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Jejum intermitente: funciona ou faz mal?

28/01/2017 Da Redação
Jejum intermitente: funciona ou faz mal? | Jornal da Orla
Na luta contra a balança, muita gente recorre aos mais variados, criativos e até esquisitos métodos para emagrecer. A novidade do momento, que vendo sendo adotada por várias pessoas e dividindo especialistas, é o chamado jejum intermitente. Contrariando o que preconiza a maioria das dietas, ele consiste em não ingerir nenhum tipo de alimento por longos períodos. Sem o consumo de nenhum alimento, o organismo retiraria a energia necessária para as atividades cotidianas das reservas de gordura corporal. Mas o jejum realmente funciona para quem deseja emagrecer ou é uma aposta arriscada?
 
A nutricionista Sinara Menezes explica que, ao contrário do que muitos pensam, o jejum intermitente não é algo novo e muito menos uma dieta. “Sua origem é, na realidade, tão antiga quanto a própria humanidade: antes de dominar a agricultura, o homem ficava longos períodos sem comer, pois precisava caçar e, portanto, não tinha alimento disponível a qualquer momento. Além disso, a prática é observada em muitas religiões milenares e culturas ancestrais, sendo para muitos um estilo de vida e uma forma de purificar a alma e, sobretudo, desintoxicar o corpo”, afirma.
 
Segundo a nutricionista, é preciso cautela, pois, quando se trata de emagrecer. “Não existe fórmula milagrosa. “É sempre preciso ter cuidado com o radicalismo, pois mudar profundamente os hábitos alimentares sem orientação médica, além de colocar a saúde em risco, propicia o efeito sanfona”, acrescenta.

Pode comer de tudo?
Ao contrário do que muitos pensam, a técnica não é um passe livre para comer em dobro ou compensar abusos ocasionais. Sendo assim, a pessoa que praticar qualquer um dos protocolos não pode simplesmente devorar uma pizza inteira ou um fast-food na “quebra” do jejum. A técnica aliada ao emagrecimento consiste em apostar em alimentos altamente nutritivos, porém com baixo índice glicêmico, ou seja, com menor efeito sob a glicemia. 
 
A base da dieta consiste no consumo de proteínas de alto valor biológico, como carnes, ovos e leites – capazes de aumentar a saciedade e evitar a fome durante o jejum – e em carboidratos considerados “leves” como legumes e vegetais, carboidratos refinados (pãozinho, massas, tubérculos ricos em amido e similares) são restritos, pois podem causar picos de glicose e por todo esforço a perder.
 
Os alimentos “permitidos” após o jejum podem variar de acordo com o objetivo e as necessidades nutricionais do indivíduo. Em alguns casos, gorduras saudáveis (abacate, oleaginosas, azeite extra virgem) são bem-vindas para melhorar o controle do apetite e até mesmo acelerar a queima de gorduras.

PROTOCOLOS
Quem defende o jejum intermitente recomenda “protocolos” que estabelecem quanto tempo a pessoa deve ficar sem se alimentar. Um detalhe interessante é que as horas de sono já contam como jejum:
 12 horas-  12 horas sem se alimentar e nas 12 horas seguintes se alimentar normalmente.
 16/8 horas- 16 horas sem se alimentar, com uma “janela” de 8 horas para as refeições diárias
 24 horas- uma refeição no dia, sempre no mesmo horário.
 
Restrições
Durante o jejum não é permitido comer nenhum alimento, pois a ingestão de quaisquer calorias já caracteriza a quebra da abstinência e a alteração da glicemia. Porém, para ajudar a adaptar o organismo e, até mesmo, controlar a fome, é permitido beber cafés e chás sem açúcar ou adoçante. Refrigerantes, sucos e outras bebidas com “zero calorias” são terminantemente proibidas. Beber água é fundamental. Uma dica para aqueles que não conseguem beber muita água é investir nos chás, que ainda podem turbinar o metabolismo, pois possuem o efeito termogênico, capaz de beneficiar a queima calórica. A  cafeína presente em determinados chás ajuda a melhorar o estado de atenção e a concentração para as atividades físicas.

Como engordamos?

Quando comemos, os alimentos são metabolizamos e disponibilizados como glicose (açúcar) no sangue. Aí entra a insulina: um hormônio produzido pelo pâncreas, responsável por carregar o açúcar para dentro das células que, por sua vez, aproveitam a glicose como energia. Mas nem sempre a insulina é capaz de captar toda a glicose circulante e a não captada pelas células é armazenado como reserva energética, principalmente na forma de gordura.
 
A nutricionista explica que isso pode acontecer tanto por uma alimentação desequilibrada, rica em carboidratos , quanto por disfunções metabólicas.
 
Segundo ela, episódios de hiperglicemia propiciam o acúmulo de gorduras, e é justamente isso que o jejum intermitente evita.  A justificativa do método é que, com constante oferta de glicose no sangue, o organismo não utilizaria as reservas, pelo contrário, apenas as aumentaria. A privação de alimentos por determinadas horas contribuiria para baixar e manter a glicemia sob controle, bem como utilizar a gordura armazenada.
 
Vale a pena apostar?
De acordo com a nutricionista Sinara Menezes é preciso ter cautela. “As pessoas buscam formas rápidas de emagrecer e não se preocupam com as consequências, o que pode causar grandes danos ao organismo e ainda propiciar a recuperação do peso futuramente. No caso do jejum intermitente, é fundamental buscar uma orientação médica, pois nem todos podem seguir a prática e muito menos se recomenda fazê-lo sem uma reeducação alimentar”.

Alternativas menos radicais
 Fracionar a alimentação: fazer em torno de 6 alimentações leves ao longo do dia;
 Reduzir os carboidratos: cortar os carboidratos refinados e substituí-los por aqueles ricos em fibras, como grãos e cereais integrais. As fibras auxiliam a promover a saciedade e a retardar a liberação da glicose no organismo;
 Turbinar o metabolismo: assim como no método, apostar em bebidas livres de açúcar e adoçantes, especialmente aquelas com efeito termogênico pode beneficiar os que lutam contra a balança.  Além de acelerar a queima de gorduras, alguns chás auxiliam no controle do apetite.