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Cuidados em tempos de dinheiro curto

09/05/2015Da Redação
Cuidados em tempos de dinheiro curto | Jornal da Orla
Em situação de instabilidade econômica batem inseguranças e incertezas que assustam os cidadãos que dependem de trabalho e do dinheiro que ganham com ele para viver. Inflação em alta, menor crescimento da renda do trabalho, aumento do custo de vida – o momento é de apertar o cinto, o que não significa passar privações.

Segundo quem entende de cifrões, a palavra é educação financeira, um comportamento pouco exercido por boa parte da população que nada mais é do que saber usar corretamente o dinheiro para não faltar no bolso e fechar os ralos por onde ele escoa sem que a gente perceba.


Cada um é responsável por sua vida financeira e não adianta culpar a má sorte ou tão somente os bancos e a política econômica do governo. Conter o impulso pelo consumo desenfreado, cortar gastos supérfluos, não assumir dívidas desnecessárias e tampouco viver como se não houvesse o amanhã são atitudes que dependem de cada um. 

Quem consegue administrar bem o dinheiro que entra e sai, consegue também ter mais qualidade de vida, cuidando melhor da saúde, da mente e das emoções. Com as finanças sob controle é possível traçar planos e realizar sonhos, seja comprar uma casa, trocar de carro, fazer uma viagem, uma festa de casamento ou outro projeto de vida que trará prazer e felicidade. Sem dinheiro, tudo fica no terreno das intenções e frustrações. Por isso, confira as dicas dos especialistas nestes momentos bicudos da economia do país.
 
Orçamento doméstico – É essencial para fazer o dinheiro render mais. A receita é anotar todas as despesas para ver o que é supérfluo e o que não é, saber por onde seu dinheiro está escapando, tratar de gastar menos do que se ganha, poupando pelo menos 10% da renda.

Corte supérfluos – Para não ficar de bolso vazio, é preciso cortar tudo o que for desnecessário ou passível de mudar de fornecedor. Os primeiros cortes são as despesas supérfluas, aquelas que você não precisa, mas acha “que merece”. Algumas dicas: não comer fora de casa durante um período ou deixar de aproveitar as liquidações para encher o guarda-roupa com peças que você não precisa. 

Livre-se das dívidas – Embora muitos achem que não, esse é um bom momento para começar a pagar suas dívidas remanescentes, até porque os credores sabem da época difícil e estão mais dispostos a negociar. Claro que essa situação é algo pontual, ou seja, você estará resolvendo o problema, mas não a causa dele.

Tenha uma reserva financeira – Que seja equivalente pelo menos seis meses o valor das suas despesas mensais para cobrir gastos eventuais que possam acontecer. Como, por exemplo, quebra de um carro, problemas de saúde, reparos em casa etc.

Aprenda a poupar – Dez por cento é uma boa proporção, uma espécie de dízimo para nós mesmos. Separe os 10% para poupar assim que cair o salário, para não ter tempo de gastar.

Casa própria – Pesquise bastante e, se precisar de financiamento, opte pelo menor valor e pelo menor tempo possível. De preferência, não ultrapasse 15 anos de financiamento.

Troca de carro – Veja se os gastos com seguro, financiamento, combustível, estacionamento e impostos valem o desembolso do dinheiro. Se optar pela compra, prefira pagar à vista ou dar uma boa entrada para financiar pelo menor período e pagar menos juros.

Compras por impulso – Esqueça o cartão de crédito, o talão de cheque e a carteira de identidade em casa para não cair na tentação de comprar. Sair com o dinheiro contado é outra opção.

Aprenda a aprender – Aprenda sobre educação financeira, investimentos e empreendedorismo. O conhecimento move o mundo e permite que a pessoa tome as rédeas da sua vida financeira. Uma pessoa sem foco fica mais suscetível a se acomodar e se render a impulsos consumistas.

Tenha sonhos – Independente da situação financeira em que se encontra, relacione, no mínimo, três sonhos: um de curto prazo (até um ano), um de médio (de um a dez anos) e outro de longo prazo (acima de dez anos). Saiba quanto cada um custa e quanto você poderia separar mensalmente para essas finalidades. São os sonhos que nos movem e, de quebra, nos ajudam a gastar menos por impulso, atitude que leva ao endividamento inconsciente. 

 
Como cortar gorduras
Algumas atitudes podem ter pouco efeito na vida prática, mas apresentam muito resultado na vida financeira. Veja se é o seu caso:

Celular – Será que o pacote contratado é o mais adequado para seu perfil de gastos ou você acaba gastando mais do que o previsto? Faça um ajuste. Caso a operadora não tenha uma boa oferta, mude de empresa usando a portabilidade.

TV por assinatura – se você fica pouco tempo em casa ou acaba vendo só canais abertos é hora de avaliar se vale a pena mudar de pacote. Verifique também se não está pagando muito por um pacote que é mais barato para novos assinantes. Ao pedir a mudança, tenha em mãos os preços da concorrência, que podem servir de argumento.

Internet – Se você contratou o seu plano de internet já há alguns anos, é muito provável que consiga hoje, pelo mesmo valor, um pacote melhor. Além disso, se sua internet tem uma supervelocidade, mas você só usar o computador para entrar nas redes sociais e escrever e-mail é hora de mudar de plano.

Cartão de Crédito – O grande vilão não é cartão de crédito em si, mas como a pessoa faz uso dele. Ele tem que ser uma forma de pagamento e não uma forma de financiamento. E também não é preciso ter vários, o que resulta em economia com a anuidade. 

Conta Corrente e pacote de tarifas – Mesmo quando raramente é acessada, acarreta gastos de manutenção. O cancelamento tem que ser oficial: entregar pedido por escrito, devolver folhas de cheque e cartões e deixar um saldo suficiente para pagar tarifas e compromissos já assumidos. Analise os últimos extratos da sua conta corrente e veja se o pacote pelo qual você paga é o melhor para sua situação.
 
Armadilhas do consumo
Agir em momento de tristeza ou raiva – Duas emoções que fazem com que as pessoas ajam de maneira impulsiva. A raiva atrapalha o raciocínio e a tristeza faz com que a gente não dê muito valor para o que possui.

Deixar-se levar pelo “efeito manada” – É percebido, por exemplo, quando uma pessoa decide por um tipo de investimento porque viu que outras se deram bem. Nessas situações, o investidor pouco se preocupa em entender.

Comprar impulsivamente – Muita gente compra mais do que pode, experimenta um prazer momentâneo e aumenta suas dívidas. Avalie a real necessidade da compra e contenha o impulso para evitar essa armadilha.

Boicotar-se – Um investidor compra uma ação e estabelece que irá vendê-la quando o papel atingir um determinado valor. Porém, mesmo quando esse valor é atingido, ele não se permite ter essa recompensa e decidir adiar a venda na expectativa de um valor mais alto que, no fundo, sabe que dificilmente será alcançado.

Agir baseado na culpa – Alguns pais tentam reparar sua ausência no dia a dia dos filhos enchendo-os de presentes e satisfazendo vontades, o que pode levar a um descontrole financeiro. Se for essa a motivação de uma compra, evite-a.
 
Onde e como aplicar
Investir o dinheiro poupado é sempre uma decisão difícil, devido à grande quantidade de opções de ativos financeiros existentes no mercado. Todas as linhas de investimentos possuem pontos negativos e positivos, que dependerão da situação e objetivo do investidor. 

“O grande risco da aplicação financeira é errar na escolha de um tipo de papel que esta fora da necessidade e realidade da pessoa”, afirma o consultor financeiro Carlos Henrique Piassa. Por isso, o melhor caminho para quem decide poupar é buscar educação financeira antes de qualquer ação. “Além de acompanhar periodicamente os indicadores financeiros publicados nos jornais”, orienta.