Esportes

A verdade não tem conveniência

27/03/2015
A verdade não tem conveniência | Jornal da Orla
Diante da publicação na Coluna Dois deste jornal na última edição, sinto-me na obrigação de vir a público, mais uma vez, de forma a esclarecer os fatos, em respeito aos leitores, sócios e torcedores do alvinegro praiano.

Apesar de ter concluído minha participação à frente do Santos FC há mais de seis anos, nunca deixei de acompanhar o clube que tanto amo. Porém, erra o articulista ao insinuar que eu tenha qualquer influência direta na atual administração. Minha participação foi indicar o candidato Modesto Roma Junior, além de colaborar com o sucesso do clube sempre que chamado, mas o comando é exercido integralmente pelo presidente eleito e seus pares. Sempre que convocado, no entanto, estarei disposto a ajudar o clube. Apoiamos Modesto porque a sua história e da família Roma é reconhecida por todos. Já o jornalista, atuante dirigente da última gestão do clube, optou por apoiar “santistas” sem a mesma história e vínculos, que desapareceram e colocaram o clube na situação em que se encontra, que, à época, herdaram um clube com uma dívida administrável, de cerca de R$ 70 milhões, e entregaram um rombo acima de R$ 400 milhões para a atual administração.

 
Vale lembrar, a bem da verdade dos fatos, é que além da dívida, o grupo anterior faz questão de ignorar a “herança” que inclui uma série de atletas por nós revelados e que, negociados por eles, renderam cifras estratosféricas ao Santos FC. Valores mais do que suficientes para equacionar a dívida deixada e ainda fazer investimentos futuros. Somente para lembrar alguns deles: Wesley, André, Rafael, Neymar, Ganso, Rodrigo Souto, Alan Patrick e Felipe Anderson. Porém, grande parte destas negociações foi mal conduzida, sem a devida transparência. Algumas delas, na Espanha, até prisões já renderam. Aqui no Brasil, esse colunista, que presidiu o egrégio Conselho, deveria ter fiscalizado e exigido maior rigor aos gestores do clube.
 
O jornalista se engana também quando faz ilações tendenciosas do futuro político envolvendo o meu nome. Apesar de me filiar ao PSD, de várias manifestações positivas e incentivadoras para ingressar na política e concorrer a futuras eleições, já deixei claro que não irei disputar nenhum cargo público em 2016, minha imagem como dirigente esportivo é consolidada pelas realizações e por meu perfil, não tendo a menor necessidade de se passar por “Salvador da Pátria”.
 
Historicamente, todas as agremiações esportivas possuem débitos fiscais. Em 2006, graças ao sucesso de nossa administração, o Santos FC obteve a Certidão Negativa de Débitos (CND), em um amplo e corajoso acordo reconhecendo dívidas de INSS, FGTS, PIS, entre outros, que eram decorrentes de diversas fases anteriores. Parte destes débitos vinha desde 1969, que foram reconhecidos e equacionados pela nossa gestão, possibilitando o ingresso na Timemania. De fato, para não se desfazer de nossos principais atletas, como Neymar e Paulo Henrique Ganso, dentre muitas outras promessas, com o intuito de honrar e cumprir folhas salariais e despesas do Santos FC, tivemos certa dificuldade em manter impostos em dia a partir da metade do ano de 2008 e em 2009. Mesmo assim, estabelecemos normas e metas para que, a partir de 2010, retomássemos os pagamentos e equilibrássemos as contas pagando parte dos recentes impostos atrasados, o que acabou ocorrendo quando os novos diretores assumiram, porém não tive chance devido ao resultado das eleições. Insinuar, como afirma na coluna, que houve aumento da dívida de R$ 200 para R$ 400 milhões e chamar isso de “crescimento vegetativo” é digno de rasgar o diploma.
 
O grupo, que assumiu em janeiro de 2010, quis prejudicar a minha imagem. Para tanto, realizaram uma minuciosa auditoria com reconhecida empresa do ramo e nada, absolutamente nada, foi apurado. Se só isso não bastasse, também divulgavam que minha família foi à Justiça contra o Santos FC, quando foi exatamente o contrário. Os diretores não honraram e cumpriram um contrato bancário do clube. Com isso, o banco executou nossas contas particulares, já que éramos avalistas no documento. Sem o reconhecimento dos valores por parte dos dirigentes, eles exigiram medidas judiciais para que houvesse o respeito e o reconhecimento que a dívida pertencia ao Santos FC e não à Família Teixeira. Porém, utilizaram isso para confundir o torcedor santista.
 
Mesmo fazendo parte de um grupo, pretendendo defender suas convicções, Shiff ocupou o honroso cargo de Presidente do Conselho Deliberativo e deveria ter mais conhecimento dos fatos.
 
Na realidade, o Santos FC precisará reconstruir a sua gloriosa e tradicional história, na união dos verdadeiros alvinegros, com rigor, profissionalismo e determinação, deverá apurar com cuidado os atos dos últimos cinco anos, culminando com uma enorme crise financeira que resultou em descumprimento de obrigações e atrasos de salários dos atletas e funcionários, prejudicando a bela imagem de exemplos e referências conquistadas desde o novo milênio, reconhecidas até por nossos coirmãos.
 
Esse, por certo, seria um bom tema para abordar nesta coluna, de interesse público, exercendo assim as boas práticas jornalísticas.