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Observando de fora

22/10/2014
Observando de fora | Jornal da Orla
Grande parte da Inglaterra estava destruída, ruínas por todo lugar. E, possivelmente, o lado mais triste da guerra tenha sido assistir as criancinhas órfãs morrendo de fome, nas ruas das cidades devastadas.

Certa manhã de muito frio, na capital londrina, um soldado americano estava retornando ao acampamento. Numa esquina, ele viu, do seu jipe, um menino com o nariz pressionado contra o vidro de uma confeitaria. Parou o veículo, desceu e se aproximou do garoto. Lá dentro, o confeiteiro sovava a massa para uma fornada de rosquinhas.

Os olhos arregalados do menino falavam da fome que lhe devorava as entranhas. Ele observava todos os movimentos do confeiteiro, sem perder nenhum. Através do vidro embaçado pela fumaça, o soldado viu as rosquinhas quentes, de dar água na boca, sendo retiradas do forno. Logo mais, o confeiteiro as colocou no balcão de vidro com todo o cuidado. O soldado ouviu o gemido do menino e percebeu como ele salivava. Em pé, ao lado dele, comoveu-se diante daquele órfão desconhecido.

-Filho, você gostaria de comer algumas rosquinhas?
O menino se assustou. Nem percebera a presença do homem a observá-lo, tão absorto estava na sua contemplação.
-Sim! Eu gostaria muito!

O soldado entrou na confeitaria e comprou uma dúzia de rosquinhas. Colocou-as dentro de um saco de papel e se dirigiu ao local onde o menino se encontrava, na gélida e nevoenta manhã de Londres. Sorriu e lhe entregou as rosquinhas, dizendo de forma descontraída: 
-Aqui estão as rosquinhas.
Virou-se para se afastar. Entretanto, sentiu um puxão em sua farda. Olhou para trás e ouviu o menino perguntar, baixinho:
-Moço… você é Deus?
[com base em texto de Charles Swindoll]

Existem gestos pequenos, mas que significam muito para algumas vidas. Para uma criança faminta, um pedaço de pão é a glória e conseguir alguns doces é a maravilha suprema. Aprendamos a observar o que necessitam as pessoas, ao nosso redor. Quase sempre são coisas pequenas que podemos realizar, ocasionando pequenas ou grandes alegrias.

Pensemos nisso e não permitamos que as chances se percam, nas vielas do
mundo. Por vezes, basta um gesto de carinho ou uma palavra de incentivo. Não seja apenas um observador distante da vida. Todos nós estamos na condição de membro do organismo universal, investidos de tarefas e de responsabilidades, de cujo desempenho, resultará na ordem e no sucesso de muitas coisas. Não te permitas andar pela vida como quem observa de fora, mas, ao contrário, participa de forma consciente e ativa das ações que iluminam e enriquecem outras vidas.