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Não há mocinhos, nem moral ou ética

07/04/2016
Não há mocinhos, nem moral ou ética | Jornal da Orla
Confesso que hoje em dia são pouquíssimas as atrações que me fazem ter aquele pensamento de que hoje é dia do “programa tal” e não posso perdê-lo.
 
Uma delas é a série “The Walking Dead”, da Fox, em que o que menos importa são os insaciáveis zumbis. A praga dos mortos-vivos criada por Robert Kirkman é um pano de fundo para testar os limites do ser humano – e onde ele pode chegar para defender a si mesmo e àqueles que o cercam.
 
Dos quadrinhos para a telinha, vemos um mundo apocalíptico onde tudo se permite em nome da sobrevivência. Não há mais regras, leis, moral ou ética (qualquer semelhança com os nossos Três Poderes é mera coincidência). O único que permanece preso a estes conceitos é Morgan (Lennie James), que ironicamente muita gente considera o personagem mais chato. 
 
A excelente sexta temporada, que terminou dia 3, teve um final polêmico. Um dos personagens do grupo de protagonistas morre, porém o telespectador fica sem saber quem foi, pois ele recebe golpes na cabeça e a perspectiva que temos é a mesma do personagem.
 
Um recurso discutível, pois apenas saberemos a resposta no início do sétimo ano, em outubro. Mas acho curioso as pessoas, principalmente os indignados, ficarem exprimindo raiva  e frustração em redes sociais por um mistério ter ficado no ar.
 
Os próprios produtores e o criador da série chamaram a atenção para aquilo que realmente importa no encerramento da temporada seis: a introdução de um novo vilão, Negan (Jeffrey Dean Morgan) e o fato de ele colocar o líder Rick (Andrew Lincoln) em uma posição de total subserviência, impotente para defender seu grupo.
Quanto à morte de seja lá quem for, por mais impactante que possa ser, trata-se de algo ao qual todos os personagens estão sujeitos. 
 
Aliás, outro detalhe que esta temporada deixou claro é a ausência de mocinhos. O comportamento de Rick e seu grupo não difere em nada das atitudes daqueles que surgem em seu caminho. É matar ou morrer (nossa, tô desconfiado que o Robert Kirkman andou por Brasília para buscar inspiração…).  Pois que venha mais “The Walking Dead” em outubro.
 
Acabou é? – Na contramão da série da Fox, terminou outra edição daquele programinha mequetrefe do qual um minuto já basta pra me fazer mudar de canal: o “Big Brother Brasil”. Se por acaso encontra o vencedor – ou vencedora – por aí, nem saberei de quem se trata.