
Na eleição para prefeito de Santos deste ano, mais decisivos do que os candidatos que entrarão na disputa serão os nomes que vão ficar de fora dela. Vários movimentos políticos deixaram mais claro o cenário político santista, numa condição extremamente favorável ao candidato indicado pelo atual prefeito, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).
1. No domingo (23), o prefeito formalizou seu apoio à candidatura de Rogério Santos — na verdade, nenhuma surpresa, já que ele dava claros sinais de que escolheria seu ex-secretário de Governo, braço direito ao longo dos sete anos de mandato.
2. Na terça-feira (25), a deputada federal Rosana Valle (PSB) anunciou que não vai disputar a eleição, embora tenha sido muito bem lembrada nas recentes pesquisas de intenção de voto. “Fui eleita com votos de toda a região e não só de Santos. Apesar de um dia ter esse sonho, se assim a população santista quiser, agora não é a hora”, explicou Rosana Valle, que também anunciou que vai apoiar Rogério Santos.
Além desta justificativa, foi fundamental a posição do presidente estadual do PSB, Márcio França, que agora retribui a apoio dado por Paulo Barbosa na eleição para governador em 2018: apesar de seu partido, o PSDB, ter candidato (João Doria), Barbosa pediu votos para França.
3. Na quarta-feira passada (19), o vereador Augusto Duarte (PSDB), que também se colocava como pré-candidato a prefeito, desistiu da disputa. Apesar de ter sido o vereador tucano eleito com menos votos e não ter muito espaço no diretório local, Duarte era uma espécie de barômetro das relações entre o prefeito e o governador. Depois de um período de estranhamento, por conta do embate eleitoral em 2018, Barbosa e João Doria apararam as arestas. Em resumo: o PSDB vai unido para a disputa em Santos, apostando as fichas em Rogério Santos.
4. Na quinta-feira passada (20), o deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (DEM) também desistiu da disputa, alegando que iria assumir a liderança do partido na Assembleia Legislativa, e anunciou que seu partido vai apoiar Rogério Santos — mais um indicativo de que Doria abraçou o candidato escolhido por Barbosa, já que o DEM está completamente alinhado ao governador.
5. Outra liderança do PSDB bem lembrada nas pesquisas eleitorais, o ex-prefeito João Paulo Papa não manifestou interesse em voltar a ocupar o cargo e também deve apoiar a indicação de Rogério Santos.
6. No final de junho, o deputado Kenny Mendes (PP), que até então liderava as pesquisas de intenção de voto, havia anunciado sua desistência de concorrer e, mais do que isso, informou que vai apoiar o candidato do PSDB, Rogério Santos.
7. Embora a vereadora Audrey Kleys (PP) tenha dito que “está à disposição do partido” para ser candidata a prefeita, sua ambição foi prontamente enterrada pelos dirigentes do partido: o coordenador Estadual do partido, Jefferson Modesto, o presidente municipal, Adriano Catapreta, o deputado Kenny Mendes e o presidente estadual do partido, Guilherme Mussi, garantiram que o partido não terá candidato e apoiará Rogério Santos.
Prova de fogo
Assim, está se formando um poderoso arco de alianças políticas em torno da candidatura de Rogério Santos. No entanto, parafraseando o filósofo Manoel Francisco dos Santos (o popular Garrincha), é preciso combinar com o eleitor.
Embora tenha tido uma atuação decisiva nos governos de Paulo Alexandre Barbosa, Rogério Santos ainda é desconhecido da maior parte da população santista e, apesar de atuar politicamente nos bastidores há anos, nunca disputou uma eleição.
Em conversas privadas, Paulo Alexandre defende seu candidato argumentando que ele tem experiência e conhece profundamente a máquina pública municipal. “Manda mais do que eu”, costuma brincar. Além disso, o atual prefeito considera que Rogério Santos reúne as qualidades para dar continuidade aos projetos de seu governo.
O que o prefeito não diz publicamente é que a eleição de Rogério significa não só um sinal de aprovação aos seus dois mandatos mas também um atestado da capacidade de Barbosa costurar alianças políticas que o qualifiquem para voos mais altos. Quem sabe rumo ao Palácio dos Bandeirantes.
E a oposição?
Apesar de ter tido extrema relevância em eleições passadas, o PT santista é um fantasma do que já foi. Escolheu um candidato muito qualificado, o advogado Douglas Martins, mas cujas chances são remotíssimas. Aliás, o partido teve dificuldades para encontrar um militante que topasse a tarefa. Diversos filiados foram sondados mas pediram para serem incluídos fora dessa. O partido teve dificuldades até para formar sua chapa de candidatos a vereador e, além dos vereadores que buscam a reeleição (Telma de Souza e Chico do Settaport), decidiu lançar uma candidatura de “mandato coletivo”.
O foco mais forte de oposição ao candidato do prefeito viria do espectro político à direita/extrema-direita. No entanto, há uma profusão de candidatos (ao menos 11), a maior parte identificada com os ideais bolsonaristas, e praticamente todos desconhecidos pelo eleitorado santista.
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