Em entrevista ao programa Jornal da Orla na TV, o advogado Vicente Cascione argumenta que a classe política é reflexo direto do caráter da população. “O país tem um povo que pratica a pequena corrupção no seu dia a dia e escolhe os corruptos de primeiro escalão. No Carnaval, na maior crise, vai aos milhões sambar no pé, como se estivéssemos vivendo no melhor dos mundos”, pondera. “É um povo cuja ética é duvidosa em boa parte da população. É um país de Macunaíma. Seria esquisito se tivéssemos aqui um exemplo de democracia, de atividade política proba, de gente trabalhando pelo interesse público. Sai o ruim, entra o pior”.
 

Cascione demonstra ceticismo com o resultado prático das manifestações programadas para este domingo (13), contra a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. “É imprevisível, porque a classe média que reclama em conversas menores é medrosa para sair às ruas. Muitos têm a consciência da inutilidade, porque protesto de rua, quando não acaba de forma sangrenta e sem mártires, vira mais ou menos que nem aquele pessoal que vai atrás do trio elétrico”, analisa.
 

Em relação ao futuro da presidente Dilma, Cascione acredita que ela pode deixar o cargo. “Se Eduardo Cunha fosse limpo, com a força que ele tem, o governo Dilma teria caído. Mas ela ainda corre um grande risco, não pela Câmara, muito mais pelos fatos levados ao TSE, se ele aplicar a lei. Se o dinheiro sujo patrocina a campanha, o eleito tem que perder o mandato. Isso é regra em qualquer país civilizado. No Brasil, a regra é exceção e a exceção é a regra”, completa.