As principais caraterísticas do autismo são a dificuldade na comunicação e interação social; e padrões repetitivos de comportamento
Identificar o mais rápido possível que uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é a melhor maneira de acolhê-la. O autismo não é uma doença. As pessoas com TEA precisam ser entendidas como cidadão que possuem características particulares e precisam de ajuda para viverem com autonomia.
2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, cujo tema é Mais informação, menos preconceito”
As principais caraterísticas do autismo são a dificuldade na comunicação e interação social; apresentando padrões restritos e repetitivos de comportamento, atividades ou mesmo interesses.
O atraso na fala, a dificuldade no contato visual, ou não responder quando é chamado são os primeiros sinais do TEA (Transtorno do Espectro Autista), prejudicando o desenvolvimento neuropsicomotor.
“Vários estudos mostram que quanto mais cedo se faz o diagnóstico e a intervenção, maior e melhor é o desenvolvimento da criança devido a capacidade de neuroplasticidade, e de maior potencial de aprendizado, além do período de adaptação da criança e do conhecimento da família”, explica o neuropediatra Marcone Oliveira, que é especialista em transtornos do neurodesenvolvimento.
O Brasil tem 2 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo, mas este número pode ser muito maior, pois muitos pais e até profissionais de saúde não conseguem relacionar o comportamento da criança com o TEA.
Níveis de autismo
1- Leve- Quando a criança necessita de algum apoio para ajudá-la a superar as limitações na comunicação e na interação social.
2 – Moderado- A criança necessita de um repertório maior de apoio, as limitações de comunicação verbal e não verbal são muito maiores, e a interação social é muito mais difícil.
3- Severo – Apresenta mais prejuízos, com grandes obstáculos na interação com as pessoas, além dos grandes prejuízos na comunicação verbal e não verbal.
Quando é possível diagnosticar
Os pais devem ficar atentos a qualquer atraso no desenvolvimento de habilidades da criança, como a fala, e se ela tem dificuldade de se relacionar com outras pessoas ou de se concentrar em uma atividade. Esse diagnóstico pode ser feito entre os 12 e 24 meses de idade.
“O autismo é uma dificuldade de comunicação social. Não só de fala, mas também dificuldade de contato visual, apontar, compartilhar brincadeiras. São crianças com movimentos repetitivos, estereotipias e alterações sensoriais, que podem atrapalhar o desenvolvimento funcional da criança”, destaca o neuropediatra.
Fatores de risco do Transtorno do Espectro Autistas (TEA)
Algumas situações podem potencializar a possibilidade de a criança ter o transtorno, como a mãe durante (ou antes) da gestação usar drogas (inclusive álcool), exposição a pesticidas, poluição ou a elementos químicos como o cádmium, níquel, mercúrio. O TEA também pode estar associado a doenças autoimunes.
Como ajudar pessoas com TEA
A acompanhamento para desenvolver as habilidades e a sociabilização são as estratégias mais eficazes para ajudar as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A recomendação dos especialistas é que ela frequente escolas normais, interagindo com crianças que não possuem TEA, e não “especiais”.
Em Santos, as 86 escolas da rede municipal atendem à recomendação do MEC em relação às diretrizes de educação inclusiva, isto é, estão abertas para receber alunos com deficiência, inclusive com TEA. Ao todo, a Secretaria de Educação (Seduc) conta com 718 profissionais de apoio escolar inclusivo, 139 professores de atendimento educacional especializado, além de 18 intérpretes de Libras.
A rede municipal contabiliza 1.680 alunos com deficiência matriculados, alguns inclusive em período integral.
No ato da matrícula, os pais ou responsáveis pelos alunos autistas devem informar a condição da criança ou adolescente para que o trabalho pedagógico seja plenamente desenvolvido.
Santos possui unidade pioneira no país
Santos conta também com a Clínica-Escola do Autista, um centro de Reabilitação e Estimulação do Neurodesenvolvimento voltado a pessoas com TEA de todas as idades. No local, o primeiro equipamento 100% SUS (Sistema Único de Saúde) do País, se desenvolve a socialização e promove a autonomia para a realização de atividades cotidianas.
Os usuários frequentam a clínica de uma a três vezes por semana. Os atendimentos ocorrem sempre no contraturno escolar (no caso das crianças e dos adolescentes), nos períodos da manhã ou da tarde. O atendimento é realizado por mais de 40 profissionais das áreas de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, nutrição, assistência social, psicopedagogia, neuropsicopedagogia, educação física, odontologia, neuropediatria, psiquiatria, musicoterapia e acompanhamento terapêutico.
Atualmente, a Clínica-Escola do Autista atende 150 pessoas com transtorno do espectro autista. O local possui 16 salas de atendimento, duas de integração sensorial, duas de intervenção pedagógica e uma de musicoterapia. Além disso, há dois espaços diferenciados, como uma casa modelo, com banheiro, cozinha, sala e quarto, simulando as tarefas do dia a dia, e o espaço de convivência ‘Ana Lúcia Félix’, para realização de cursos profissionalizantes destinados às mães dos pacientes.
O acesso a este serviço é feito mediante encaminhamento das policlínicas, Ambulatórios de Especialidades (Ambesps), CER ou Centros de Apoio Psicossocial (Caps).
Colar Girassol e Carteira de Identificação
Em 2 de dezembro de 2021, a Prefeitura de Santos instituiu o uso da Carteira de Identificação da Pessoa com Deficiência e o do Colar Girassol, destinados a conferir um reconhecimento a pessoas com deficiências não visíveis como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), fobias sociais, surdez, baixa visão entre outras, facilitando o atendimento prioritário e diferenciado deste público.
Para solicitar o documento, após a emissão da carteirinha de identificação, é preciso levar até o Poupatempo Santos uma foto 3×4, cópia da certidão de nascimento, do RG e CPF do interessado e do responsável (quando for o caso), comprovante de residência em Santos e laudo médico com o diagnóstico – CID (no caso de autismo não precisa estar atualizado). A retirada do Colar Girassol deve ser feita na Codep, com apresentação da carteira de identificação da pessoa com deficiência.
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