A menina pequena começou a perceber o jardim de sua casa.
Encantou-se com uma flor de cor vermelha chamada “bougainville”.
Ainda no colo, pediu ao pai para chegar mais perto. Desejava tocar com as mãos e sentir seu perfume.
Ao puxar um pequeno galho colorido, a maioria das pétalas se desprendeu acidentalmente. Estavam agora na palma da mão pequenina.
Havia deixado o ramo da planta escarlate quase sem vestes. A criança se assustou. O galho retornou velozmente para trás.
Olhou para o pai como que dizendo: -Não pretendia machucá-la…
Logo após fez um gesto inusitado. Esticou o bracinho, segurando na mão as pétalas soltas que ainda guardava e buscou novamente as flores que haviam permanecido no galho.
Ela queria devolver o que havia retirado da flor, agora semidesnuda.
O pai ficou sem ação. Seu primeiro impulso foi dizer que não era possível, no entanto, aceitou o desejo da filha e deixou que ela ajeitasse delicadamente as partes arrancadas junto às que ainda se mantinham no arbusto.
Enfim, a menina deu a situação por resolvida. O pai, porém, não. Ficou com as pétalas arrancadas no pensamento.
É possível devolver uma pétala para uma flor?
Os botânicos certamente dirão e provarão que não. Uma vez retiradas, não voltam mais.
Não há como colar, costurar ou provocar qualquer espécie de regeneração.
Assim como o tempo; assim como as palavras que proferimos; assim com os atos. Não há como desfazer o que foi feito, o que foi dito, o que passou.
Ferimos alguém profundamente e pedimos desculpas. Será que somos nós tentando devolver pétalas arrancadas?
Assim, voltemos à questão original: é possível devolver uma pétala para uma flor?
Tudo nos leva a aceitar o “não” como a resposta mais razoável, ou a única plausível. Resposta triste.
Porém, se a ingenuidade e pureza infantis acreditaram ser possível, quem sabe possamos acreditar tornar possível, mas de uma forma diferente.
E se decidíssemos cuidar daquela árvore de uma maneira especial, olhando-a todos os dias, assim como “O Pequeno Príncipe” um dia cuidou de sua rosa?
Estarmos atentos ao que ela precise e não deixar que lhe falte coisa alguma. Vamos nos ocupar do solo, mantendo-o fértil.
Conversarmos sempre, dizer o quanto está bela, acompanhar seu crescimento e lá estarmos, emocionados, quando finalmente, novas pétalas nascerem no lugar das faltantes.
Quem sabe será nossa forma de devolver…
E se não pudermos restituir exatamente aquela flor por alguma razão, poderíamos cumprir nossa missão da mesma forma, com outras. Entendendo que nossa dívida é com a natureza como um todo.
[com base em crônica de Andrey Cechelero, no livro de Allan Kardec e na Redação do Momento Espírita]
Assim, se o arrependimento bater nas portas da nossa consciência, acolhamo-lo com a tranquilidade de quem reconhece que se equivocou, mas que deseja, sinceramente, refazer a lição com acerto.
E, para evitar arrependimentos futuros convém que façamos, no momento presente, o melhor que estiver ao nosso alcance.
A consciência é o guia seguro para nortearpi nossas atitudes, uma vez que nela estão inscritas as leis divinas.
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE
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