É de arrepiar a alma o grande número de pessoas sobrevivendo nas ruas, tendo que enfrentar noites geladíssima – resultado das mudanças climáticas do planeta, problema que muitos insistem em não reconhecer. Mas isso é outra discussão.

O aumento do número de pessoas ao léu é consequência de outro problema — o empobrecimento das pessoas, mas isso também é outra discussão. 

Ajuda emergencial
O que pesa na balança neste momento é acudir as pessoas em situação de rua. A solução para o problema, existente em praticamente todas as cidades do mundo, exige ações em diversas áreas (da área social à de segurança, passando pela saúde e a economia) e, portanto, são necessárias medidas emergenciais para evitar sofrimento e até mesmo mortes.

A Prefeitura iniciou na terça-feira (27) a Operação Baixas Temperaturas, cujo objetivo principal é abordar a população de rua e convencê-las a irem para os abrigos municipais. Sensibilizado, o prefeito Rogério Santos participou das atividades com os profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Social e percebeu a dificuldade de convencer os moradores em situação de rua. “Por mais que se explique, as pessoas não querem ir para os abrigos”, afirma. Quem recusa o acolhimento recebe agasalhos e cobertores. 

O secretário de Desenvolvimento Social, Carlos Alberto Mota, explica que Santos conta com 300 vagas em unidades de acolhimento, onde as pessoas recebem alimentação, higienização e roupas, além de participarem de atividades e atendimento técnico. Há local apropriado para cães. 

Crise econômica expulsa pessoas para a rua
Realizado na noite de 24 de outubro de 2019, o Censo da População em Situação de Rua, realizado em parceria entre a Prefeitura e a Unifesp, contabilizou 868 pessoas nesta condição. Em comparação ao levantamento anterior, feito em 2009, houve um aumento de 70%. 

Quase dois anos depois, e com a pandemia e a crise econômica piorando a situação, a percepção é de que contingente destas pessoa aumentou, mas não é possível dimensionar exatamente quanto.

Neste Censo de 2019, foram identificados os principais motivos que resultam no desabrigo:  conflitos familiares (46,5%), desemprego (37,1%), uso abusivo de álcool e drogas (32,4%) e perda de moradia (14,1%).

A coordenadora do estudo, Luzia Baierl, avalia que a raiz de todas estas razões é a sucessão de crises econômicas. “Quem produz essa população de rua é nossa sociedade capitalista, que gera desigualdade”.

O Censo também revelou que a maioria tem entre 40 e 59 anos de idade (48,4%), tem cor parda e preta (61,4%) e são homens (81,9%). 67,8% dos entrevistados declararam ser dependentes de álcool e/ou outras drogas. O relatório do estudo revela ainda que, das 868 pessoas, 40 estavam sob estado alterado de consciência (37 aparentavam estar sob efeito de substância psicoativas e 3 aparentavam “sofrimento mental”).

Doações

O Fundo Social de Solidariedade de Santos e a Secretaria de Desenvolvimento Social pedem a ajuda da população, mediante a doação de cobertores, agasalhos, alimentos e produtos de higiene e limpeza. As doações podem ser entregues nos postos de arrecadação, sendo que neste sábado (31), das 9h às 17h, a sede do Fundo Social de Solidariedade (Avenida Conselheiro Nébias, 388, Encruzilhada), contará com um sistema de drive-thru.

PONTOS DE ARRECADAÇÃO:
• Fundo Social de Solidariedade (Av. Conselheiro Nébias, 388) – De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
• Paço Municipal (Praça Mauá s/nº, Centro) – De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
• Centro POP (Rua Amador Bueno, 446) – De segunda a sexta-feira, das 9h às 16h
• Cruz Vermelha (Rua Cesário Mota, 8 – Unisanta) – De segunda a sexta-feira, em horário comercial
• Unidade de Saúde do Porto (Rua general Câmara, 507) -De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
• Unidades do supermercado Varandas – De segunda-feira a sábado: Av. Pinheiro Machado, 643, Campo Grande (das 7h às 21h); Rua Piu XII, 82, Saboó (das 7h às 20h); Rua Alexandre Martins, 125, Aparecida (das 7h às 21h); Av. Moura Ribeiro, 116, Marapé (das 7h às 22h). Domingos e feriados: Av. Pinheiro Machado, 643, Campo Grande (das 7h às 15h); Rua Piu XII, 82, Saboó (das 7h às 14h); Rua Alexandre Martins, 125, Aparecida (das 7h às 20h); Av. Moura Ribeiro, 116, Marapé (das 8h às 20h).
• Casa de Inverno (Rua General Câmara, 249) – Todos os dias, das 18h às 22h