Santos

Superpoderosas

09/03/2014
Superpoderosas | Jornal da Orla
Todo ano a dúvida se repete: afinal, o que mais falar sobre o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março? Parece assunto esgotado. Se no passado mais ou menos recente a mulher era um ser secundário, oprimido, sem vez e voz, hoje (pelo menos neste lado do planeta) temos mulheres em praticamente todos os campos de ação.

Tanto são encontradas em ambientes presumivelmente femininos, como o de moda e beleza, como no comando de grandes empresas (caso da Petrobrás) e ocupando cargos no topo da escala de poder, como deputadas, senadoras e até presidentes da República. Ou não é sinal dos tempos o fato de três dos principais países da América do Sul (Brasil, Argentina, Chile) serem comandados por mulheres?
Mas, tomando por empréstimo a frase da música de Baby Consuelo, todo dia é dia de índio e da mulher também. Então, por que um dia certo para festeja-la? Não é difícil adivinhar. Primeiro, diante da ampulheta da história, as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres são recentes, uma batalha que continua sendo travada palmo a palmo na busca da independência financeira, respeito, liberdade e dignidade. 

A data serve para comemorar as vitórias e também de alerta para os problemas ainda vividos por elas. As mulheres ganharam o mercado de trabalho e, em contrapartida, assumiram dupla ou até tripla jornada no campo profissional e no ambiente doméstico. E ainda que exerçam a mesma profissão e ostentem igual grau de escolaridade, muitas  mulheres são obrigadas a engolir salários inferiores aos homens.

Mulheres com filhos muitas vezes são preteridas na hora da contratação, pois, afinal, um deles pode ficar doente, não é mesmo? E não custa lembrar que boa parte dos lares brasileiros é chefiado apenas por mulheres. Da mulher moderna é esperado que seja profissional eficiente, mãe, companheira, dona de casa e ainda lhe sobre tempo para a academia e os cuidados com a aparência, pois, se cabelos grisalhos podem deixar os homens charmosos, na mulher é sinal de relaxamento.

Coisas de mulher

Há características típicas da mulher, como distribuir a atenção em várias coisas ao mesmo tempo, demorar para se arrumar, não resistir a um espelho, colecionar roupas, sapatos, bolsas … São manias que se repetem de mãe para filha, que não preciso ser ensinadas. Confira alguns exemplos:
 
Consumista – Só outra mulher para acompanhar uma mulher nas compras. Os homens não conseguem entender por que elas entram em tantas lojas, experimentam diversas peças e depois saem sem levar nenhuma. O prazer de olhar as vitrines, conferir as novidades, é repetido toda semana.

Língua solta – Assunto não falta, seja pessoalmente, por telefone, na internet. Mulher tem sempre algo a dizer sobre tudo e alguma coisa. 

Solidária e emotiva –  Mulher se deixar tocar pelas aflições alheias, dá conselhos, se oferece para ajudar. Geralmente, compra a “bronca” da amiga traída. Ela também se emociona com facilidade e não esconde isso. 

Eterna insatisfeita – Mudar a cor dos cabelos, emagrecer, trocar o guarda-roupa, questionar o relacionamento. A mulher parece ser muito mais questionadora e exigente, o que  faz com que passe uma imagem de eterna insatisfeita.

Vaidosa – Mulher adora um creminho, por isso é o público alvo da propaganda que promete tratamentos milagrosos. Mulher que é mulher tem sempre uma justificativa para mais uma bisnaga na prateleira.

Enfeitada – Mulher adora se enfeitar. Para comprar um vestido novo, colar ou brinco, há sempre um dinheirinho sobrando e um lugar no guarda-roupa abarrotado de peças ou na caixa de bijuterias está transbordando.

Regime permanente – Resiste bravamente a delícias à mesa com receio das gramas a mais que as acompanham. Mas sempre dá uma escorregada, tanto no prato como no copo. Por isso, viver de regime parece ser uma praga permanente.

Estilosa a qualquer preço- A mania persegue principalmente as mais novas.  Ainda adolescentes, são capazes de enfiar o pé em um sapato um ou dois números menor que o seu, mesmo que isto lhe custe dores e bolhas posteriores. 

Marcianos e venusianas

No best seller “Homens são de Marte, mulheres são de Vênus”, o psicólogo e escritor John Gray defende que todas as mulheres são iguais e os homens, idem. Em outras palavras, não são do mesmo planeta. Quando se aborrecem, eles querem silêncio e solidão. Já entre elas, as preocupações resultam na matraca desenfreada, pois falando, acalmam-se. Segundo ele, o ego masculino é movido à base de conquistas; já o feminino é pura emoção. 
Segundo o autor, os homens dão muita importância ao trabalho, à competência, à capacidade e às conquistas. Já para as mulheres, há coisas mais importantes que isso: qualidade dos relacionamentos, família, casa, amor e cooperação comunitária.

“A principal causa dos conflitos é que homens e mulheres não conseguem comunicar-se. É preciso que cada um se disponha a aprender o idioma do sexo oposto, traduzir e interpretar seu pensamento”, afirma.

Estudo publicado nos Anais da Academia Americana de Ciências (Pnas) aponta que homens e mulheres têm conexões cerebrais muito diferentes, o que parece confirmar estereótipos sobre atitudes e comportamentos próprios de cada sexo. O trabalho, que envolveu 949 pessoas (521 mulheres e 428 homens) entre nove e 22 anos, revela no homem uma maior quantidade de conexões na parte frontal do cérebro – centro de coordenação das ações – e na parte de trás, onde se encontra o cerebelo, importante para a intuição. 

Já nas mulheres, há mais conexões entre o hemisfério direito – onde se situa a capacidade de análise e tratamento da informação – e o hemisfério esquerdo, centro da intuição. Ragini Verma, principal responsável pela pesquisa, explica que os homens são geralmente mais aptos para aprender e executar apenas uma tarefa, como andar de bicicleta, esquiar ou navegar, enquanto as mulheres têm uma memória superior e uma maior inteligência social, o que as torna mais aptas a executar tarefas múltiplas e encontrar soluções para o grupo.

“É também impactante constatar o quanto os cérebros da mulher e do homem são realmente complementares”, disse Ruben Gur, coautor do trabalho. O estudo concluiu que as mulheres são superiores em atenção, na memorização de palavras e rostos, e nos desafios de inteligência social, mas os homens são mais rápidos para absorver e tratar a informação.