
Nesta segunda noite de Shavuot, neste ano 29 de Maio, lemos o Livro de Ruth.
O costume de fazer isso já é mencionado no tratado talmúdico de Soferim (14:16), e o fato de o primeiro capítulo do Midrash de Ruth lidar com a doação é uma evidência de que esse costume já estava bem estabelecido na época.
Há muitas explicações dadas para a leitura de Ruth em Shavuot. A razão mais citada é que a vinda de Ruth a Israel ocorreu na época de Shavuot, e sua aceitação na fé judaica era análoga à aceitação do povo judeu da Torá de Deus.
A comovente história de Ruth se mescla com a de sua sogra Naomi.
O casal judeu, Naomi e Emileque havia fugido da grande fome que assolou o Reino de Judá e foi instalar-se em Moabe.
Ruth, uma moabita, que já tinha desconforto com a idolatria de seu povo, casou-se com o filho de Emileque e Naomi, também judeu.
Entretanto, o marido de Ruth, seu sogro e seu cunhado morreram e as três viúvas foram deixadas às suas próprias sortes.
Naomi, então, sem marido e sem filhos, todos mortos, decidiu voltar para sua terra natal.
Naturalmente, ela não pensou em pedir a suas duas noras moabitas, Orpah e Ruth, que a acompanhassem para compartilhar sua vida pobre e sem alegria, e pediu que elas voltassem para suas casas. Mas, como se viu, apenas Orpah, depois de muita persuasão da sogra, voltou para o seu próprio povo.
Ruth, no entanto, ficou tão convencida da verdade e da beleza da religião e dos costumes judaicos que, sob nenhuma circunstância, ela agora se separaria de Naomi para retornar ao seu lar real e viver como adoradora de ídolos. Sua sogra tentou dissuadí-la, mas todos os argumentos, até que ela não tinha nada a oferecer, foram em vão. A resposta de Ruth, a mais alta e nobre de todas as expressões de fidelidade, foi:
“Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;
Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.”
Ruth, ao chegar na terra de sua sogra, partilha de sua pobreza.
Mas Adonai, recompensando a lealdade desta mulher e aceitando seu amor pelo Torá e Deus, envia Boaz para que com ela se case.
Boaz (um descendente do corajoso príncipe Nachshon da tribo de Judá, que foi o primeiro a pular nas altas ondas do Mar Vermelho), era a pessoa mais importante do povo judeu em seus dias. Ele e Ruth foram abençoados com filhos, e Ruth viveu o suficiente para ver seu bisneto Davi se tornar rei de Israel.
Lemos o Livro de Ruth em Shavuot também porque em sua jornada, nos inteiramos das justas leis que a Torá dita para que as viúvas, os órfãos e os pobres sejam protegidos.
Todos os anos lemos seu Livro para glorificar a lealdade e o amor por Adonai, que pode adentrar o coração do estrangeiro e assim podemos acolhe-los em nossa fé. A leitura permite também relembrar como podemos ser generosos com aqueles que precisam.
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Mendy Tal
Cientista Político e Ativista comunitário
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