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Zimbo trio (1963-2013)

09/03/2019
Zimbo trio (1963-2013) | Jornal da Orla

Amilton Godoy (piano), Luiz Chaves (contrabaixo) e Rubinho Barsotti (bateria) fizeram parte da formação original do Zimbo Trio, formado em 1964 em São Paulo, e que se tornou uma das maiores instituições da nossa música. 

 

Digno representante paulistano do samba jazz, surgido na fase áurea da Bossa Nova e que conseguiu unir a MPB ao Jazz, esteve ativo até o ano de 2013. 

 

Foram 49 anos de uma história rica e com excelentes serviços prestados à boa música, mais de 50 discos lançados, reconhecimento mundial, excursões de sucesso por diversos países dos cinco continentes, levando sempre na bagagem a música instrumental brasileira.

 

Por uma questão jurídica, agora se chama Amilton Godoy Trio, liderado pelo pianista, único remanescente da formação original.

 

O Zimbo Trio, na sua trajetória, se caracterizou por apresentar uma sonoridade diferente, qualificada e de vanguarda, traduzidas nos seus arranjos sempre surpreendentes. 

 

O selo Discobertas, dirigido pelo pesquisador Marcelo Fróes, lançou um box sensacional com os 6 primeiros discos gravados do Zimbo Trio, editados na época pela gravadora RGE, no período de 1964 e 1969. São eles: Zimbo Trio (1964), Zimbo Trio Volume 2 (1965), Zimbo Trio Volume 3 (1966), É Tempo de Samba – Zimbo Trio + Cordas (1967), Zimbo Trio + Cordas Volume 2 (1968) e Decisão – Zimbo Trio + Metais (1969).

 

Verdadeiras preciosidades que agora estão à disposição de todos, totalmente remasterizados, relançados com suas capas originais. Mais que um documento, um projeto que resgata um dos períodos mais importantes da história do grupo e da nossa música. Não é preciso nem dizer que o repertório contido nos 6 discos está recheado de tesouros, revelando, com detalhes, todas as possibilidades sonoras alcançadas, inclusive com o acréscimo das cordas e dos metais.

 

E, por todas estas características, podemos dizer que o Zimbo Trio conseguiu atingir o ambicioso objetivo de fazer música brasileira de qualidade, com toques de modernidade e sofisticação, muito além de ser um simples trio de acompanhamento.  

 

Fora dos palcos, o Zimbo Trio realizou uma dos maiores legados de sua vitoriosa carreira, quando, em 1973, fundou em São Paulo o Centro Livre de Aprendizagem Musical – CLAM, que foi e é, ainda hoje, responsável pela formação musical de diversas gerações de músicos. 

 

E, para encerrar, uma curiosidade: o termo Zimbo significa boa sorte, felicidade e sucesso. Ingredientes fundamentais que o Zimbo Trio conseguiu ter em sua bela trajetória musical. Com merecimento e muito talento. Nossa eterna reverência!

 

 

Chega de Saudade – “The Best Of Bossa Nova”


A leitura do livro “Chega de Saudade” (1ª. Edição em 1990 e outras 2 atualizações – Companhia das Letras) é obrigatória para aqueles que querem conhecer as histórias verdadeiras da Bossa Nova, contadas por aqueles que verdadeiramente a viveram. E não apenas pelos seus protagonistas principais, os músicos. 

 

A ideia genial do livro e deste CD (EMI – 1993) é de autoria de Ruy Castro, uma das maiores autoridades sobre o tema. 

 

Então, como ele mesmo diz “leia o livro, escute a música”. E recomendo também a leitura dos seus outros livros musicais “Saudades do Século XX” (1994), “Ela É Carioca” (1999), “A Onda Que Se Ergueu No Mar” (2001), “Rio Bossa Nova” (2006) e “Tempestade De Ritmos” (2007).

 

O ponto de partida do CD é a antológica gravação de “Chega de Saudade”, de João Gilberto, datada de 10 de julho de 1958 e que é considerada como marco inicial da Bossa Nova. 

 

Depois dela, tudo aconteceu e acontece até os dias de hoje. E mais “Samba de Verão” com Marcos Valle, a primeira gravação de “Garota de Ipanema” com Pery Ribeiro, “Influência do Jazz” com Carlos Lyra, “Menina Feia” com Roberto Menescal, “Você” com Milton Banana Trio, “Estamos Aí” com Leny Andrade, “A Rã” com João Donato e também “A Noite Do Meu Bem” com Lúcio Alves, a quem Ruy Castro dedicou este disco. 

 

Podemos encontrar também outros grandes nomes como Sylvia Telles, Dick Farney & Claudete Soares, Doris Monteiro, Roberto Paiva, Norma Bengell e Bossa Três.

 

E como Ruy Castro diz no encarte do disco, “Como a Bossa Nova conseguiu esta façanha? Pela qualidade de sua música – e há 22 provas disto neste CD – e dos artistas que a eternizaram”. 
Um CD histórico e obrigatório para aqueles que amam a Bossa Nova.

 

 

A Onda Que Se Ergueu No Mar – “Novos Mergulhos Na Bossa Nova”

Em 2001, Ruy Castro lançou este livro pela Editora Companhia das Letras e no ano seguinte (2002), assim como fez anteriormente, lançou a versão musicada do livro num CD duplo com 28 faixas. Reuniu lindos temas gravados nas décadas de 50 e 60 e outros gravados recentemente.

 

E nos discos podemos constatar que a Bossa Nova está mais viva e atualizada do que nunca. É atemporal, não é do passado, nem do presente. É para sempre. E a seleção do disco foi mesclada pelos nomes tradicionais com os novos nomes do gênero.

 

A seleção de temas do disco um abre com “Wave” com “Os Cariocas” e depois destaco “Two Kites” com Mario Adnet, “Eu Gosto Mais Do Rio” com Nara Leão, “Tem Dó” com Rio 65 Trio, a belíssima “Tristeza De Nós Dois” com Emílio Santiago, “E Nada Mais” com Os Gatos, “Ela É Carioca” com Quarteto Jobim-Morelenbaum e “Danielle” com o incrível Tamba Trio entre outros.

 

Já o disco dois abre com “Captain Bacardi” com Antonio Carlos Jobim, e depois destaco “Lindúria” com Ed Motta, “Aquarela Do Brasil” com Ithamara Koorax e Eumir Deodato, “Coisa no. 8” com Moacir Santos, “Leduscha Com Diamantes” com Celso Fonseca e Ronaldo Bastos e muito mais.

 

Uma ideia genial e que deveria ser seguida pelas Editoras e pelos autores de livros que falem sobre música.