A ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) em todo o estado de São Paulo chegou, nesta quarta-feira (20), a 70%, maior taxa registrada desde o início do ano. No dia 5 de janeiro, estava em 62,5%, o que indica que as internações vêm crescendo em um ritmo muito forte e rápido em São Paulo nas últimas semanas.
Os leitos de UTI de todo o estado estão sendo ocupados, neste momento, por 6.053 pessoas. Por causa desse aumento na taxa de ocupação, o governo paulista anunciou que fará uma nova reclassificação do Plano São Paulo na sexta-feira (22). A expectativa é que mais regiões do estado regridam de fases.
Será a terceira vez, somente neste mês, que o governo paulista promove a reclassificação no Plano São Paulo. A primeira ocorreu no dia 8 de janeiro e a expectativa do governo era de que a próxima fosse feita somente no dia 5 de fevereiro. Mas com o crescimento rápido da contaminação, o governo acabou fazendo uma nova reclassificação no plano na sexta-feira (15).
O Plano São Paulo é dividido em cinco fases, que vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais, o vermelho, a etapas identificadas como de controle, a laranja; de flexibilização, amarelo; de abertura parcial, a verde, e a normal controlado, azul.
O plano divide o estado em 17 regiões e cada uma delas é classificada em uma fase do plano, dependendo de fatores como a capacidade do sistema de saúde e a evolução da pandemia.
Na terça (19), São Paulo ultrapassou a marca de 50 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus (covid-19), somando hoje 1.658.636 casos. A média móvel dos últimos sete dias está em 11.645 casos por dia, aumento de 7% em relação à semana anterior.
Vacinação
A vacinação das comunidades quilombolas vai ter início na sexta-feira (22), informou o governador de São Paulo, João Doria.
A vacinação em São Paulo teve início no domingo (17) com a aplicação de doses em profissionais da saúde e indígenas. Como as doses são insuficientes para toda essa população, o governo paulista está, neste primeiro momento, privilegiando os profissionais de saúde que estão na linha de frente de combate à covid-19. Até o momento, segundo o Vacinômetro do governo paulista, mais de 16 mil pessoas já foram vacinadas no estado.
Segundo Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria estadual da Saúde, desde segunda-feira (18) até hoje (20) o governo paulista já conseguiu distribuir 500 mil doses da vacina para 13 regionais da saúde em 123 cidades. A expectativa é que até sexta-feira (22) todos os 645 municípios paulistas recebam doses da vacina.
Insumos
A vacinação no Brasil utiliza o imunizante CoronaVac, produzido pelo Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac, e que teve seu uso emergencial aprovado no domingo (17) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, neste início da campanha de vacinação, apenas 6 milhões de doses estão sendo utilizadas no país, sendo que 1,4 milhão estão em São Paulo.
O Instituto Butantan solicitou esta semana à Anvisa que outras 4,8 milhões de doses já prontas sejam também aprovadas para uso emergencial no país, o que somaria um total de 10,8 milhões de doses.
Para que sejam produzidas mais doses da vacina no país, o Instituto Butantan necessita que seja enviado ao Brasil matéria-prima da China.
O governo paulista, por meio de seu escritório em Xangai, tem tentado negociar com o governo chinês a importação desses insumos, uma vez que são necessários para o Instituto Butantan fabricar novas doses da vacina.
“Dependemos de importação de quantidades adicionais de matéria-prima”, disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, que pediu apoio do governo federal nessas tratativas com o governo chinês para acelerar a liberação da matéria-prima.
Segundo ele, os insumos já estão prontos, esperando autorização de quatro instâncias chinesas para poder embarcar para o Brasil: os ministérios da Saúde e das Relações Exteriores, da agência reguladora de vigilância sanitária e da Aduana. Três dessas instâncias, segundo ele, já autorizaram o embarque. Falta uma delas, que ele não especificou qual.
“Nossa previsão é que um total de 5,4 mil litros devam chegar até o final deste mês a São Paulo, e mais 5,6 mil litros cheguem até o dia 10 de fevereiro [cada mil litros produz aproximadamente 1 milhão de doses]. Essa matéria-prima está pronta, aguardando o trâmite burocrático. Em relação à produção, a capacidade de envase do Instituto Butantan é de 1 milhão de doses por dia, mas o processo começa com o envase, mas tem também um processo de produção, e isso demora em torno de 20 dias”, explicou Dimas Covas.