Enoleitores,
A estada na fazenda Narbona deixou um gostinho de quero mais e está disponível para todos, já que além da vinícola é um Relais & Chateau único no Uruguai.
Vou descrever agora, conforme havia comentado semana passada, sobre a enogastronomia que nos foi servida na degustação dirigida pela enóloga da casa, Valéria Chiola, assessorada pela diretora de exportação Fabiana Bracco, que veio de Montevidéu nos fazer uma agradável surpresa.
Iniciamos nosso jantar com uma tábua de queijos, azeite e pães, tudo produzido na fazenda Narbona. Primeiramente, foi servido o sauvignon blanc Puerto Carmelo 2015, um vinho de cor amarela verdeal, aromas de frutas citricas como maracujá e toque de ervas; na boca, fresco, acidez correta, equilibrado e boa persistência deixando um gostinho de maçã verde na boca. Para mim, este caiu bem com o queijo colonial, mas provei com brie e o queijo se sobrepôs.
Seguimos para o Narbona Rosé de Tannat 2014, um vinho elaborado com maceração das cascas por duas horas e depois retiradas. Apresenta um rosado brilhante que lembra cor de groselha e morango; no olfativo, sentem-se frutas vermelhas (mais precisamente morango), couro; na boca, seco, boa acidez, equilibrado e persistente. Gostei muito dele com o queijo tipo gruyere.
O terceiro vinho foi o Narbona pinot noir 2013, que é elaborado com duas parcelas de uvas do mesmo vinhedo vinificadas separadamente, originando um vinho rubi, halo rosado, certa transparência. No nariz, sentimos frutas vermelhas maduras, especiarias e toque de baunilha; no paladar, seco, boa acidez, ainda jovem, porém equilibrado e persistente, pelo solo local ser calcário com fósseis marítimos – este ficou bem com o queijo de cabra servido, uma boa surpresa! Finalizamos esta etapa com o vinho Narbona Tannat Roble 2012, de coloração vermelho escuro, aromas de frutas negras maduras, especiarias como pimenta negra, alcaçuz, baunilha, ainda sentia-se o álcool, o que nos leva a perceber que é um vinho que ainda precisa mais tempo para amadurecer. Já na boca era seco, boa acidez presente, taninos ainda rústicos, e boa persistência. Combinou muito bem com o queijo tipo parmesão, que, por sinal, era excelente, sentíamos os cristais de sal e oleosidade equilibrados presentes.
O prato principal foi um risoto de abóbora, que harmonizou muito bem com o tannat Luz de Luna 2011, de cor vermelho rubi, escuro, olfativo de frutas negras maduras, especiarias; no palato, seco, levemente sápido, taninos finos, adstringente, acidez correta, equilibrado e persistente.
Finalizamos nosso jantar com a sobremesa típica do país, o doce de leite, ainda mais o elaborado na própria fazenda que, puro, é de comer de joelhos! Agora imaginem: inspirado na elaboração da cozinha francesa, serviram-nos um suflé de doce de leite, acompanhado de sorvete artesanal de banana. Delicioso, veio junto ao vinho típico uruguaio, o Medio y Medio, um vinho adocicado, elaborado pelas uvas sauvignon Blanc e chardonnay, levemente gaseificado, que harmonizou muito bem com a sobremesa, pois seu frescor equilibrou o açúcar e gordura presentes.
Para encerrar o tema das bebidas provenientes das uvas, provamos a grappa com mel , um digestivo delicioso, muito bem elaborado e que cativou todos. Foi uma noite superespecial , num ambiente sofisticado, aquecido pela recepção da Valéria e Fabiana, e finalizado por um papo descontraído entre amigos à volta da mesa. Um acontecimento que certamente será sempre lembrado por todos!
Enoabraços e uma ótima semana a todos!