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Porto de Santos deve registrar novo recorde de movimentação em 2015

28/12/2015
Porto de Santos deve registrar novo recorde de movimentação em 2015 | Jornal da Orla
O ano de 2015 apresentou resultados muito positivos para o Porto de Santos. Entre eles, a movimentação de cargas que surpreende pela excelente performance, apontando para um total anual superior a 119,0 milhões de toneladas, mesmo em um cenário econômico desafiador. Esse resultado significará um crescimento de 4,3% sobre o recorde histórico registrado em 2013 (114,0 milhões de toneladas) e de 7,1% sobre 2014 (111,1 milhões de toneladas).
 
O diretor presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o complexo portuário santista, Alex Oliva, afirma que o Porto de Santos “demonstrou, mais uma vez, o seu desempenho diante de situações adversas, sustentado por seu histórico vínculo com o agronegócio brasileiro e na maturação dos significativos investimentos públicos e privados viabilizados nos últimos anos”.
 
Alex Oliva, explica que a atuação da Codesp foi centrada na viabilização de infraestrutura necessária para atender o crescimento na movimentação de cargas e na modernização de sua gestão, que envolveu, inclusive, sua transformação organizacional.  “A meta da diretoria para o próximo ano é dar continuidade a esse trabalho, investindo na infraestrutura de acesso, tanto terrestre quanto aquaviário, no reforço dos cais e no aprimoramento da gestão, a fim de estabelecer as condições adequadas para atrair os investimentos privados nos terminais portuários”, afirma o presidente.
 
Quanto à implantação de infraestrutura, o presidente Alex Oliva destaca os serviços de dragagem, obras no sistema viário e construção e reforma de cais que permitiram, ao longo de 2015, a manutenção do calado operacional do canal de navegação do porto em 13,2 metros nos trechos 1, 2, 3 e 4 (até as instalações da Brasil Terminal Portuário), atingindo uma profundidade medida de 15 metros e a normalidade na acessibilidade terrestre ao porto. Ressalta, também, a realização, em 09 de dezembro deste ano, do primeiro leilão do Programa de Arrendamentos de Áreas Portuárias da Secretaria de Portos (SEP) garantiu investimentos no Porto de Santos de R$ 2,066 bilhões. Seguirá para os cofres públicos R$ 430,6 milhões referentes ao valor da outorga a ser pago pelos futuros arrendatários. Para a Codesp será repassado R$ 1,027 bilhão em recursos pelo arrendamento ao longo de 25 anos de cada uma das três áreas leiloadas. Além disso, os arrendatários terão que fazer investimentos de R$ 608 milhões nas instalações arrematadas.
 
A primeira área leiloada, localizada na região de Ponta da Praia, movimentará granéis sólidos de origem vegetal. O consórcio vencedor foi o LDC Brasil, formado pelas tradings Louis Dreyfus  Commodities e Cargill. O grupo pagará R$ 303,069 milhões a título de outorga. A área localizada na região do Paquetá, destinada à movimentação de papel e celulose, foi arrematada pela empresa Marimex Despachos Ltda., que ofertou outorga de R$ 12,5 milhões. A terceira área leiloada está na região do Macuco e teve como lance vencedor R$ 115,047, oferecido pela Fibria Celulose.
 
Alex Oliva destaca, também, os estudos para identificação do perfil de navios que frequentarão o complexo portuário santista, visando futuras dragagens. O presidente explica que a empresa assinou contrato com a Universidade de São Paulo (USP), no último dia 21 de dezembro, para viabilizar os estudos sobre a atual configuração do canal de navegação do Porto de Santos e dragagem de aprofundamento, visando adequá-lo para receber navios de maior porte sem que haja transtornos à região.
 
Os trabalhos visam à avaliação da capacidade da atual configuração do canal de acesso,  o estudo do comportamento do canal com 15 metros de profundidade, a possibilidade geométrica para navegação de embarcações com 360 e 400 metros de comprimento , bem como quais as obras de proteção necessárias para evitar processos erosivos e deposição de sedimentos, objetivando otimizar o volume de sedimentos a serem dragados e as investigações das restrições que devem ser superadas para uma profundidade de 17 metros, bem como a capacidade máxima do canal em termos de atracações são os principais tópicos a serem abordados no estudo.
 
Para realização dos estudos, que envolverão recursos da ordem de R$ 10 milhões, serão viabilizados modelos matemático e físico. Este último envolve a construção de um modelo reduzido do canal e do estuário, para avaliar, inclusive, os efeitos da dragagem nas praias.
 
O diretor-presidente da Codesp disse que dentro desta negociação com a USP foi acordado que o modelo reduzido do estuário de Santos será construído em uma oficina desativada da Codesp. “Os cientistas poderão realizar experiências em escala reduzida neste modelo físico. Esta estrutura estará muito próxima do porto, permitindo uma interação entre o modelo reduzido e a realidade”, explica. “Faremos convênios com todas as outras universidades da Baixada Santista, para que haja aqui um grande laboratório, embrião de um centro de pesquisa para o Porto de Santos e para a região”, afirma o presidente.  Segundo Alex Oliva, o laboratório estará à disposição da cidade de Santos como um centro permanente de pesquisas.
 
Com este acordo de cooperação, nós vamos poder dar respostas aos nossos questionamentos. Alguns acham que o porto é o único responsável pelo assoreamento da Ponta da Praia. Isso não é verdade, mas o que vai dar resposta com muito mais embasamento é o estudo que será feito”, afirmou Alex Oliva. Ele explicou que a Codesp tem 45 dias para apresentar um primeiro relatório ao Ministério Público (MP). “No do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado com o MP, nós temos um acordo em duas etapas. A primeira era contratar o estudo. Acabamos de fazê-lo. A segunda, é entregar o relatório que ainda não será conclusivo mas que já trará luz ao problema do assoreamento na Ponta da Praia”.
 
Além da disponibilização da infraestrutura necessária ao bom funcionamento do porto, outro fator destacado pelo presidente foi a modernização da gestão portuária. Alex Oliva explica que a empresa está se estruturando para atuar com um novo modelo de gestão, objetivando aumentar os padrões de segurança, sustentabilidade e a qualidade dos serviços prestados, gerando benefícios sociais, retorno financeiro para seu custeio e investimentos. Através da implementação desse projeto da Secretaria de Portos (SEP), previsto para todas as companhias docas, a Codesp passou a atuar em 2015 com uma nova estrutura organizacional e sob novo estatuto.  Foram aprovados, ainda, pelo Conselho de Administração o Regimento Interno, contendo as atribuições de todas as áreas da empresa, e a proposta de novo Plano de Cargos Comissionados e Funções de Confiança (PCCFC), bem como seu encaminhamento ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest). O PCCFC define as regras para a ocupação dos cargos comissionados e funções de confiança e assegura  um plano adequado às necessidades da empresa. Além disso, foi aprovado o Regimento da Unidade de Segurança da Codesp, que consiste em um detalhamento maior da Superintendência da Guarda Portuária.
 
Infraestrutura
O diretor de Engenharia, Antonio de Pádua de Deus Andrade, explica que a construção do cais de Outeirinhos prosseguiu, praticamente encerrando o ano com a conclusão de trecho de 779 metros, desde as instalações da Marinha do Brasil até o T-Grão, garantindo mais um berço de atracação no novo cais.
 
“Os principais ganhos com a construção do cais, com uma nova configuração de alinhamento, são a possibilidade para atracação de navios de passageiros em trecho contínuo e uma estrutura compatível para permitir profundidade de 15 metros no local”, explica o diretor, comentando que além da possibilidade dos cruzeiros atracarem mais próximo do Terminal de Passageiros, beneficiando a logística do porto como um todo, fora da temporada, um novo cais com maior profundidade para operação comercial de cargas amplia a capacidade de movimentação do Porto de Santos, além de oferecer uma instalação moderna para atendimento às embarcações da Marinha.
 
A expectativa é que até o final de janeiro de 2016 estejam concluídos os  267 metros que perfazem o total de 779 metros, encerrando a segunda fase da obra. Os primeiros 512  metros foram entregues em  junho do ano passado (2014).
 
Outra obra relacionada à estrutura de cais  é a execução do projeto de recuperação de 1700 metros de cais entre os armazéns 12A  e 23.   Além da recuperação, a estrutura é redimensionada para garantir o aprofundamento do trecho para até 15 metros, permitindo ampliar a produtividade dos embarques de açúcar pelos terminais localizados naquela área.
 
Trata-se de uma obra que demanda uma logística afinada com os terminais da região, pois depende de janelas entre os períodos de atracação de navios para a execução dos serviços, além de condições meteorológicas e de maré. 
 
Os serviços envolvem a inspeção de cerca de 3.500 estacas sob a laje do cais as quais, em alguns trechos dos 1.700 metros, chegam a apresentar 90% delas com algum nível de comprometimento. Além da recuperação dessas estacas, a realização do chamado jet-grouting garantirá  o reforço da estrutura do cais a partir da perfuração e injeção de colunas de concreto com perfil metálico junto a beira do cais, permitindo o posterior aprofundamento dos berços para atracação de navios de maior porte. As obras seguem mais concentradas no trecho de 630 metros entre os armazéns 12A e 15, com previsão de conclusão do jet-grouting  e de recuperação de 60% nas estacas nessa extensão.
 
Dentre as intervenções de reforma e recuperação, destacam-se os serviços executados em píeres, ponte de acesso e tubovias do Terminal de Granéis Líquidos da Alemoa. Com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2016 e cerca de 75 por cento dos trabalhos já executados, a conclusão dos serviços permitirá o aprofundamento dos quatro berços do terminal para até 14 metros. As obras já foram concluídas  nos píeres 1 e 2 e seguem nos demais berços. O serviço envolve recuperação estrutural de estacas e laje, além da reforma e ampliação estrutural de dolfins de amarração e atracação.
 
Sistema Viário – Quanto às obras destinadas à melhoria do sistema viário interno do Porto de Santos, o destaque fica com a primeira etapa de remodelação do trecho Alemoa/Saboó. Abrangendo uma extensão de 900 metros, o projeto prevê a execução de duas pistas com mão dupla e total de quatro faixas de rolamento. A grande vantagem dessa intervenção no viário, além de vias estruturadas para a atual carga que os veículos demandam e modernas instalações de drenagem, iluminação e sinalização, é a implantação de um acesso exclusivo ao trânsito de passagem, sem conflitar com o tráfego de veículos dedicados aos terminais daquela região. “Com a segregação entre veículos que se destinam àqueles terminais e os que entram e saem do porto, eliminamos um significativo gargalo ao escoamento de cargas em Santos”, garante o diretor de Engenharia. A obra tem previsão de atingir 25 por cento do total executado até o final deste ano.
 
Outro destaque quanto à remodelação do viário interno do Porto de Santos é a execução das obras e serviços de readequação da Avenida Perimetral da Margem Direita, no trecho entre o canal 4 e a Ponta da Praia. O empreendimento já tem contrato assinado e aguarda apenas a emissão da Licença de Instalação, a chamada LI, pelo Ibama, para assinatura da primeira Ordem de Serviço.
 
O ponto de destaque do empreendimento é a construção de viaduto em forma de “Y”, projetado para eliminar conflito entre os segmentos de carga conteinerizada e granéis sólidos de origem vegetal, bem como dar maior fluidez ao tráfego urbano. A obra de arte parte da  Avenida Mário Covas, com 2 faixas de rolamento em cada sentido, e vai com gabarito de altura de, no mínimo 6,5 metros.  O prazo para execução é de 30 meses. Com o empreendimento, as linhas férreas de acesso ao Corredor de Exportação de Granéis Sólidos de Origem Vegetal, que hoje passam no meio de terminais, serão transladadas para junto da Avenida Mário Covas.
 
O projeto inclui a disponibilização de quatro linhas férreas, a fim de favorecer a utilização do modal ferroviário, permitindo o adensamento de áreas naquela localidade. Por outro lado, o viaduto eliminará o conflito rodoferroviário naquela região, bem como as filas de caminhões transportando contêineres que se formam na Avenida Mário Covas.
 
2016
Diante do cenário econômico nacional e internacional esperado para 2016 e com base nas informações fornecidas pelos terminais portuários, projeta-se para o próximo ano um movimento em torno de 119,6 milhões t, um crescimento de 0,5% sobre aquele projetado para 2015. Para a carga geral foi estimado aumento de 1,39%, para os granéis líquidos 0,22% e para os granéis sólidos uma retração de 0,07%.
 
Setores mais vinculados ao desempenho do nível de atividade interno, como os de granéis líquidos e cargas conteinerizadas, tendem a apresentar um desempenho mais próximo à estabilidade em relação a 2015, com o aumento das exportações sendo compensado pela provável retração das importações.
 
Beneficiadas pela elevação dos preços internos e pela demanda internacional ainda elevada, que alimentam a perspectiva de nova safra recorde, as exportações de soja tendem a crescer, significativamente, em 2016. A estimativa mais recente da Conab para a safra 2015/2016 é de novo recorde na produção de grãos, que deverá situar-se entre 208,6 milhões t e 212,9 milhões t, um acréscimo de até 2,1% em relação à safra 2014/2015, com destaque para o desempenho da soja, com crescimento estimado entre 5,1% e 6,8% (entre 101,1 milhões t e 102,8 milhões t).  A perspectiva para o milho, entretanto, é de baixa, mesmo porque 2015 foi um ano de desempenho histórico dessa commodity.
 
As projeções da Codesp levam em conta um cenário internacional favorável à expansão do comércio mundial de bens e serviços, com um crescimento estimado em 4,1%, contra 3,2% previsto para 2015, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
Na visão do FMI, as economias avançadas devem apresentar uma pequena aceleração no crescimento em 2016, principalmente nos Estados Unidos, mas as perspectivas de médio e longo prazos permanecem restritas devido a uma combinação de baixo investimento, demografia desfavorável e fraco crescimento da produtividade. Por outro lado, o significativo declínio no preço do petróleo e de outras commodities favorece a elevação do consumo nestas economias.
 
Para os países emergentes e em desenvolvimento, o FMI também estima uma aceleração do crescimento em 2016, refletindo um quadro menos recessivo em economias fortemente afetadas em 2015 (incluindo Brasil, Rússia e alguns países da América Latina e Oriente Médio). Para a China é previsto a manutenção da trajetória de desaceleração gradual, com um crescimento estimado em 6,3%, ante 6,8% em 2015.
 
Fluxo de navios
Após um pequeno recuo na consignação média, observado em 2014, o Porto de Santos voltou a apresentar incremento no volume médio de carga transportada por navio em 2015, devendo passar de 22.516 t/navio para 24.262 t/navio, um crescimento de 7,76%. Essa performance é resultado das intervenções realizadas pela Autoridade Portuária e pelos terminais visando à manutenção do calado operacional do porto em 13,2 metros e a continuidade das obras de compatibilização de berços e bacias de evolução, incentivando a presença de navios de maior capacidade.
 
Outros fatores favoráveis à elevação da consignação média foram a maior demanda pelos embarques de granéis sólidos (especialmente milho, soja e açúcar) e o aumento no porte dos navios dedicados ao transporte de contêineres, cuja consignação média aumentou em 10,63% até outubro.
 
Para 2016 é esperada a continuidade das intervenções, objetivando a manutenção da profundidade do canal e a adaptação dos berços de atracação. Por outro lado, não são esperadas mudanças significativas no perfil dos navios que frequentarão o complexo santista, nem no volume total de cargas movimentadas. Assim, estima-se que o fluxo de navios atracados fique praticamente estável, elevando a consignação média para o patamar de 24.383 t por navio (alta de 0,5% em relação a 2015).