Divulgação do reajuste na taxa básica gera pessimismo entre representantes de associações e autarquias ligados ao comércio, indústria e serviços da Baixada Santista
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa básica de juros da economia, na última quarta-feira (29), em um ponto percentual, elevando a Selic para 13,5%. Segundo o mais recente Relatório Focus, do BC, há estimativas de que a variação do índice que influi créditos bancários e baliza os rendimentos de aplicações financeiras pode chegar na casa dos 15% ao final de 2025. Representantes de associações e autarquias ligados à economia da Baixada Santista, ouvidos pelo Jornal da Orla, compartilham do mesmo ponto de vista. Este acréscimo da taxa Selic pode retrair o movimento do comércio e serviços da região.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista (Sincomércio-BSVR), Omar Abdul Assaf, demonstra apreensão sobre o reajuste da Selic, por impactar no custo do capital de giro. “Medidas assim acabam refletindo nos preços e podem fazer com que o consumidor compre menos. Para o varejo será muito ruim. As taxas e juros bancários sobem, assim como o valor das prestações de quem faz financiamento direto aos compradores. Também afeta os encargos dos cartões. É uma bola de neve”.
O dirigente santista é cauteloso quanto às perspectivas futuras. “Esperamos que a inflação caia e que o Banco Central não precise mais aumentar juros. Vamos esperar a tendência. O dólar teve um recuo nos últimos dias, o que é um alento. A queda influiu em alguns preços; por exemplo, commodities e produtos atrelados à moeda norte-americana, o que pode gerar algum equilíbrio”.
Da mesma forma, Luiz Orsatti Filho, diretor executivo do PROCON-SP, destaca que o aumento na Selic afeta a cadeia produtiva, mas principalmente o consumidor final. “Menos dinheiro no bolso, menos compras; Selic reflete nos custos do cartão de crédito (juros do rotativo), cheque especial, empréstimos”.
Américo Ferreira Neto, diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), com sede em Cubatão, é bastante enfático: “Ninguém consegue prosperar com juros tão altos durante tanto tempo. É uma tática para o controle da inflação, mas o mercado sofre retração e isso afeta diretamente os setores produtivos, reduzindo a competitividade da indústria brasileira” Para Ferreira Neto, um caminho seria encontrar um equilíbrio entre a estabilidade monetária e crescimento sustentável do PIB.
O executivo destaca, ainda, a necessidade do ajuste das contas públicas, e a urgência da continuidade das reformas estruturais. “É determinante que o Congresso Nacional retome a reforma administrativa, para que tenhamos um Estado menos oneroso e não indutor da inflação, mais produtivo, desburocratizado e eficiente no atendimento à sociedade”.
EMPREGOS EM PERIGO
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Praia Grande (ACEPG), Fabrício Fernandes, a constante elevação da taxa Selic abala a confiança dos empresários. É uma cadeia de acontecimentos: inflação alta, aumento da Selic, diminuição do financiamento, queda das vendas. “Diante da possibilidade de um cenário assim, empregos no comércio ficam ameaçados e cada vez que um aumento nas taxas é anunciado, diversos produtos nas prateleiras do supermercado têm seus preços reajustados”, diz.
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