Política

Três mulheres entre 21 cadeiras na Câmara Santista

08/03/2025 Josi Castro
Fernando Yokota

Na cidade mais feminina do Brasil, que representa 54,6% da população, três mulheres ocupam cadeiras entre as 21 do parlamento Santista. Duas delas, Débora Camilo (PSOL) e Renata Bravo (PSD), foram eleitas e Cláudia Alonso (PODE) veio por suplência. Para as três edis que tomaram posse em janeiro passado, tamanha disparidade na representação na Câmara Municipal de Santos não parece ser um obstáculo para expor suas proposituras.

“Todo mundo sabe que o espaço da gestão pública, tanto no executivo, quanto no legislativo, ainda é predominantemente masculino. Mas a mulher ocupa esse espaço com um olhar diferente, sempre preponderando o lado positivo das coisas”, observa Renata, que também já foi vice-prefeita da cidade. “Por mais conhecimento que você tenha, sempre é uma responsabilidade, por toda a representatividade que é. E eu me sinto privilegiada e me sinto na obrigação abrir caminhos para que outras estejam aqui”.

Renata Bravo

Para Cláudia Alonso, a mulher é, naturalmente muito detalhista e empática, e isso acaba refletindo no trabalho parlamentar “A gente gosta de olhar no olho, de abraçar, de falar presencialmente. E essa característica afetiva, que é inerente nossa, acaba transferindo no gabinete. Temos um espírito mais combativo, e num cargo como este, em que ficamos expostas e visadas, isso fica mais evidente. Choramos, nos condoemos, nos emocionamos, mas isso é maravilhoso”.

Claudia Alonso

Debora Camilo, no entanto, aponta que, ainda assim, tem dificuldades. “Por sermos submetidas ao cuidado como uma obrigação social, e por sermos poucas nesse espaço, trazemos temas que os homens até então ignoravam ou desprezavam. Temos barreiras até mesmo para efetivar normas como inclusão, direito à educação e saúde, que todos dizem defender, além de pautas que atuam diretamente no combate a desigualdade social, tais como a igualdade racial e de gênero e outros direitos fundamentais que não podem ser efetivados sem enfrentar quem lucra com a pobreza e o preconceito.”

Debora Camilo

Sobre a diferença na representatividade por gênero, Renata Bravo enxerga um futuro mais otimista. “Se prestarmos atenção no cenário que foi a última eleição, houve uma bastante mulheres que receberam quantidades de votos mais expressivas do que tivemos anos atrás em outros pleitos, quando entravam na chapa como laranjas apenas para cumprirem cota eleitoral do partido. Hoje há uma participação feminina muito maior e mais forte. Tem pelo menos outras três mulheres que por muito pouco não foram eleitas e estão suplentes. E creio que na próxima haverão ainda mais.”