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Resenha da semana: Resgate

02/05/2020
Resenha da semana: Resgate | Jornal da Orla

Resgate é aquele filme que já foi feito diversas vezes ao longo dos anos, em especial nos anos 80. Filmes que traziam protagonistas invencíveis, cenas repletas de tiros, explosões e violência extrema, cansaram no decorrer das décadas. Foi aí, que no início dos anos 2000, chegou a franquia Bourne para mudar totalmente o gênero e agora recentemente, com John Wick, o cinema de ação finalmente se reinventou. Relativamente, fazer um filme de ação tem uma tarefa simples: fazer boas cenas de ação. Resgate entrega ao público o que se propõe desde seu início: é um impressionante e extremamente bem orquestrado filme de ação. Porém, não é só de ação que vive um filme. 

Em Resgate, Tyler Rake (Chris Hemsworth) um agente especial recebe a difícil missão de libertar um garoto indiano que é mantido refém na cidade de Dhaka. Apesar de estar preparado fisicamente, ele precisa lidar com crises de identidade e com seu emocional fragilizado por problemas do passado para que consiga designar sua tarefa da melhor maneira possível. O diretor Sam Hargrave, em seu primeiro filme, conduz tudo com bastante energia e controle, especialmente nas cenas de ação. Fazendo com que o espectador sinta todos os golpes, impactos, movimentos e perfurações, o diretor intensifica as perseguições e lutas de um jeito assustador para um estreante. Vale destacar um espetacular e hipnotizante plano sequencia, de um pouco mais de dez minutos, onde o público é transportadora para perseguições dentro e fora de um veículo em movimento, corridas no meio de escadas, saltos entre edifícios junto com os personagens e uma espetacular luta corpo a corpo. Uma das melhores cenas de ação do ano, sem dúvida. Tudo tão bem coreografado e em busca da realidade que, no término deste trecho, um respiro cai bem tanto para os personagens quanto para o público. 

Porém, quando o longa dá uma freada para focar em seus personagens e tentar alguma conexão entre o protagonista e o menino, ou estabelecer algum vínculo junto ao público, fica claro que teria sido melhor se tudo fosse mesmo um tiroteio e pancadaria sem fim. O roteiro, escrito por Joe Russo (um dos irmãos responsáveis pela franquia Vingadores da MARVEL), é extremamente raso e repleta de clichês, o que torna tudo muito previsível. Seus diálogos são expositivos demais, os personagens secundários não fazem a mínima diferença na narrativa, os vilões são desinteressantes e a tentativa de colocar um final aberto e transformar este filme em uma nova franquia, não funcionou pra mim. Tenho consciência que alguns me verão como um crítico chato, mas existem diversos filmes do mesmo gênero que são infinitamente superiores, vide os que já citei no início da crítica.

O cenário do filme é outro ponto crucial da obra, uma vez que Bangladesh é retratada como um local sufocante e claustrofóbico, com o filme dando um visual amarelo sépia , que passa a sensação de poluição, calor e sufocamento, repleto de construções precárias e superlotadas que funcionam muito bem. 
Quanto as atuações, Chris Hemsworth é o único que posso dizer que se destaca, porém basicamente interpretando a si mesmo e usando bem sua forma física. O ator tem o carisma necessário para pelo menos segurar a atenção do público.

Resgate se destaca, exclusivamente, pelo fantástico trabalho de dublês e por suas frenéticas e ótimas sequencias de ação. É uma boa opção para os amantes do gênero, mas para quem busca algo com um pouco mais de conteúdo, pode ficar um pouco decepcionado com o resultado final. 

Curiosidades: O diretor do filme, Sam Hargrave, é um dos mais reconhecidos dublês de Hollywood.