
“A liderança é a capacidade de conseguir que as pessoas façam o que não querem fazer e gostem de o fazer.”
Harry Truman – 33º Presidente dos Estados Unidos.
Meu pai, também Hudson Carvalho, trabalhou na antiga CODESP, por 34 anos. Antes, na ainda mais antiga, CDS. As “Docas”, como gostávamos de chamar.
Começou como TCD – Trabalhador de Carga e Descarga, mas passou a maior parte de seu tempo ocupando um cargo com nome estranho: FEITOR.
Desnecessário falar da carga negativa que o nome carrega. Tempos diferentes dos atuais. Era necessário assumir uma atitude mais firme, para que o trabalho fosse realizado, na quantidade e com a qualidade necessárias.
Com pouca escolaridade, mas com enorme inteligência intuitiva, ele já exercia, à época, a técnica de liderança que hoje chamamos de situacional.
Em outras palavras, liderar conforme a situação que encontra, variando estilos de comando:
- Autocrático (decide e ordena conforme sua própria visão);
- Democrático (compartilha as decisões com a Equipe);
- Liberal (permite que a Equipe ordene os trabalhos, segundo sua experiência);
- Treinador (Coach, como se prefere chamar, se preocupa em desenvolver cada membro e o conjunto da Equipe, nas competências, habilidades e comportamentos adequados e necessários para que os resultados sejam alcançados.
Não há estilo melhor ou pior. O bom desempenho do Líder vem da capacidade de adquirir o maior repertório possível de estilos e usá-los, variando-os na medida do necessário.
Essa variação será eficaz se aplicada conforme o Grau de Maturidade da Equipe. Quando o nível de maturidade é baixo as palavras são “Comando e Controle”. Sendo alto a palavra será “Delegação”. Só por isso já seria desafiador, mas aqueles que ocuparam cargos de liderança, sabem que o grau de maturidade de uma Equipe não é linear. Cada membro possui sua própria história profissional, que o torna mais ou menos maduro profissionalmente. Por isso, atenção do Líder deve recair sobre todos e cada um.
Líderes, muito diferentes do antigo “Chefe”, são peças-chave para que as organizações atinjam seus objetivos. Ocupando formalmente cargos de comando ou não, inspiram as pessoas a fazerem mais e melhor. São exemplo de conduta. São referências de comportamento e atitude perante o trabalho e a vida.
Nos Portos esse perfil assume relevância ainda maior. Decisões deve ser tomadas a cada minuto, com rapidez e assertividade. Um erro pode significar a perda da janela de atracação de um navio, o atraso na sua saída, um reposicionamento no pátio ou porão, ações que que podem significar milhares de dólares de custo adicional. Ou evitá-los. Causar dano a um equipamento, ou torná-lo mais produtivo. Causar um acidente, ou permitir a volta para casa, são e salvo.
Nos Portos, líderes relacionam-se com Times de diferentes níveis socioeconômicos e de escolaridade. Trabalham, lado a lado, com a mão de obra operacional e a altamente qualificada, o que obriga o Líder não só a variar seus estilos, mas também modular a linguagem para que seja entendido por todos.
Acho importante desmistificar um aspecto que envolve o exercício da liderança: que o Líder nasce pronto. Que não é possível ser um bom líder se não houver nascido para isso.
Não é verdade. Todos podemos ser bons líderes, se estivermos atentos aos objetivos estratégicos da organização e, à partir deles, abertos ao desenvolvimento dessa competência. Todos podemos fazer isso. Os que trazem em seu DNA os genes da liderança, apenas o farão um pouco mais rápido, mas também precisarão desenvolver continuamente. Como todos.
É um caminho difícil, mas que traz a possibilidade de transformar para melhor, pessoas e organizações.
Quem está disposto a trilhá-lo?
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