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Ministro destaca importância do SUS para a saúde dos brasileiros

15/08/2015 Jornal da Orla
Ministro destaca importância do SUS para a saúde dos brasileiros | Jornal da Orla
Em entrevista ao programa Jornal da Orla na TV, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, destacou a importância do SUS – o sistema público de saúde que atende a milhões de brasileiros. Ele reconheceu que o sistema precisa melhorar e, que, como saúde custa caro em todo o mundo, disse que a sociedade brasileira vai ter de discutir e decidir o que é melhor para ela. O ministro também destacou a importância do programa Mais Médicos e revelou que o governo federal vai investir em campanhas e ações preventivas para enfrentar o tabagismo e controlar o uso abusivo de álcool e outras drogas e, ainda, do sal e do açúcar. Sobre a difícil situação financeira da Santa Casa de Santos, afirmou: “Ela não pode fechar”. Segundo o ministro, a Santa Casa de Santos e outras Santas Casas do país “são imprescindíveis”. Abaixo, os principais trechos da entrevista:
 
Ministro, o que é possível fazer para melhorar o sistema de saúde oferecido aos brasileiros?
Arthur Chioro – Em primeiro lugar, garantindo o direito do brasileiro à saúde. Essa é uma responsabilidade compartilhada pelas três esferas de governo e nós precisamos melhorar o nosso padrão de gastos, discutir com a sociedade brasileira por que temos um sistema subfinanciado. É só comparar com qualquer outro país que tenha sistema universal ou mesmo países como os nossos vizinhos, que não garantem a integralidade da vacina ao transplante, mas que têm um padrão de gastos muito maior. Mas nós também estamos fazendo ações muito objetivas. 

Por exemplo?
Chioro – O Programa Mais Médicos, por exemplo, hoje garante atenção básica para todos os brasileiros, são mais de 18 mil equipes, 63 milhões de brasileiros e se contar também com a oferta que outros médicos e outras equipes também mantidas pelas prefeitura. Hoje, pela primeira vez depois de 27 anos de criação do SUS, nós estamos oferecendo à população brasileira o atendimento básico de qualidade. Estamos reestruturando a rede de urgência, mas também estamos colocando na nossa agenda de estratégia uma questão que é decisiva: o Brasil envelhece em um ritmo muito acentuado, a longevidade, que é um objetivo a ser alcançado, tem de ser alcançada com qualidade de vida e, para isso, nós vamos ter que enfrentar algumas questões que são decisivas, como continuar enfrentando o tabagismo, controlar o uso abusivo de álcool e outras drogas, e o uso excessivo do sal e do açúcar.

O senhor está falando em campanhas preventivas?
Chioro – Em prevenção. Mudança na alimentação e enfrentar outras questões que para nós são muito caras e que nos custam muito, como, por exemplo, acidentes de trânsito, principalmente os acidentes de moto. A epidemia de cesarianas que eleva uma taxa de prematuridade muito grande. Enfim, nós temos desafios e nós fizemos uma transição epidemiológica, fizemos uma transição nutricional. Hoje o Brasil já não tem mais as mesma enfermidades do passado, muito embora ainda temos o desafio da dengue, da AIDS, das hepatites, mas, de qualquer maneira, uma nova agenda de saúde está sendo colocada para  a sociedade brasileira. Uma sociedade que vai viver mais, mas que precisa viver com qualidade de vida e, por isso, nós vamos ter que harmonizar os nossos investimentos na prevenção, no diagnóstico, no tratamento principalmente das doenças chamadas crônico, degenerativas, como hipertensão, diabetes e tantos outros problemas que não têm cura, mas têm controle. 

Mas tudo isso, ministro, demanda muitos recursos. Nós vivemos uma crise econômica gravíssima. Como se equaciona isso? Como conseguir recursos em meio a uma crise econômica?
Chioro – De fato, isso torna ainda mais desafiador. Entretanto, nós temos que caminhar em dois sentidos: melhorar a eficiência do gasto. Ou seja, gastar cada centavo que hoje é colocado no sistema público com transparência, com eficiência, com efetividade, melhorando a nossa capacidade de gestão e, principalmente, fazendo com que a população sinta a confiança com o recurso que vem das suas contribuições e dos seus impostos. Que eles estão sendo bem gastos. Em segundo lugar, discutir com a sociedade brasileira, com o próprio Congresso Nacional, se nós estamos verdadeiramente dispostos a ter um sistema de saúde de primeiro mundo. Isso custa caro. Pegando os dados do Banco Mundial de 2013, o Brasil gastou 525 dólares per capita por ano, somando os gastos das prefeituras, dos estados e do Ministério da Saúde. Países como o Reino Unido, que tem sistemas universais, gastaram três mil dólares. Nós vamos ter que no defrontar com essa questão, melhorar o padrão de gastos, mas ter a quantidade de recursos.  A sociedade brasileira vai ter que discutir e decidir o que é melhor para ela. 

O brasileiro reclama – e com razão – de que a saúde precisa melhorar e muito, principalmente para aquele cidadão que não tem dinheiro, que tem o dinheiro contado e fica na fila dos hospitais. Ou seja, é preciso melhorar  o SUS, que bem ou mal funciona…
Chioro – O SUS funciona muito. Ele não está no padrão que nós queremos, precisamos melhorar muito e não é possível nós não ouvirmos o clamor das ruas, das pessoas, daqueles que sofrem na fila, que não têm um atendimento digno humanizado. Agora, se o país está envelhecendo, se nós hoje temos o maior programa mundial de vacinação gratuita com 28 vacinas, se nós temos um programa de AIDS reconhecido no mundo inteiro, de hepatites reconhecido no mundo inteiro, se nós temos o maior sistema de transplante público, nós devemos ao Sistema Único de Saúde. Em 2003, nós não tínhamos SAMU e hoje ele está presente para mais de 75% da população, atendendo quem tem plano de saúde ou quem depende do SUS.

E que Deus abençoe onde ele estiver, o Dr. David Capistrano, que foi um grande lutador…
Chioro – Sem dúvida nenhuma, uma grande referência, um grande mestre da saúde pública. Alguém que deu uma enorme contribuição não só para Santos, mas para todo o Brasil. Agora, a grande diferença que eu acho e que todo mundo deveria assistir é ao filme SOS Saúde, do Michael Moore. Ele é maravilhoso, eu uso tanto com os meus alunos da faculdade de medicina, como na fisioterapia e na pós-graduação, porque ele provoca o debate. 

A situação da Santa Casa de Santos e  as Santas Casas de todo o país está complicada. O que podemos fazer para salvá-las?
Chioro – O Governo Federal tem trabalhado muito com as prefeituras e os governos estaduais já que o financiamento da saúde é compartilhado e de responsabilidade das três esferas de governo. Nós conseguimos mobilizar a Caixa Econômica Federal e o BNDES, estamos trabalhando para liberar um crédito de R$ 140 milhões para que a Santa Casa possa refinanciar a sua dívida e redefinir o seu perfil econômico e financeiro. Ela precisa também fazer a sua lição de casa. Uma instituição tão complexa como a Santa Casa precisa enfrentar os seus desafios no campo da gestão, no campo existencial, qualificar e enfrentar a dinâmica de uma realidade completamente diferente do que nós tínhamos anos atrás. O que eu acho muito importante é que há uma convergência de esforços, de compromisso tanto da Prefeitura de Santos, como dos vereadores, da sociedade santista, do Governo do Estado e nosso do governo Federal. A presidente Dilma me pediu para cuidar com muito carinho das Santas Casas e eu não podia deixar de fazer pela Santa Casa que é onde eu nasci, da cidade que é a minha cidade e nós estamos muito comprometidos em ajudar. Nós estamos colocados frente a uma nova realidade, a organização de um hospital é muito desafiadora e nós precisamos cada vez mais a profissionalização da gestão, uma relação transparente e colocar de uma maneira mais concreta para a sociedade de que essas Santas Casas são imprescindíveis. A Santa Casa de Santos não pode fechar, ela é imprescindível para Santos e região metropolitana e é assim que eu, como ministro da Saúde, vou cuidar da minha Santa Casa e é o que eu quero para as demais Santas Casas de todo o Brasil.

Confira a entrevista completa no Jornal da Orla na TV: