Narra antiga lenda, que certa vez um rei adoeceu gravemente e à medida que o tempo passava seu estado piorava.
Os médicos tentaram de tudo, mas nada parecia funcionar. Estavam a ponto de perder a esperança quando a velha criada falou:
-Eu sei uma forma de salvar o rei. Se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirar-lhe a camisa e vesti-la no rei, ele se recuperará.
Ao ouvir tal afirmativa, o Rei enviou seus mensageiros a todos os cantos do reino a procura de um homem feliz. Eles cavalgaram por todos os lugares e não encontraram um homem feliz.
Ninguém estava satisfeito; todos tinham uma queixa a fazer:
-Aquele alfaiate estúpido fez as calças muito curtas! Ouviram um homem rico dizer.
-A comida está péssima, este cozinheiro não consegue fazer nada direito! Outro reclamava.
-O que há de errado com os nossos filhos? Resmungava um pai insatisfeito.
-O teto está vazando! A situação financeira está péssima. Será que o Rei não pode dar um jeito nessa situação?
Essas e outras tantas queixas eram o que os mensageiros do rei ouviram por onde passaram.
Se um homem era rico, não tinha o bastante; se não era rico, era culpa de alguém.
Se era saudável, havia uma sogra indesejável em sua vida.
Se tinha uma boa sogra, a gripe o estava infelicitando.
Enfim, naquele reino todos tinham algo do que reclamar. O Rei já tinha perdido a esperança de ficar bom, quando numa noite, seu filho cavalgava pelos campos e, ao passar perto de uma cabana ouviu alguém dizer:
-Obrigado Senhor! Concluí meu trabalho diário e ajudei meu semelhante. Comi meu alimento, e agora posso deitar-me e dormir em paz. O que mais poderia desejar, Senhor?
O príncipe exultou de felicidade por ter, finalmente, encontrado um homem feliz. Retornou e mandou que seus homens fossem até lá e levassem a camisa do homem ao rei e lhe pagassem o quanto pedisse. Mas quando os mensageiros do rei entraram na cabana para despir a camisa do homem feliz, descobriram que ele era tão pobre que sequer possuía uma camisa.