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Uma visão geral dos ramos do Islamismo

20/03/2025 Mendy Tal

No nosso conhecimento geral do Islam, reconhecemos dois dos ramos mais famosos: os sunitas e os xiitas.

Esta principal divisão no islamismo remonta a 632 d.C., quando o profeta islâmico Maomé morreu e surgiu um debate sobre quem deveria ser seu sucessor.

Os xiitas acreditam em uma linhagem de imãs hereditários (líderes espirituais) descendentes de Ali, enquanto os sunitas não têm essa estrutura hierárquica e embora também respeitem Ali, não lhe dão o mesmo status elevado. O termo “Shia” (xiita) significa “seguidor” ou “partidário” em árabe, referindo-se àqueles que apoiam Ali como o sucessor legítimo de Maomé.

Sunitas seguem a doutrina Suna, que significa ‘caminho trilhado’, e logo, suna do profeta significa os caminhos trilhados pelo profeta, ou aquilo que é normalmente conhecido como Tradições do Profeta.

Tanto sunitas quanto xiitas leem o Alcorão, os ditos do Profeta. Ambos acreditam que o Profeta Muhammad foi o mensageiro de Alá. E ambos seguem os cinco princípios do islamismo: eles jejuam durante o Ramadã, prometem fazer uma peregrinação a Meca, praticam a oração ritual (que inclui cinco orações por dia), fazem caridade aos pobres e se comprometem com sua fé.

Seus rituais de oração são quase idênticos, com pequenas variações: por exemplo, os xiitas ficarão com as mãos ao lado do corpo, os sunitas colocarão as mãos na barriga.

Os sunitas são o ramo majoritário do islamismo, enquanto os xiitas são uma minoria.

Há um ramo bem menos conhecido no Islamismo que são os alauítas. Eles seguem a interpretação xiita, alegando que a sucessão deveria ter sido baseada em linhagens. De acordo com o islamismo xiita, o único herdeiro verdadeiro de Maomé era seu genro Ali bin Abu Talib.

Mas os alauítas vão um passo além na veneração do Imam Ali, supostamente investindo-o com atributos divinos. São conhecidos por sua crença em uma trindade divina composta por Maomé, Ali (primo e genro dele) e Salman al-Farisi, um companheiro de Maomé.

Outros elementos específicos, como a crença na encarnação divina, a permissibilidade do álcool e a celebração do Natal e do Ano Novo Zoroastriano (baseada nos ensinamentos do profeta iraniano Zaratrusta), tornam o islamismo alauíta altamente suspeito aos olhos de muitos sunitas e xiitas ortodoxos.

Originários da área que é o atual Iraque, os alauítas fugiram da perseguição religiosa no século X, estabelecendo-se na província de Latakia, na costa oeste da Síria.

Embora os alauítas sejam certamente uma subdivisão do islamismo xiita, sua identidade se revela em suas crenças e práticas únicas, incluindo a crença nas tradições pré-islâmicas.

Quanto à presença geográfica, os alauítas são um grupo minoritário muçulmano que representa uma pequena porcentagem da população da Síria, com alguns pequenos bolsões no Líbano e na Turquia. Os centros históricos dos alauítas ficam no interior montanhoso da costa mediterrânea da Síria, no oeste do país. Os alauítas também têm uma presença considerável na província central de Homs e na capital Damasco.

Os alauítas praticam uma forma de islamismo que remonta aos séculos IX e X. Sua natureza secreta é resultado de séculos de isolamento pela sociedade dominante e perseguição periódica pela maioria sunita.

A partir de 2008, estima-se que existam 2,6 milhões de alauítas no mundo todo, concentrados principalmente na Síria, Líbano, Turquia, Colinas de Golã e Austrália. O povo alauíta é o maior grupo étnico-religioso minoritário na Síria, compondo entre 10 e 12 por cento da população.

A grande maioria — mais de 85 a 90 por cento — dos mais de 1,6 bilhão de muçulmanos do mundo são sunitas. Os xiitas constituem cerca de 10 a 15 por cento de todos os muçulmanos, e globalmente sua população é estimada em menos de 200 milhões.

Enquanto os sunitas dominam o mundo muçulmano, da África Ocidental à Indonésia, os xiitas estão localizados centralmente, com uma vasta maioria no Irã, predominância no Iraque e populações consideráveis na Síria, Líbano e Iêmen.