
A imagem de Nossa Senhora desceu o morro no domingo, 30 de agosto, e desde então a peregrinação de fiéis à Catedral aumenta a cada dia. Pessoas de várias idades, classes sociais, nível cultural se identificam na crença que professam.
Levam flores, acendem velas, beijam a fita ligada à imagem milagrosa, deixam mensagens com pedidos à santa, oram. No início da noite, a novena, que este ano tem como tema ‘Maria, a Escolhida de Deus’, é a hora de maior movimento. “Não perco um dia. Quando eu era criança, no dia da festa eu subia o morro com o meu avó”, conta Ana, uma senhorinha de 79 anos moradora do Marapé. Na última quinta-feira, Afonso, que reside no Morro São Bento, também aguardava ansioso o início da novena. “Quando estou doente, faço promessa e ela sempre me ajuda”, disse o homem de 71 anos referindo-se à sua santa de devoção.
Tanta fé encontra respaldo nos incontáveis milagres atribuídos a Nossa Senhora do Monte Serrat desde o século XVII, tempos de invasões corsárias. Na capela simples no alto do morro, uma sala, conhecida como “dos milagres”, tem de tudo um pouco: fotografias, pernas e braços de gesso, vestidos de noiva, cadernos escolares, tudo em agradecimento a graças recebidas.
Segundo a tradição, teria sido um pastor que encontrou, na Catalunha, numa área deserta, uma imagem da Virgem Maria com o menino, dentro de uma caverna. A região tem um relevo muito especial, estranho, de rochas agudas que lembram, no horizonte, os dentes de uma gigantesca serra de cortar. Daí o nome de Monte Serrat.
Em Santos, o Monte Serrat recebeu essa denominação apenas em 1604, por ordem do então governador Dom Francisco de Souza, espanhol devoto da santa, que também é padroeira de Barcelona. Um dos primeiros milagres teria ocorrido em 1614, quando o corsário holandês Joris von Spielbergen invadiu a Vila de Santos e parte da população fugiu para o morro. Ao tentar persegui-la, os corsários foram soterrados por terra e pedras que caíram da montanha.
Nossa Senhora do Monte Serrat tornou-se Padroeira de Santos por lei sancionada pelo prefeito Antônio Feliciano em 1954. Em 8 de setembro de 1955 foi coroada cerimoniosamente.
A tradição que se perdeu
Em seguida, procissão com a imagem de Nossa Senhora até o Paço Municipal, onde haverá a renovação da consagração da Cidade a Nossa Senhora do Monte Serrat, retornando para o Santuário.
No alto do morro, haverá missa campal às 16h e missa solene às 19h. A recepção à imagem no monte será recebida com festa: às 19h tem dança espanhola e, em seguida, show do grupo de samba Algo Mais. Uma quermesse é realizada a partir das 20h.
A subida da colina, no centro da cidade, começa junto à famosa Fonte do Itororó. Ao longo da íngreme escadaria de 415 degraus, 14 nichos narram a Via Crucis. Feitos em granito, com imagens em relevo de bronze, eles seguem o estilo colonial e foram esculpidos em 1939, por Marino Del Fabero, e fundidos no metal por Metelo Benedetti.
Pode-se alcançar o topo do monte pela escadaria, chamada Caminho Monsenhor Moreira, ou de bondinho funicular, sistema inaugurado em 1927. Lá em cima, além do Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat, construído no início do século XVII, encontra-se o prédio do antigo cassino, de cujo terraço é possível ver toda a cidade e partes de Vicente de Carvalho e Guarujá.
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