Almodóvar na literatura
O prazer da leitura pode se revelar de muitas formas: através de textos complexos e densos que, vencidos, dão ao leitor a sensação de dever cumprido; por meio de insights que aparecem pelo caminho; pelo deslumbramento com a beleza estética e substancial do texto. Mas não nos esqueçamos que leitura é, também, diversão. No caso deste Patty Diphusa e fogo nas entranhas, uma exorbitante diversão.
Pedro Almodóvar é um dos grandes expoentes da cena cinematográfica mundial. Seus filmes, sempre muito esperados, carregam aquele “algo a mais” que os diferenciam da mediocridade. A novidade agora é outra: Almodóvar escreveu, ao longo de 1980, deliciosas estórias que foram reunidas pela primeira vez em livro. A primeira parte conta a vida da (impagável) Patty Diphusa; já a segunda narra um curioso grupo de mulheres cujas vidas se cruzam por excêntricas razões.
Lemos uma página e já sentimos o “efeito Almodóvar” em todo o ambiente. Diversão em estado puro.
Motivos para ler:
1- Pedro Almodóvar, consagrado cineasta espanhol, traz em forma de livro a sua personagem feminina favorita: Patty Diphusa. Lemos e vemos nela todas as cores de Almodóvar: uma vida muito louca cheia de eventos bizarros, mas também portadora de uma doce ingenuidade que nos comove. Uma obra com o legítimo selo Almodóvar de qualidade;
2- Patty Diphusa é fascinante. Dentre tantos eventos improváveis e hilários, destacamos a mudança dos anos 80 para os anos 90 e a conversa de uma desorientada Patty com Pedro, seu criador. É genial;
3- Assim disse Almodóvar no prólogo: “Só me resta pedir que leiam este livro com a mesma falta de pretensão com que ele foi escrito”. Que assim seja.
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