Uma das maiores preocupações e dramas que povoam o imaginário materno é a possibilidade de que seu bebê esteja passando fome. E isso se deve a alguns fatores:
O seio não é transparente – a mãe não sabe que volume de leite o bebê mama.
Com o tempo, o bebê suga mais forte e o leite sai mais facilmente. Com isso a duração da mamada diminui, parecendo que o bebê mama menos;
Quando a mãe espreme a mama para saber se seu seio está com muito leite, muitas vezes não sai nada ou sai muito pouco líquido. A saída do leite está intimamente ligada à proximidade do bebê, à hora da mamada e a estímulos neuroendócrinos. Assim, quando o bebê suga, sai muito mais leite do que quando “a bombinha suga” ou quando a mãe tenta retirar o leite manualmente;
Como a orientação é de aleitamento materno exclusivo (sem água, sem chá, sem mais nada) até o 6º mês e em livre-demanda (quando o bebê quiser mamar e quando a mãe quiser dar), pode ocorrer de o bebê pedir em intervalos curtos (pode ser sede, por exemplo). Isso, na visão da mãe que não está orientada, poderia significar que seu bebê está mamando pouco de cada vez e por isso precisa mamar mais;
Por volta dos 3 meses, ocorre um pico de crescimento que faz o bebê querer mamar em intervalos menores.
Leite fraco
Outra crença popular que persistiu durante décadas e ainda precisa ser esclarecida para que não haja crise de consciência e preocupação das mães em relação a seus bebês é aquela história de leite forte e leite fraco.
Então qual a razão para essa crença? A do pouco leite é porque a mãe não vê quanto o bebê mama. A do leite forte ou fraco pode estar relacionada ao que a mãe vê. O leite materno tem algumas características únicas que merecem ser lembradas:
Ele é o leite próprio da espécie, tendo em sua composição os nutrientes em quantidade e proporções adequadas a cada fase de desenvolvimento do bebê.
Assim, quando dizemos que o aleitamento materno pode durar 2 anos ou mais, a principal questão que aparece – se após um ano ou até dois anos de idade o leite materno tem os nutrientes necessários – fica fácil de se responder. Até os 6 meses TUDO o que o bebê precisa está no leite materno. Após os 6 meses, a alimentação complementar “complementa” o que ele precisa e não tem no leite materno. Mas ainda assim, o leite materno é fundamental para o crescimento e desenvolvimento adequados a cada fase de sua vida;
O leite muda de sabor de acordo com o começo, meio e fim da mamada e com a alimentação materna. Assim, é importante que a mãe tenha uma refeição saudável, variada e adequada, para que quando esse bebê passar a se alimentar, não encare aquele sabor da fruta ou do legume como uma novidade. Vai ser já um sabor conhecido;
Ficou muito difundida e divulgada a ideia de o leite ser diferente do começo (mais rico em água, proteínas e carboidratos, ajudando na “sede” por hidratação da criança e energia para formação e desenvolvimento dos órgãos) ao final da mamada (mais rico em gordura, sendo responsável maior pelo crescimento – engordar e crescer – e pela sensação de saciedade). Isso trouxe algumas informações “quase verdadeiras”, mas um pouco distorcidas:
Uma delas é a de que o bebê tem que mamar APENAS um seio por mamada, por decreto e, no máximo, por 15 a 20 minutos. Dessa forma, o bebê esvaziaria o seio e estaria garantido o seu crescimento e sua saciedade. A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que sejam oferecidos os dois seios em cada mamada (o primeiro até o final). Quem deve decidir se a mamada vai constar de um ou dos dois seios é o bebê e cada mamada não deve ter tempo estipulado;
A outra é que, até pela composição do leite do início (com muita água, carboidratos e proteínas) ser diferente do leite do final (gordura), a sua aparência é diferente. Assim, quando a mãe vai tentar retirar seu leite para ver se tem bastante e se ele é “forte”, ela se assusta por notar que ele é ralinho, clarinho.
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