Significados do Judaísmo

Hedy Lamarr, Judia, Estonteante Atriz e Inventora

21/10/2021
Hedy Lamarr, Judia, Estonteante Atriz e Inventora | Jornal da Orla

Em sua época, Lamarr foi considerada a mulher mais bonita do mundo. Ela também afirma veementemente ter sido a mais inteligente.
 
Lamarr era originalmente Hedwig Eva Maria Kiesler, nascida em Viena, Áustria, em 9 de novembro de 1914, em uma família judia abastada. 
 
Filha única, Lamarr recebeu muita atenção do pai, diretor de banco e curioso, que a inspirou a perceber o mundo com olhos abertos. 
 
Freqüentemente, ele a levava para longas caminhadas, discutindo o funcionamento interno de diferentes máquinas, como a gráfica ou os bondes. Essas conversas guiaram o pensamento de Lamarr e, com apenas 5 anos de idade, ela foi encontrada desmontando e remontando sua caixa de música para entender como a máquina funcionava. 
 
Enquanto isso, a mãe de Lamarr era uma pianista concertista e a apresentou às artes, colocando-a em aulas de balé e piano desde pequena.
 
A atriz e futura inventora foi considerada pelo diretor Max Reinhardt “a mais bela mulher da Europa”. 
 
Ainda adolescente, a jovem atriz interpretou diversos papéis em filmes alemães, contracenando com atores famosos da época.
 
Lamarr comentou: “Eu queria fazer algo com a minha vida. Eu queria deixar minha marca. Mas sempre fui totalmente julgada pela frase: Uma das mulheres mais bonitas do mundo”.
 
A fama chegou a partir do filme “Êxtase”, uma produção tcheca de 1933 filmada em Praga, em que a atriz aparecia nua correndo por entre folhagens e mergulhando em um lago, além de ter simulado um ato sexual finalizado em orgasmo – coisa que o cinema nunca tinha retratado até então.

Ela emigrou para os EUA antes da Segunda Guerra Mundial e chamou a atenção do chefe do estúdio MGM, Louis B. Mayer. O magnata do cinema não permitia que ela usasse sua origem judia porque achava que não teria apelo para o público em geral.
 
 
Lamarr falava pouco inglês, mas conseguiu um contrato lucrativo para atuar em filmes de Hollywood. A beleza vienense logo se estabeleceu em Beverly Hills.
 
Hedy contracenou com alguns dos atores mais importantes de Hollywood, como Clark Gable, Spencer Tracy e James Stewart.
 
Lamarr teve seu maior sucesso interpretando Dalila com Victor Mature atuando como o homem forte da Bíblia em Sansão e Dalila de Cecil B. DeMille, o filme de maior bilheteria de 1949. A obra também ganhou dois Oscars.
 
A atriz também socializava com luminares, incluindo John F. Kennedy e Howard Hughes, que lhe forneceram equipamentos para realizar experimentos em seu trailer durante seu tempo de inatividade de atuação. 
 
Foi neste ambiente científico que Lamarr encontrou sua verdadeira vocação.
 
O que não veio naturalmente para Lamarr, no entanto, foi a notoriedade e a compensação que ela merecia por suas ideias.
 
Durante a Segunda Guerra, Hedy Lamarr criou, junto com o compositor e também inventor George Antheil, um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas, cuja patente foi feita em 1940 usando seu nome de registro (Hedwig Eva Maria Kiesler). 
 
A ideia surgiu quando a dupla estava fazendo um dueto ao piano e começaram a “conversar” entre si alterando os controles do instrumento. Ou seja, Lamarr descobriu que, se o emissor e o receptor mudassem constantemente de frequência, somente os dois poderiam se comunicar sem medo de serem interceptados pelo inimigo.
 
Então, em 1942, a dupla submeteu seu método de alternância de frequências (“frequence hopping”) ao Departamento de Guerra dos Estados Unidos, que recusou porque a ideia de trocar as 88 frequências a fim de despistar radares pareceu complicada e difícil demais para ser realizada na época.

O projeto ficou “na gaveta” até 1962, quando o aparelho inventado por Lamarr passou a ser usado por tropas militares dos EUA em Cuba.
Nesse interim, a patente de Lamarr expirou antes que ela pudesse ver um centavo de sua invenção. 
 
Embora ela tenha continuado a acumular créditos em filmes até 1958, seu gênio inventivo ainda não era reconhecido pelo público. 
 
Foi só nos últimos anos de vida da atriz/inventora que ela recebeu algum prêmio por sua invenção. 
 
A Electronic Frontier Foundation concedeu em conjunto a Lamarr e Antheil o prêmio Pioneer em 1997.
 
Hedy também se tornou a primeira mulher a receber o prêmio Bulbie Gnass Spirit of Achievement da Convenção de Invenções. 
 
Embora tenha morrido em 2000, Lamarr foi incluída no National Inventors Hall of Fame pelo desenvolvimento de sua tecnologia de alternância de frequência em 2014. 
 
Tal conquista levou Hedy a ser apelidada de "a mãe do Wi-Fi" e de outras comunicações sem fio, como GPS, Bluetooth e celulares.
 
Lamarr morreu na Flórida; ela tinha 85 anos. Seus últimos anos foram infelizes e ela viveu na pobreza. 
 
Em sua vida, ela se casou e se divorciou seis vezes. 
 
Se tivesse recebido royalties por sua invenção, ela teria ganhado muitos milhões de dólares. 
 
Mas sua tecnologia foi amplamente utilizada muito depois de sua patente expirar.
 
Hoje, o espectro de propagação de alternância de frequência (FHSS) é usado para enviar sinais de rádio, mudando rapidamente a frequência entre as muitas que ocupam uma banda (espectro). 
 
É indispensável para telefones celulares e é usado para evitar interferência, para evitar espionagem e para permitir acesso múltiplo por divisão de código.
 
No ano passado, o Google homenageou Hedy Lamarr no Doodle que foi ao ar na semana da comemoração de seu aniversário de nascimento, para que sempre que fizermos uma ligação ou usarmos a internet por meio de uma conexão sem fio, lembrarmos de que isso só foi possível graças a essa atriz de Hollywood, que não somente teve uma ideia à frente de seu tempo e tornou-se pioneira nesse segmento, como também teve coragem de “peitar” os nazistas em plena Segunda Guerra Mundial.