um tambor xamânico pulsava como um coração, um conjunto de sinos ressoava como estrelas tilintando no silêncio, uma tigela com água pulsava como se aquele líquido estivesse em processo de fervura. Marina sentiu-se flutuar, como se sua própria frequência estivesse sendo reajustada, alinhada com algo maior, mais essencial.
Nesse estado quase meditativo, Marina começou a recordar momentos esquecidos de sua infância. Sons específicos pareciam evocar memórias de dias ensolarados, brincadeiras ao ar livre e momentos de serenidade pura. Era como se as vibrações estivessem resgatando fragmentos de quem ela era antes de as preocupações e responsabilidades da vida adulta dominarem. Cada som despertava algo novo, mas ao mesmo tempo familiar.
Por outro lado, ela também percebeu que os sons a levavam a acessar emoções mais difíceis. Um tambor profundo ativou sensações de tristeza que há muito ela evitava enfrentar. No entanto, ao permitir-se sentir e acolher essas emoções, ela percebeu que eram parte do processo de cura. Era como se as vibrações estivessem limpando camadas acumuladas de tensão e mágoas, deixando espaço para algo mais leve e renovador.
Os pensamentos que antes a atormentavam perderam a nitidez. O medo, a pressa, a autocobrança excessiva—tudo parecia se dissolver nas vibrações que percorriam seu corpo. Cada som tocava um ponto diferente, como se despertasse memórias adormecidas, emoções não resolvidas. Ela percebeu que estava chorando, mas não de tristeza. Era um alívio. Como se, finalmente, seu corpo e sua mente falassem a mesma língua.
“Com a verdadeira assimilação de que tudo vibra, adquirimos consciência e autorresponsabilidade sobre nossa própria frequência emanada.” As palavras de Patricia Flor vieram à sua mente. O que significava, afinal, assumir responsabilidade pela própria frequência? Talvez fosse sobre perceber que seus pensamentos e emoções também emitiam ondas. Se quisesse paz, precisava vibrar em paz. Se quisesse harmonia, deveria cultivá-la internamente.
Ao final da sessão, Marina abriu os olhos devagar. O mundo lá fora continuava o mesmo, mas algo dentro dela havia mudado. O barulho da vida parecia menos ensurdecedor. Sentia-se leve, sintonizada.
Saiu para a rua e, pela primeira vez em muito tempo, ouviu não o caos, mas a música secreta que sempre esteve ali, esperando para ser ouvida..
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