
O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), espera que o governo federal repasse os recursos necessários para o funcionamento do Hospital dos Estivadores. Em entrevista ao programa “Jornal da Orla na TV”, ele ressaltou que o governador Geraldo Alckmin garantiu que bancará metade do custeio. “O Estado está fazendo a sua parte, o que falta é o governo federal assumir a sua parcela de responsabilidade”, disse. Neste contexto, ele espera contar com o empenho dos deputados federais da região para obter os recursos necessários.
Jornal da Orla – Saúde, segundo todas as pesquisas, é a principal preocupação do cidadão, não só em Santos, mas no Brasil todo e, talvez, até no mundo. Prefeito, toda a região precisa de um hospital para minimizar os problemas de falta de leitos. Quando será inaugurado o Hospital dos Estivadores?
Paulo Alexandre Barbosa – O Hospital dos Estivadores faz parte de um grande projeto que a cidade vem desenvolvendo de restruturação da nossa rede de saúde pública. Primeiro, na Atenção Básica. Desde o início do nosso governo, nós tivemos o entendimento de priorizar a saúde. Tínhamos o projeto de entregar 10 novas policlínicas e fazer um trabalho na rede básica de saúde melhor estruturado. Já entregamos cinco este ano: o Morro Santa Maria, Caruara, Vila Nova, Bom Retiro e Monte Serrat. E vamos entregar mais cinco novas unidades até o final do ano. Temos aí o bairro da Aparecida, que vai receber uma nova policlínica ali na Avenida Pedro Lessa, onde era a antiga caixa d’água da Sabesp; temos no Morro do São Bento, também em obras; Jardim Piratininga; Alemoa e Areia Branca. Todas essas unidades serão entregues em um novo padrão de conforto para o usuário, climatizadas, mais espaçosas, com melhor infraestrutura para que o munícipe possa ser melhor atendido. Isso, na Atenção Básica. Na Urgência e Emergência, nós entregamos a UPA Central, unidade que realiza, todos os dias, mais de 700 atendimentos. Estamos construindo a UPA da Zona Noroeste, que vai substituir o Pronto-Socorro da Zona Noroeste. E vamos iniciar, no segundo semestre, a construção da terceira UPA, na Zona Leste, que vai substituir o Pronto-Socorro do Macuco. Todas essas serão construídas dentro do padrão da UPA Central já em funcionamento. Para qualquer política pública, é muito importante a avaliação da população. E nós procuramos fazer pesquisas de opinião, tanto nas unidades básicas como também nas UPAs, em relação à satisfação da população…
E o que as pesquisas mostram, prefeito?
Paulo Alexandre – Indicam mais de 90% de aprovação em todas as unidades de saúde: as novas policlínicas e na UPA Central. É muito importante, porque aponta que o caminho que a cidade vem adotando é o correto. Muitas vezes há um questionamento: ‘em um ano de dificuldade, de crise, de diminuição de orçamento, por que manter esses investimentos?’. A reflexão que nós fazemos é que, justamente em um momento de crise, quando as pessoas perdem seus empregos ou têm redução de seus salários para permanecer empregadas, é quando as pessoas precisam mais do poder público. Neste momento, as pessoas precisam cortar o orçamento e, muitas vezes, cortam o plano de saúde privado e a demanda de rede pública aumenta.
Muita gente perdeu o emprego, tirou o filho da escola particular, parou de pagar plano de saúde. Aumentou a demanda na saúde?
Barbosa- Aumentou muito. Nós tivemos um aumento, comparativamente ao mesmo período do ano passado, de 15% só na distribuição de medicamentos. Esse é um dado objetivo. Além disso, por Santos ser uma cidade-polo da Baixada Santista, nós temos atendido, de uma maneira ampliada, a demanda regional. Na UPA, 45% dos atendimentos são feitos para pessoas de fora da cidade de Santos, que procuram, no sistema de saúde de Santos – que é uma referência -, o atendimento. E, obviamente, nós temos que fazer esse atendimento. Nós não podemos perguntar se a pessoa é do município A, B, C ou D. Nós temos que abrir as portas e fazer o atendimento. E é isso que a gente vem fazendo. Então, Santos tem também uma responsabilidade regional. No Complexo Hospitalar Estivadores, vamos ter 223 novos leitos para atender Santos e toda a região. Vamos ter maternidade, que será a mais moderna, comparando com pública e privada de toda a Baixada Santista. É um prédio com uma estrutura moderna. Investimos o que há de melhor em termos de saúde para o Hospital dos Estivadores. Agora nós partimos para a fase do custeio. A alegação do Governo Federal, historicamente, é de que não existiam leitos na região para que pudessem ser comprados e disponibilizados pelo SUS. Hoje, há 223 leitos prontos para que o governo possa assumir o custeio. Estamos pleiteando, junto ao Governo Federal, o credenciamento do hospital, a habilitação do hospital no sistema SUS.
E isso significaria quanto em verbas mensais?
Barbosa- A tabela do SUS, como é defasada, com o credenciamento e pagando o valor cheio da tabela, responde por 50% do valor de custeio. Então, teríamos, com o credenciamento, metade do custeio.
Esse custeio é estimado em R$ 10 milhões/mês?
Barbosa- Nós temos três etapas de abertura. Na primeira etapa, R$ 4 milhões/mês. Na segunda etapa, R$ 8 milhões/mês e, na terceira etapa, que é a etapa plena, R$ 10 milhões/mês, com os 223 leitos em funcionamento. Um hospital desse porte vai sendo colocado em funcionamento gradualmente.
Como ficaria essa partilha? O Governo Federal teria que entrar com R$ 5 milhões, o Estado, com R$ 2,5 milhões e a Prefeitura com R$ 2,5 milhões?
Barbosa- Não. Na primeira etapa, de R$ 4 milhões, o governo do Estado já disponibilizou R$ 2,5 milhões. Então, o Estado já está fazendo a sua parte, e o governador assumiu o compromisso de se responsabilizar por 50% do custeio da unidade. O que falta é o governo federal assumir a sua parcela de responsabilidade: os outros R$ 50%. E, com isso, nós colocaremos o hospital em funcionamento na sua capacidade plena.
Como o governo interino do presidente Temer tem respondido a essa reivindicação?
Barbosa- É sabido por todos que há um déficit de leitos na Baixada muito significativo. Nós estamos com o hospital pronto sem um centavo do governo federal e estamos pedindo que ele assuma a sua parte: metade do custeio. A outra metade já está garantida pelo governador Geraldo Alckmin e nós vamos assinar o convênio até o final do mês, garantindo repasses regulares do Estado para funcionamento do hospital. Governar é escolher. Nós estamos diante de uma crise econômica. Não há nada mais relevante do que investir na saúde.
Neste momento, nós temos um deputado que é muito forte lá em Brasília, que é o Beto Mansur (PRB-SP). Ele participou do processo de impeachment como primeiro-secretário da Câmara Federal. É um homem bastante poderoso do governo Temer. O Beto Mansur vai ajudar?
Barbosa- Com certeza ele está se esforçando e nos ajudando nisso. Assim como os demais deputados, que se comprometeram com emendas parlamentares, o deputado João Paulo Tavares Papa (PSDB-SP), o deputado Marcelo Squassoni (PRB-SP), o deputado Beto Mansur. E, agora, nós precisamos do credenciamento. Nós estamos fazendo um movimento chamado ‘Estivadores é de todos’, que é suprapartidário. Eu encaminhei ofício a todos os 20 deputados federais mais votados na cidade, pedindo recursos de emendas parlamentares, que os deputados têm direito, para que a gente possa abrir o hospital. Encaminhei, também, expediente a todos os senadores, ao Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Aníbal (PSDB-SP) e Marta Suplicy (PMDB-SP), pedindo destinação de emendas – cada um tem direito – para que a gente possa abrir o hospital e fazer essa mobilização política, essa união de forças, para que os Estivadores possa abrir as suas portas. Esse é o nosso objetivo e eu estou trabalhando, desde o primeiro dia de governo, incansavelmente, para que isso possa ocorrer.
Confira a entrevista completa:
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