Prefeitura de Santos

Rogério: 2º mandato prioriza combate à desigualdade

25/01/2025Marco Santana
Foto: Fernando Yokota

O prefeito de Santos, Rogério Santos, afirma que as prioridades de seu segundo mandato são ações que buscam reduzir as desigualdades sociais. Ele lembra que o município, apesar de ter altos índices de qualidade de vida, possui áreas de extrema vulnerabilidade.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Orla, ele destaca investimentos como a inauguração de uma policlínica no Dique da Vila Gilda e projetos habitacionais como o Parque Palafitas. Rogério Santos assegura que pretende implantar ações de valorização do servidor público e ampliar as parcerias com os governos federal e estadual.

O senhor foi reeleito, mas é um novo governo. Além das trocas na equipe, que mudança haverá neste novo mandato, em termos de mentalidade?

Cada mandato é uma história, momentos que passamos, sujeitos a adversidades. Neste mandato, a gente vai trabalhar muito em cima das resiliências climáticas, que têm causado muito impacto nas cidades. Temos visto as grandes enchentes no sul, em Peruíbe também houve uma chuva intensa absurda. O aumento da maré é uma verdade, às vezes algumas pessoas não enxergam, mas isso está acontecendo no mundo. Aqui em Santos, estamos fazendo obras de contenção nos morros, as estações elevatórias, com recursos internacionais. Também a área do praial, a perda da areia no canal 6, que acaba afetando principalmente o canal 3 e o canal 2. Então, a solução é fazer barreiras de proteção na praia, tudo em parceria com a Autoridade Portuária. A educação continua sendo prioridade, é a porta aberta para o desenvolvimento, para que haja uma sociedade mais igualitária. A desigualdade social é falta de oportunidade, então daremos oportunidade através da melhoria ainda maior da educação pública. Os investimentos que a gente faz em habitação, como a reurbanização do Dique da Vila Gilda, são prioridade, como também a eliminação dos cortiços, com o desenvolvimento do centro, aqui na região central. Estamos entregando, agora no aniversário da cidade, 50 unidades habitacionais. É um trabalho de uma Santos inovadora.

A avaliação positiva que teve durante todo o governo (conforme indicaram as pesquisas), não refletiu em intenções de voto durante boa parte da campanha eleitoral. O senhor concorda com a tese de que isso aconteceu por conta de uma falha na comunicação do seu governo com a população? A recriação da Secretaria de Comunicação seria uma prova disso?

Eu não vejo como uma falha. O mundo vive um momento de polarização, veja o que acontece nos Estados Unidos. Isso afeta muito, provoca o desinteresse da população pela política. Hoje, no Brasil, a média de pessoas que não foram votar é de 30% e aqui em Santos aconteceu esse fenômeno. É algo que tem que ser resgatado. E aí entra uma comunicação não só local, mas nacional. Porque é na política que se resolve o dia a dia do cidadão, onde vamos investir em infraestrutura, quanto vai ser a conta da luz, se tem remédio na policlínica. É através da boa política, que é a política pública, que vamos resolver isso.

Qual o grande objetivo deste segundo mandato? Quais os principais projetos?

Os projetos habitacionais sempre serão prioridade. A desigualdade social se reflete no modelo de habitação. Santos tem o sexto melhor índice de desenvolvimento humano, tem uma das melhores qualidades de vida do Brasil, mas você vê desigualdade social nas palafitas, nas áreas de invasão dos morros, nas áreas de cortiço. Nesse sentido, a habitação é a melhor política social. E também há um fenômeno social mundial, os moradores em situação de rua. Nós precisamos que os municípios tenham bases jurídicas, e aí não são municipais e sim de novas leis do Congresso, em relação à recuperação da dependência química, em relação também à maior punibilidade da criminalidade, para que a gente consiga realmente resolver questões sociais.

O sucesso de uma gestão pública passa, obrigatoriamente, pelo engajamento dos servidores públicos concursados. O que o funcionalismo de Santos pode esperar do senhor? Há possibilidade de dar aumento real?

Sim. Nos últimos quatro anos, houve um aumento real de rendimentos em 6% no salário, na cesta básica um aumento real de 50% e 75% no vale-refeição. Neste mandato, eu tenho o compromisso de valorizar a educação, os professores na promoção da letra P e da letra Q, e outras categorias também. A gente já promoveu melhorias ao longo dos últimos quatro anos e também vamos fazer alguns ajustes em algumas categorias. É fundamental, sim, a valorização do servidor público, não só em termos salariais, mas também na capacitação. Isso a gente faz constantemente em todos os segmentos. Temos, por exemplo, a capacitação da Guarda Municipal, o Centro de Qualificação da Educação na rua São Paulo, na saúde… A capacitação do servidor público é fundamental.

O município não tem capacidade de fazer os investimentos que a cidade necessita, depende de parcerias com os outros entes federativos. Que investimentos o senhor espera dos governos federal e estadual?

Primeiro, é fundamental o respeito às instituições. Eu sempre me coloquei como um prefeito de Centro, então é preciso manter a boa relação com o governo federal, seja o governo que for, e uma boa relação com o Governo do Estado, seja o governo que for. Hoje, os municípios ficam com a menor parte: 10% do que é arrecadado no Brasil. A maior parte vai para o governo federal, em torno de 70%, e 20% vão para os estados. Portanto, nenhum município tem capacidade de grandes investimentos. Santos investe 10% da sua arrecadação em obras, é um montante muito grande se comparado com outros municípios, que investem cerca de 3 a 4%.
Nesta semana, eu tive uma reunião com o governador Tarcísio, mostrei todo o projeto que a gente tem de regularização fundiária, novas unidades habitacionais, as estações elevatórias, a macrodrenagem da Zona Noroeste. Ele ofereceu total apoio, como já faz nos projetos habitacionais e no Parque Palafitas. Então, vamos avançar com mais projetos. Com o governo federal, conseguimos agora R$ 180 milhões, somos pré-qualificados no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o Jardim São Manuel e outros projetos na região central. Teremos também a Etec-Fatec, a primeira faculdade da Zona Noroeste, do Governo do Estado, e o Centro Tecnológico com o governo federal.

A cidade completa mais um aniversário agora 26 de janeiro. O que se pode comemorar em 2025 que não se podia celebrar no ano passado?

Podemos celebrar muitas conquistas. A principal obra para mim, que venho da saúde pública, é a primeira policlínica do Dique da Vila Gilda. É um local onde as pessoas precisam. Precisamos de reurbanização, conjuntos habitacionais, do projeto Parque Palafitas, de regularização fundiária. Nos governos anteriores, o governo Papa entregou o Arte no Dique, o governo Paulo Alexandre Barbosa entregou o primeiro Bom Prato do Dique, é o equipamento mais importante que temos lá hoje. Eu vou entregar a Policlínica e o Centro da Juventude.

Os ânimos se acirraram bastante no segundo turno da eleição. O senhor derrotou Rosana Valle, mas ela continua sendo deputada federal. Depois da eleição, o senhor voltou a conversar com ela?

Eu ainda não tive contato com a deputada, ela acabou não entrando em contato comigo. Mas é importante que a gente tenha apoio de todos os deputados da nossa região, federais e estaduais. A gente sempre procurou ter essa boa relação e temos muitos resultados. Temos emendas parlamentares de deputados que ajudaram a gente a revitalizar centros esportivos, fazer os campos de futebol. Por exemplo, o apoio do deputado Paulo Alexandre Barbosa, que foi fundamental para a gente conseguir os armazéns e fazer o Parque Valongo. Também o trabalho que ele fez para a gente conseguir os recursos de um empréstimo internacional, que dependia da aprovação do governo federal e do Congresso. Ele deu agilidade para tudo isso. Os deputados devem trabalhar dessa forma, em conjunto com a cidade. Só assim a cidade ganha. Toda ação política pensando no bem da cidade sempre é bem-vinda. A eleição passou, vira página. Eu não entendo como vencedores e derrotados, pelo contrário. Quem tem que ganhar sempre é a cidade, somos servidores públicos.