O Brasil tem uma das maiores taxas de mortalidade por acidentes de trânsito do mundo, boa parte evitável com o uso do cinto de segurança. Isso porque, quando um veículo sofre uma colisão, o peso de seus ocupantes tende a ser multiplicado e, se apenas um passageiro estiver sem cinto, pode atingir fatalmente mesmo quem estiver com a proteção. O Dr. Renato Poggetti, cirurgião e coordenador do Centro de Trauma do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, explica o que fazer em caso de acidente com vítima.
“O cinto de segurança impede que traumas graves como, por exemplo, a lesão medular ou traumatismo crânio-encefálico aconteçam e pode reduzir consideravelmente o risco de morte”, esclarece Dr. Poggetti. Mesmo que o motorista esteja com o seu cinto de segurança, se for submetido a este impacto do passageiro no banco traseiro, tem alto risco de morte.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu Relatório Mundial de Segurança Rodoviária de 2013 indicam que, ferimentos por acidentes de trânsito são a oitava causa de morte no mundo, a principal entre jovens na faixa dos 15 a 29 anos. No Brasil, a falta de cinto está entre as infrações mais registradas pelos órgãos oficiais de trânsito.
Quando há sobreviventes, é comum que passageiro e motorista desenvolvam um quadro grave, com politraumatismos e lesões em diversos órgãos do corpo. Por isso, o atendimento pré-hospitalar (ambulância) e hospitalar especializado são fundamentais.
“Em caso de acidente, devemos prestar os primeiros socorros quando possível. Algumas ações podem fazer a diferença até a chegada do serviço de emergência”. Para agilizar este atendimento e identificar a gravidade do caso, vale observar as dicas do especialista.
Como agir se você presenciar um acidente de trânsito?
· Antes de qualquer procedimento, verifique se o local está seguro e não existe risco de você se tornar outra vítima (segurança da cena). Em seguida, contate o serviço de pré-hospitalar pelos números 193 ou 192;
· Observe bem a vítima para reconhecer qual foi o tipo de trauma sofrido;
· Não mude-a de posição e a mantenha aquecida. Se for possível, verifique os sinais vitais, sem movimentá-la: veja se está respirando, se tem pulsação, se o rosto está pálido ou se as extremidades estão arroxeadas;
· Quando há hemorragia externa como, por exemplo, nos braços e pernas, pode-se fazer a compressão do local com um pano limpo, tomando-se o cuidado de proteger as mãos para não haver contato com o sangue da vítima;
· Em caso de fraturas expostas, não tente colocar o osso aparente no lugar, apenas cubra a área com um pano limpo para evitar contaminação e aguarde pelo atendimento especializado;
· Procure manter a vítima consciente e tente identificar se ela apresenta algum tipo de confusão ou dificuldade na fala;
· Todos os sinais devem ser relatados para que o serviço de emergência identifique a gravidade da vítima.
O Dr. Renato Poggetti lembra ainda que, em caso de dúvidas, é possível pedir orientação para quem fará o atendimento pré-hospitalar. Enquanto o socorro não chega, sempre há o que fazer para proteger a vítima, por isso, os primeiros socorros podem ajudar.