O escrete canarinho, como era chamada a seleção brasileira de futebol nos bons tempos em que o Brasil ainda era bom de bola, sempre teve jogadores com apelidos curiosos. Os tempos mudaram: o escrete agora é outro e a bola, também. Ela agora representa as propinas de uma quadrilha que saqueia o país. Na delação da Odebrechet lá estão eles: Caju, Missa, Gripado, Botafogo, Justiça, Primo, Angorá e Caranguejo; Misericórdia, Boca Mole e Todo Feio. Todos eles, é claro, apoiam o novo governo, cujo titular, Michel Temer, chamou Marcelo Odebrecht no Palácio do Jaburu – quando ainda era vice de Dilma – para pedir uma “doação” de R$ 10 milhões.
A delação da Odebrecht só começou e, quando terminar, governo e aliados terão mais nomes denunciados e enrolados que os 40 ladrões da lenda de Ali Babá. Esse é o Brasil de hoje. Sai uma quadrilha, com alguns dos chefões já na cadeia, e entra outra com vários candidatos a fazer companhia aos petistas em Curitiba.
Desespero no Congresso
Instaurado o clima de pânico no Congresso, os parlamentares, liderados por Renan Calheiros, estão fazendo o diabo para tentar barrar a Lava Jato. Mas a coisa não é tão simples assim, haja vista que a operação comandada por Sérgio Moro e Procuradores de Curitiba vai criando raízes em todo o país (Sérgio Cabral e sra. que o digam) e tem o apoio de 96% dos brasileiros, segundo recente pesquisa de opinião.
A Lava Jato tem outro importante aliado: as redes sociais promovem a indignação popular contra a corrupção e têm levado milhões de brasileiros às ruas. Os políticos contam com a complacência do STF, mas até quando os ministros da mais alta corte do país vão mostrar lentidão no julgamento de parlamentares que continuam saqueando a Nação?
STF na berlinda
Mantida a impunidade dos vigaristas travestidos de deputados, ministros e senadores, é bem possível que a ira das ruas se volte muito em breve contra o STF, o que colocaria em risco as próprias instituições democráticas.
O fato é que o atual governo está ameaçado. Michel Temer anda em más companhias, e faz tempo; se ficar comprovado que levou dinheiro da Odebrecht, como afirmou o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, só um milagre garantirá sua permanência no Palácio do Planalto até 2018.
Caju, Angorá, Caranguejo, Boca Mole e Todo Feio… Com esse time, definitivamente não pode dar certo.
Juíza rejeita contas da campanha de reeleição de Barbosa
A juíza eleitoral Thatyana Antonelli Marcelino Brabo reprovou as contas da campanha de reeleição do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Ela se baseou em parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), segundo o qual a candidatura teria recebido doação ilegal do secretáro municipal de Infraestrutura e Edificações, Ângelo José da Costa Filho. “Aludida situação é grave”, diz a decisão da juíza.
O prefeito afirma que não há nenhuma falha na prestação de contas da campanha eleitoral. “Todas as despesas e as receitas foram devidamente contabilizadas e não houve doações de nenhuma fonte vedada. O que existe é uma divergência da interpretação da lei, devido à complexidade da legislação este ano, mas isto está sendo esclarecido na fase recursal e, seguramente, esta situação será revista pelo Tribunal Regional Eleitoral”.
Os cegos da estrada e os de Brasília
A refrega envolvendo membros dos Poderes Legislativo e Judiciário lembra uma antiga fábula da Índia:
Cinco cegos vinham pela estrada quando se depararam com um elefante. O primeiro apalpou as costas do animal e concluiu: “o elefante é igual uma rocha”. O segundo abraçou uma das patas e sentenciou: “Você não sabe de nada, é como uma árvore. O terceiro puxou a rabo do animal e disse: “É um parente da minhoca”. O quarto apalpou a orelha e definiu: “É como uma folha de bananeira”. O quinto segurou a tromba e falou: “o elefante é como uma grossa mangueira”.
Em resumo: como as nobres eminências brasileiras, todos os cegos estavam certos e ao mesmo tempo errados. Os promotores e ministros do Supremo Tribunal Federal estão corretos quando reclamam que deputados e senadores desfiguraram o espírito do projeto de 10 Medidas contra a Corrupção, com emendas que favorecem a impunidade (mexem com o prazo de prescrição, as regras para acordos de delação premiada e a criminalização do enriquecimento ilícito, entre outros benesses).
Já os parlamentares, em especial o presidente do Senado, Renan Calheiros, também está correto ao combater os chamados supersalários (vencimentos acima do teto constitucional) e estabelecer regras para que se não cometam abusos de autoridade -do ministro do STF ao guarda da esquina.
O problema é o que os move a defender tais posições. São menos por conta do interesse público e mais para defender seus anseios pessoais. Parlamentares querem barrar investigações e, os de toga, manter privilégios. Só não vê quem não quer.
Deixe um comentário