Enoleitores,
Nem todos os vinhos que compramos devem ser bebidos logo, vai depender de sua vinificação e estilo.
Os vinhos vinificados no aço inox, sem passagem por madeira devem ser bebidos sem esperar, ou seja, melhor não deixar guardado por muito tempo na adega, pois não vão mudar muito daquilo que se apresentam ao entrar no mercado. São vinhos elaborados com esta finalidade, consumo jovem, programados para o equilíbrio recente e não vão evoluir, mantendo-se os mesmos.
Quando falamos em guarda de vinhos, nos referimos a vinhos elaborados com todo o cuidado, desde a escolha das uvas, processo de vinificação e, principalmente, sua passagem por barricas de carvalho. Este processo vai agregar aromas e sabores que irão evoluir com o passar dos anos.
Vinhos de guarda tintos vão se tornando mais macios do que quando foram engarrafados. Sua coloração vai passando de vermelho rubi granada para violáceo e depois para vermelho telha. Podem ter mais sedimentos na garrafa – popularmente chamados de borra. Nos aromas e gustativo, eles evoluem bastante, tornando-se mais ricos em complexidade. É quando aparecem os considerados aromas secundários e terciários, como notas de madeira, couro, chocolate, tostados, defumados, café, tabaco, trufas, etc.
Os vinhos brancos também possuem guarda quando descansam em barricas. Sua tonalidade de cor escurece, passando do amarelo verdeal, aos dourados, podendo chegar até o âmbar. É possível aparecer algum sedimento, apesar de mais raro que nos tintos. No olfativo e no paladar, a acidez e frescor da juventude vão se desenvolvendo para aromas mais suaves e evoluídos, podendo surgir algumas notas de frutas secas, mel, manteiga, baunilhas, caramelo, compota de frutas, tostados e defumados, entre outros, dependendo de suas uvas.
Vinhos que costumam envelhecer bem são os brancos ou tintos franceses, como os dos bons Châteaux de Bordeaux, Borgonha, Châteauneuf-du-Pape e champanhes safrados. Da Itália, os bons Barolos, Barbarescos, Brunello di Montalcino, Chianti Clássico Reserva e bons Amarones. Da Espanha, os Rioja e Ribera del Duero Gran Reserva também evoluem muito bem.
Devemos incluir os vinhos de sobremesa como sauternes, jerez, alguns tipo de porto, madeira e moscatel de setubal, e não podemos deixar de citar os bons tokay da Hungria.
Há também alguns vinhos do Novo Mundo que valem a guarda. Entre tantos, o Grange da Penfolds, Austrália; o Opus One, da Califórnia; o Alma Viva e Don Melchior Chilenos, entre outros, que tornam-se melhores numa guarda de mais de uma década.
Vinhos passados por madeira devem ter seu prazo de descanso respeitado, desde que guardados numa adega na temperatura adequada, possibilitando-nos sentir um prazer maior ao degustá-los.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!