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Os números não mentem jamais, sobretudo enquanto ‘eles’ mentem

27/11/2020 Da Redação
Os números não mentem jamais, sobretudo enquanto ‘eles’ mentem | Jornal da Orla

Um olhar mais atento sobre as eleições majoritárias na Região Metropolitana da Baixada Santista vai revelar que atende pelo nome de abstenção o “partido” que mais votos conquistou em 15 de novembro, próximo passado. Em números exatos, 339.930 eleitores deixaram de votar.

E como miséria pouca é bobagem, se somarmos a esse contingente os votos brancos (44.579) e nulos (68.211), atingimos a marca de 512.720 elementos, mais do que 1/3 dos eleitores aptos a votar, um total de 1.371.693.

Para se ter uma melhor ideia do que isso significa, os três partidos mais bem votados na eleição somaram 527.111 sufrágios, ou seja, quantitativo equivalente ao dos que dispensaram o exercício democrático do direito-dever de escolher um candidato à prefeito para chamar de seu. Respectivamente, PSDB, PSB e Podemos receberam 309.169, 126.396 e 91.546 votos.

Mais estarrecedor ainda é o fato de que outras 25 legendas, juntas, somaram mirrados 331.862 votos, 24,2% do total. A matemática eleitoral na Baixada Santista, portanto, ficou simples de entender: três partidos receberam 38,5% dos votos. Abstenção, brancos e nulos outros 37,5% e 25 partidos 24%, nesse último caso o que não dá, sequer, 1% por partido, em média.

Restando apenas São Vicente e Praia Grande a definirem seus próximos prefeitos, o PSDB além de ser campeão de votos elegeu, ou reelegeu, cinco prefeitos: Santos, Bertioga, Cubatão, Itanhaém e Peruíbe. Assim como o PSB, vitorioso em Guarujá, o Republicamos levou a chefia do Executivo em Mongaguá. E só!

Já em termos de Câmaras Municipais, 20 partidos conquistaram assentos nas nove cidades da Região. Das 136 cadeiras possíveis, o PSDB ficou com 32, o Republicanos com 13 e o PSB com 11. DEM, MDB e Podemos elegeram, cada um, 10 vereadores. As outras 14 agremiações, individualmente, menos do que isso. 

Fica claro portanto que PSDB, PSB, Podemos e Republicanos são os grandes vencedores das eleições locais. Se é que se pode dizer que há vencedores numa eleição em que a abstenção ganha dos votos atribuídos a 25 partidos juntos e, isoladamente, da agremiação mais bem votada. Desinteresse do eleitor? Claro, os números não mentem jamais. Mas há razões justificáveis para tamanho desinteresse? Claro, os políticos não mudam jamais.

 


*Maurício Juvenal é jornalista, especialista em Pesquisa Social e consultor em análise de dados da Badra Comunicação