
Alguns dos maiores empresários do Brasil e lideranças da sociedade civil divulgaram durante a semana um manifesto em defesa da democracia. O documento conta com mais de seis mil assinaturas e é uma resposta às ameaças que o presidente Jair Bolsonaro tem feito ao regime democrático.
Bolsonaro, como já disse várias vezes, afirmou que sem o voto impresso não haverá eleições em 2022. Atacando ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em particular o ministro Luís Roberto Barroso, o presidente deixou claro que poderá agir “fora das quatro linhas da Constituição”, declaração considerada um aviso de que, se não for atendido, tentará um golpe militar.
Proposta derrotada
A proposta de voto impresso, de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis, foi rejeitada pela Comissão Especial da Câmara por 23 votos a 11. Já o presidente do STF, ministro Luiz Fux, cancelou a reunião entre os representantes dos três poderes em razão dos ataques de Bolsonaro a ministros da suprema corte. Segundo Fux, não é possível dialogar com quem não mantém a própria palavra.
Eleições garantidas
No manifesto à Nação, empresários e representantes da sociedade civil afirmam que o Brasil terá eleições em 2022 e seus resultados serão respeitados. Afirmam, ainda, que “a sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”.
O valor da liberdade
Um dos maiores empresários do Brasil, Guilherme Leal (um dos donos da Natura), que assinou o manifesto, afirma que sem democracia o país não vai superar suas dificuldades. “Já vivi os tempos escuros da ditadura, sei o valor que tem a democracia. Ela não vem de graça e precisa ser resguardada”.
Mourão bota fogo no parquinho
Em meio a um clima bastante tenso em razão das ameaças do presidente Bolsonaro à democracia, o general Hamilton Mourão afirmou que uma parcela da sociedade não se sente representada nem por Bolsonaro nem por Lula. “Aí fica essa discussão se vai ter uma terceira via ou se não vai ter”.
Para Mourão, “seria importante para reduzir as tensões que realmente surgisse um candidato que tivesse condições de fazer com que a outra parte da sociedade se sentisse representada, melhorando o nível do debate no período eleitoral e favorecendo a diminuição dessa polarização”.
A fala de Mourão seria perfeitamente natural não fosse o fato de que ele é o atual vice-presidente da República, e foi eleito na chapa encabeçada por Bolsonaro.
Se até o vice acha que a coisa não anda boa é sinal de que a temperatura vai subir ainda mais em Brasília. Como todos sabem, Bolsonaro e seus filhos têm temperamento explosivo.
"Aquele filho da puta do Barroso"
O novo surto colérico do presidente não demorou. Na sexta-feira (6), Bolsonaro voltou a atacar integrantes do STF e se referiu ao ministro da corte e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, de “aquele filho da puta do Barroso”. A ofensa, inimaginável partindo de um chefe de Estado, viralizou nas redes sociais.
Nunca na história da República um presidente desceu a um nível tão baixo, que faria corar de vergonha porteiro de prostíbulo.
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