Tenho encontrado muitas pessoas que me dizem que leem esta coluna e, aos poucos, estão se interessando por este vasto universo. É para elas que hoje vou falar um pouquinho da cultura do vinho, para que possam ir escolhendo o que beber e sentir o prazer e satisfação, tanto no vinho, como na combinação com a gastronomia, pois, se soubermos escolher adequadamente tanto o prato quanto o vinho, tornam-se mais saborosos.
Nas escolhas, consideramos as diferentes regiões vinícolas do mundo do vinho. Temos como tradição o Velho Mundo (Europa), que costuma apresentar uma vinificação mais clássica. Temos também os vinhos do Novo Mundo (todas as novas regiões vinícolas), entre elas, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, entre tantas outras.
Dentre os diferentes tipos, há os elaborados com uma única casta, isto é, apenas um tipo de uva, aos quais chamamos de varietal. Há os vinhos elaborados a partir de uma mistura de diferentes tipos de uvas, aos quais chamamos de vinhos de corte, em português (em inglês, denomina-se “blend” e, em francês “assemblage”). O corte mais famoso que aparece nos grandes vinhos é o corte bordalês. Proveniente de Bordeaux (França), esse corte geralmente é composto por uma mistura das uvas cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc – esta última pode variar, ou pode-se introduzir alguma outra junto, mas todas precisam ser provenientes da região de Bordeaux.
Os vinhos passam por vinificação, geralmente em tonéis de aço inox, embora haja exceções, e depois engarrafados e vendidos direto para o consumo: chamamos a estes de “vinhos jovens”. Outros, principalmente no Velho Mundo, são engarrafados após um determinado tempo de descanso em barricas de madeira e depois guardados em garrafas, até estarem prontos para irem ao mercado, o que pode levar até dois ou mais anos. As barricas de madeira nas quais os vinhos descansam costumam ser de carvalho francês, mas também são usados o esloveno e o americano. Essa passagem por madeira influencia na maturação, acrescentando aromas e sabores, agregando bons resultados ao produto final. Isso varia de acordo com a procedência do carvalho e o tempo de maturação na madeira, assim como nas garrafas.
Os vinhos gaseificados, proveniente de fermentação natural na garrafa, são chamados de espumantes (o nome “champanhe” é apenas para vinhos vinificados na região de Champagne, França). Assim como “prosseco” são apenas os vinhos vinificados nessa região do Veneto (Itália). Os espumantes podem ser elaborados pelo método charmat, isto é, em grandes cubas de inox, ou pelo método tradicional (champenoise), no qual, após a vinifinicação, há uma segunda fermentação na própria garrafa.
Os vinhos que são gaseificados artificialmente são chamados “frizantes”, como é o caso do Lambrusco que a gente encontra aqui nos mercados. Tradicionalmente, costumam ser vinificados a partir das uvas tintas. Atualmente, são elaborados com a mistura de uvas brancas e tintas.
Há também os vinho de sobremesa, que costumam ser mais adocicados devido à colheita tardia, ou também botritizado (quando a uva é mordida por um determinado inseto e se torna uva passa). Entre os de sobremesa mais comuns, encontramos os fortificados, que recebem aguardente viníca em sua elaboração. Entre eles, destacam-se o vinho do porto, o jerez e o marsala.
Espero ter conseguido passar uma breve noção sobre este universo, que, de tão vasto, a cada dia que se aprende um pouquinho percebe-se o quanto ainda temos para aprender! Simples assim…
Enoabraços e uma ótima semana a todos!