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Mega Sena sob suspeita

18/05/2019
Mega Sena sob suspeita | Jornal da Orla

A falta de transparência da Caixa Econômica Federal (CEF) colocou sob suspeita o jogo de loteria preferido dos brasileiros, a Mega-Sena, e provocou uma onda de protestos nas agências lotéricas e nas redes sociais. O que motivou a revolta foi o fato de a CEF ter afirmado que o único ganhador do maior prêmio já pago na história da Mega-Sena, em sorteios regulares, de R$ 289,4 milhões, havia feito a aposta pelo canal eletrônico da instituição. Sem mais detalhes.

 

Com os protestos crescendo de forma avassaladora e com a credibilidade arranhada, só três dias depois, na terça-feira (14), a Caixa divulgou nota afirmando que o ganhador era do estado de Pernambuco. A nota só serviu para aumentar ainda mais a indignação de milhares de apostadores. Afinal, em todos os seus sorteios, a CEF sempre divulga o número de acertadores e a cidade onde eles efetuaram a aposta.

 

Lotéricos protestam
Em razão da falta de transparência da CEF, o presidente da Federação Brasileira de Lotéricos, que representa os lotéricos de todo o Brasil, Jodismar Amaro, encaminhou um ofício ao presidente da Caixa, Pedro Duarte Guimarães.

 

No documento, enviado na terça-feira (14), Amaro afirma que a decisão da Caixa de não divulgar o Estado e a cidade onde reside o único ganhador do prêmio milionário, acarreta “indesejável desconfiança do serviço público de loterias, o que precisamos evitar, para a preservação do bom nome da Caixa, do sistema e da rede lotérica”.

 

O representante dos lotéricos afirma que a divulgação do estado e da cidade em que reside os ganhadores das loterias “sempre foi feita pela Caixa nos jogos físicos (realizados nas lotéricas), “não podendo agora, que se tem apostas feitas pela internet, mudar essa prática”. 

 

Amaro destaca ainda que “é sabido que a Caixa, na condição de empresa pública, sujeita-se às normas que exigem a cultura da transparência e publicidade em suas ações, especialmente para não ser questionada a lisura com que seus atos são praticados”. E encerra: “por todo o exposto, entendemos não haver motivos plausíveis para que não seja feita a divulgação da localidade do ganhador, já que há anos assim sempre foi feito por essa empresa pública”. No mesmo dia que recebeu o ofício, a Caixa divulgou o Estado em que vive o ganhador, mas não a cidade, como sempre vez.

 

Corrupção na Caixa
Como a Caixa é citada por vários delatores da Lava Jato em esquema de corrupção que beneficiou políticos e empresários no passado, a falta de transparência da empresa, no episódio da Mega-Sena milionária, só fez aumentar a desconfiança de milhares de apostadores.

 

Alguns exemplos: o ex-dirigente da Caixa, Fábio Cleto, um dos delatores da Lava Jato, disse que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ficava com 80% da propina paga por empresários num esquema de corrupção para a liberação de recursos milionários do FGTS.

 

Já o doleiro Lúcio Funaro acusou o ex-deputado Geddel Vieira Lima, que ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa, de 2011 a 2013, de conseguir propina em todos os empréstimos que ele facilitava para empresários na instituição. Entre eles um de R$ 2,7 bilhões para que Joesley Batista comprasse a Alpargatas. Em troca, receberia propina de R$ 80 milhões, segundo Funaro. Geddel e Eduardo Cunha estão presos.

 

Dá para confiar?
No país da bandalheira, em que ex-diretores da Caixa são acusados de altas falcatruas, a falta de transparência da CEF no episódio da Mega-Sena, só serviu para gerar desconfiança sobre lisura do sorteio milionário do jogo de loteria preferido dos brasileiros.

 

Afinal, em que cidade foi feita a aposta do felizardo? Para onde foram os R$ 289,4 milhões? Com a palavra, a CEF.

 

Caixa fala em sigilo e não divulga cidade do ganhador

Diante da onda de indignação com a falta de transparência da Caixa no episódio, o Jornal da Orla questionou a Instituição sobre o motivo de não ter divulgado o nome da cidade onde foi feita a aposta, já que é praxe da CEF divulgar essa informação. 

 

Nota oficial
Em resposta as questões formuladas pela Jornal da Orla, a assessoria de imprensa da Caixa divulgou a seguinte nota:

 

“A Caixa reforça a responsabilidade, segurança e transparência com que vem administrando as Loterias Federais do Brasil há 58 anos, tendo por objetivo maior garantir os repasses sociais que beneficiam toda a sociedade brasileira, além de distribuir prêmios. O processo é integralmente auditado e possui certificação ISO 27001 e WLA-SCS.2012.

 

Considerando o compromisso com o sigilo e segurança do ganhador, a Caixa se limita a informar que o ganhador do concurso 2150 da Mega-Sena é do estado de Pernambuco.”

 

Sem resposta
Como se vê, a Caixa não respondeu à pergunta sobre o motivo pelo qual sempre divulgou a cidade dos ganhadores de prêmios da loteria e, no concurso milionário, não o fez. Qual a razão?

 

Essa é a pergunta que martela a cabeça de milhões de apostadores, que colocam em xeque a lisura do sorteio. Enfim, ao insistir em não divulgar a cidade onde foi feita a aposta vencedora, a Caixa lançou mais dúvidas sobre o sorteio da Mega milionária, ampliando a polêmica.

 

Foto: Reprodução Redes Sociais