Recentemente, o Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo emitiu um alerta sobre o risco de pancreatite e neoplasias pancreáticas apresentado pelo uso das incretinas em diabetes do tipo II, que é associada à obesidade, sedentarismo e a outras doenças. Essas reações adversas acontecem em cerca de 12% dos usuários. Mas metade destas pessoas usa esse medicamento de forma inadequada, com outra finalidade além do diabetes. Depois de reportagem veiculada, em 2010, por uma revista de grande circulação, essa classe de medicamentos passou a ser usado para emagrecer. Naquela oportunidade foram apresentados os “benefícios” desse medicamento, o qual “revolucionaria o mundo das dietas”.
O uso para emagrecer é considerado não aprovado pela Anvisa porque não houveram estudos clínicos que avaliassem os riscos e benefícios nesse caso. Apenas para a indicação nos portadores de diabetes do tipo II, e suas consequências, foram desenvolvidos os estudos. É importante frisar que, proporcionalmente, os problemas pancreáticos foram mais presentes nos obesos do que nos diabéticos.
Os diabéticos usuários dessa classe de medicamento não devem interromper o tratamento, existem exames que avaliam o possível dano ao pâncreas, podendo-se, então, acompanhar e prevenir maiores riscos derivados do uso contínuo. Caso o usuário tenha sintomas como dor ou desconforto abdominal, deve avisar o médico imediatamente.
Os primeiros dados sobre o efeito dessas substâncias sobre o pâncreas surgiram com a publicação, em julho 2013, de trabalhos científicos de farmacovigilância, o que significa acompanhar o desempenho dos medicamentos que já estão no mercado. Esse tipo de estudo é necessário porque, por mais que os laboratórios se debrucem sobre uma nova substância, ainda assim, algumas reações só irão surgir no uso corrente do medicamento, em tempo e número de situações muito acima da capacidade de previsão que os testes antes do lançamento do produto são capazes de detectar.