Digital Jazz

Séries de TV e o Jazz

21/09/2015
Séries de TV e o Jazz | Jornal da Orla
Nesta semana vou destacar as séries de TV, que também têm o Jazz como grande aliado. Ou seja, uma mistura perfeita e muito desejada.
 
A Série de TV que mais me marcou foi Batman, e seu tema de abertura até hoje é referência musical. E todos os temas da série tinham o Jazz como base das composições. A trilha original foi composta nos anos 60 pelo trompetista de Jazz, Neil Hefti, que também esteve ao lado das orquestras de Count Basie e Woddy Herman.
 
Outros compositores de trilhas de séries da TV merecem destaque. O primeiro é Henry Mancini, considerado como um dos maiores compositores de trilhas sonoras de todos os tempos. E que teve na sua adolescência o privilégio de trabalhar na Orquestra de Glenn Miller. As suas principais trilhas: “Os Detetives”, “O Vigilante”, “Mr. Lucky” e “Peter Gunn”.
 
Outro compositor que merece destaque é Nelson Riddle, que foi um dos mais notáveis arranjadores do jazz entre os anos 50 e 60 e assinou trilhas de sucesso como: “Emergência”, “Os Intocáveis” e “Rota 66”.
 
Lembro também das séries  “Missão Impossível” (Lalo Schifrin), “Perry Mason” (Fred Steiner) , “Havaii Five-O” (Mort Stevens), “The Tonight Show” (Steve Allen), “Chips” (de John Parker), “Baretta” (Dave Grusin e Morgan Arnes), “Msquad” (Count Basie), “Asphalt Jungle” (Duke Ellington).
 
Outra série inesquecível para mim é “A Gata e o Rato”, com grande destaque da bela atriz Cybill Sheperd ao lado de Bruce Willis. Inclusive, ela se revelou como grande cantora de Jazz, gravando na trilha sonora original da série os temas “Blue Moon” e “I Told Ya I Love Ya, Now Get Out”, ao lado de uma super Big Band. Dois temas incríveis e que contaram com uma “performance” impecável e marcante da atriz.
 
Para finalizar nossa viagem no tempo, destaco a série “Pan Am”, exibida pouco tempo atrás pelo canal a cabo Sony, inclusive já destacada aqui na coluna e que reuniu uma grande seleção de clássicos do Jazz interpretados por Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Dinah Washington, Shirley Horn, Peggy Lee, Bobby Darin, Count Basie, e até os nossos “BossaNovistas” João Gilberto e Sérgio Mendes entre outros.
 
Comece a reparar que o Jazz está em todos os cantos e graças à exibição de várias destas séries ainda nos dias de hoje, acredito que muitos apreciadores do Jazz serão mantidos e muitos outros novos serão conquistados.
 
Talvez você não tenha nem reparado, mas o Jazz se fez e se fará sempre presente nos nossos momentos de lazer e de relaxamento na frente da TV. Divirta-se e curta sem moderação um dos gêneros musicais mais incríveis do planeta.
 
 

Antonio Adolfo – “Tema”
 
 
O pianista, compositor, arranjador e produtor carioca Antonio Adolfo celebra 50 anos de carreira de uma forma muito especial.
 
Lançou pelo seu selo independente AAM Music para o mercado americano, distribuído aqui no Brasil pela Rob Digital, o 24º disco que referenda uma trajetória musical de absoluto sucesso, reunindo suas principais composições, num resumo que vai desde a década de 60 até os dias de hoje.
 
No total, são mais de 200 músicas compostas por ele, algumas já gravadas por Elis Regina, Emilio Santiago, Wilson Simonal, Angela Rô Rô, Stevie Wonder entre outros grandes nomes.
 
E ele sempre esteve à frente do seu tempo, quebrando paradigmas, sendo um dos pioneiros aqui no Brasil da produção independente, rompendo corajosamente, há mais de 40 anos, com o monopólio voraz das grandes gravadoras.
 
A inspiração para o nome do CD veio do fonema utilizado pelos instrumentistas para definir uma melodia que servirá de base para um improviso. Bela sacada.
 
Reuniu-se em estúdio com os geniais Marcelo Martins nos sopros, Leo Amuedo na guitarra, Claudio Spiewak no violão, Jorge Helder no contrabaixo, Rafael Barata na bateria e Armando Marçal na percussão.
 
Vários ritmos brasileiros podemos ouvir no disco, como o baião, toada e o forró, recheados de inspirados improvisos e com citações do Jazz e da Bossa Nova, influências que estão presentes no seu DNA musical.
 
Os temas “Alegria For All”, “Natureza”, “Sambojazz”, “Alem Mares”, “São Paulo Express” e “Todo Dia” se destacam pelos criativos arranjos e pela diversidade sonora.
 
O mais curioso é que o pianista assumiu que a maturidade lhe possibilitou rever  as suas antigas composições, que ganharam novas criações, inclusive com mudanças nas harmonias, ritmos e até nas melodias. É o grande diferencial deste belo trabalho.
 
Parabéns Antonio Adolfo pelo raro talento, ousadia e por nos presentear com mais um disco que transborda uma musicalidade bem brasileira, no meu entender, imbatível e sempre muito bem-vinda.
 
 
Camilla Inês – “The Rythm Of Samba”
 
 
A talentosa e surpreendente cantora, radicada em Brasília, Camilla Inês, é uma das gratas surpresas da cena vocal brasileira da atualidade. Sua voz é muito elegante e suave, sempre gostosa de ouvir.
 
Lançou este ano o segundo CD de carreira, de forma independente e que contou com uma apresentação muito bonita e de extremo bom gosto.
 
Outro detalhe muito especial deste trabalho foi a honrosa parceria de Camilla Inês com o gigante da Bossa Nova, Roberto Menescal, que a fez descobrir seu talento também como letrista. 
 
“Menesca” enviou uma música e disse que caberia a ela criar a letra para aquela canção. E assim nasceu “Talvez Eu Te Encontre Por Aí”, a primeira canção desta parceria. Sem nenhuma dúvida a coloco como a minha canção favorita do disco.
 
A parte musical contou com o genial Cristovão Bastos no piano e nos belos arranjos e o baterista e percussionista Misael Barros, também assinou a produção musical do disco ao lado de Camilla Inês, que contou com as participações de João Lyra no violão, Oswaldo Amorim e Jean Elton no contrabaixo acústico, Moisés Alves no flugelhorn, Carlos Pial na cuíca, surdo e efeitos e Ed Staudinger nos teclados.
 
Destaco os outros temas “O Cartola Falou”, “Melhor Entender”, a faixa título do CD “The Rhythm Of Samba” e “Indecisão”.
 
Mais uma prova de que a música brasileira está viva e revigorada. E o ponto de equilíbrio, atingido por Camilla Inês, nos enche de esperança de que ainda temos música qualificada sendo produzida e difundida no país.
 
É muito prazeroso ver a levada marcante do Samba indo na direção do Jazz e da Bossa Nova. É notável ver a integração dos gêneros musicais de uma forma harmônica e natural. E essa mistura, sem qualquer tipo de preconceito, me agrada demais. Viva !!!