
Fãs ardorosos dos militares ficaram entusiasmados com as medalhas conquistadas pela judoca Rafaela Silva (ouro) e o atirador Felipe Wu (prata). “São militares, mas a Globo não mostra!”, dizem os mais raivosos, incluídos aí os que defendem a volta da ditadura dos coturnos. Mas nem tudo é o que parece: os atletas só se tornaram militares como uma maneira de conseguirem mais condições para suas carreiras esportivas – e não por vocação.
Rafaela e Felipe são apenas dois dos 145 atletas militares que fazem parte dos 465 esportistas que integram a delegação olímpica do Brasil. Eles são beneficiários do Programa Atletas de Alto Rendimento, do Ministério da Defesa, que oferece bolsas de até R$ 3,5 mil mensais.
Trata-se, na verdade, de uma gambiarra de financiamento de atletas, uma vez que os outros programas de incentivo, o Bolsa Atleta e o Bolsa Pódio, possuem limites máximo de custeio por atleta. Além disso, os atletas utilizam centros de treinamentos em quartéis.
A experiência militar dos esportistas propriamente dita restringiu-se a um estágio. “Todos eles fizeram estágios. Fizeram marcha, patrulha, pista de corda, atiraram. Dura dois meses mais ou menos”, disse o general Augusto Heleno, diretor de comunicação e educação esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Já o ritual de bater continência, durante as cerimônias de premiação, não é apenas uma “recomendação”: está prevista no Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito, das Forças Armadas.
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