Enoleitores,
Há cerca de 26 séculos, os gregos chegaram e fundaram a cidade de Marseille, e plantaram nas encostas as primeiras videiras, trazendo ao local a cultura da uva e do vinho. Na época não se conhecia a maceração, fazia-se a pisa a pé por pouco tempo e logo o produto era levado às anforas, tornando-se vinho. Logo esta cultura espalhou-se rapidamente pela região, mas foi após a conquista romana que ela começou a se expandir, portanto a Provence é o mais antigo vinhedo francês e o rosé o mais antigo vinho do mundo.
Estendendo-se no sul da França entre o Mediterrâneo e os Alpes, num corte de Oeste a Leste por cerca de 200 km, a Provence possui três AOC denominadas Côtes de Provence, Coteaux d’Aix en Provence e Côteaux Varois en Provence, com vinhos extremamente aromáticos de terras ensolaradas e clima mediterrâneo.
A grande produção são os rosés, entre estes há os chamados vinhos de sede simples (servidos em jarras) e há os mais elaborados de vinificação moderna, que são os vinhos de prensa e sangria. Também podemos encontrar bons vinhos tintos frutados, marcantes, potentes e até alguns encorpados; já os brancos são menos expressivos sendo leves e delicados.
Aqui no Brasil já chegam bons rosés e alguns poucos tintos, mas vale sempre conhecer, como o Domaine de Saint Ser Cuvée Prestige Rosé 2014, um vinho de cor salmão apagado, cristalino, aromas de pêssego, pera, toque herbáceo, na boca vinho fresco, agradável, média persistência, deixando um gostinho que lembra doce de morango. Há também o Côtes de Provence Romance 2012, que conheci no curso Master of Wine Provence, um vinho de cor salmão mais intenso, aromas de frutas vermelhas frescas, toque floral, na boca boa acidez, equilibrado e média persistência. Estes vinhos são ótimos para acompanhar peixes e frutos do mar, inclusive nossa brasileira moqueca.
Para encerrarmos, descrevo o tinto que conheci recentemente, chamado Domaine de Saint Ser Cuvée Tradition 2011 – das uvas Syrah e Cabernet Sauvignon, de cor vermelho rubi e reflexos granada, certa transparência, aromas de frutas negras, couro, especiarais, estábulo, no paladar boa acidez, porém percebia-se o álcool. Taninos macios, corpo leve, média persistência e deixou gostinho de frutas maduras. Este já pede como acompanhamento pratos como cordeiro, carne vermelha grelhada e costelinha de porco, acompanha ainda a famosa pizza de calabresa ou a de aliche.
Vamos aproveitar nosso clima e localização marítima para podermos desfrutar destes vinhos que tão bem completam nossos encontros e refeições.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!