Ser como eles

Eduardo Galeano é daqueles escritores difíceis de catalogar entre as clássicas chaves literárias. Subvertendo as fronteiras entre ficção e não ficção, Ser como eles – livro vertido para o português neste ano – traz pequenas vinhetas cheias de significados que giram em torno de um eixo comum: a América Latina, ponto central de toda a vida do escritor.

As pequenas histórias contadas neste livro resgatam vozes esquecidas nas brumas do tempo, vozes silenciadas pela brutal dominância de tantos poderes e interesses que recaem sobre esta parte do globo. Convencido de que a amnésia é um dos grandes males da América Latina, Galeano se pôs a escrever: escrever para recordar; recordar para sobreviver; sobreviver para, enfim, viver.

Dos índios ao futebol, da política à cultura, do meio ambiente à economia, Galeano transita bem sobre vários assuntos, conformando-os para expressar seu profundo amor e pesar sobre toda a região latino-americana, onde, dizia ele, “estão minhas alegrias mais altas e minhas tristezas mais profundas”.

Motivos para ler:

1- Eduardo Galeano (1940-2015), uruguaio de Montevidéu, criou uma linguagem única. Expressando sua indignação com a brutalidade do mundo mas cheio de amorosidade e ternura, Galeano combinava literatura e jornalismo (sua profissão de origem) brilhantemente. Vencedor de inúmeros prêmios literários e lido em múltiplas línguas, o uruguaio é uma das maiores vozes de sempre da América Latina;

2- Dentre tantos temas tratados por Galeano, é curioso notar que a questão do meio ambiente ocupava grande parte de suas preocupações já naquele tempo, quando pouco ou nada se falava sobre o assunto. Foi possivelmente o primeiro intelectual de peso a abordar o assunto com profundidade;

3- Em tempos de guerras absurdas e desumanidades inacreditáveis, ecoa a voz forte de Galeano, como um lembrete para retomarmos a seriedade: “A guerra, para quê? Quem vendeu o destino da humanidade a um punhado de loucos, ambiciosos e matadores?”

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