Quatro biguás passam a viver no Orquidário de Santos após serem resgatados
14/07/2022Quatro biguás ganharam um novo lar: o Orquidário Municipal de Santos. Os animais, resgatados no estado de Rio de Janeiro, foram encaminhados ao parque por apresentarem fraturas nas asas, o que os impossibilita de viver longe dos cuidados humanos.
As aves foram encontradas pela equipe do Programa de Monitoramento de Praias de Angra dos Reis e ficaram em centro de reabilitação da região. Após uma série de exames, os técnicos constataram que os animais haviam perdido a capacidade de voar, a principal função dos pássaros, e por isso só conseguiriam sobreviver em cativeiro.
O Orquidário de Santos foi contatado sobre a existência dos biguás no início do ano e aceitou recebê-los prontamente. Agora, as aves que têm hábitos diurnos e que costumam viver em grupos, ficarão acolhidas em semi-liberdade (quando não estão soltas na natureza e nem presas em recintos fechados) e serão alimentadas duas vezes ao dia: às 8h, com sardinha, e às 16h, com manjuba.
No lago principal do parque, onde foram acomodados, poderão nadar, mergulhar, pescar tilápias e tomar banho de sol. Além disso, também farão companhia a um biguá macho, que vive sozinho no parque há cerca de cinco anos.
“Nós víamos que ele ficava feliz com a visita de alguns biguás de fora, que costumam vir, passar algumas horas e ir embora. Então ficamos supercontentes com a possibilidade de receber essas companhias, porque a gente já sabia que ele queria essa interação”, contou a chefe do Setor de Biologia do Orquidário, Alessandra de Oliveira.
Resgatadas
Resgatadas na praia de Angra dos Reis, as aves apresentavam fraturas nas asas. Algumas, inclusive, sofrem com a falta de algumas partes do membro.
“Um deles também veio com o bico bem torto, então tentamos ajustá-lo para facilitar a alimentação”, contou Alessandra, que complementa dizendo que, na maioria das vezes, esses tipos de fratura são causados pelo contato indesejado com os seres humanos.
O transporte para Santos foi realizado pela equipe do Aquário Municipal em 29 de maio, o mesmo dia em que chegaram o atobá e os três pinguins que foram acolhidos pelo parque da Ponta da Praia.
Eles vieram de madrugada, período em que as temperaturas são mais amenas, e foram acomodados em caixas de transporte forradas com feno para maior conforto. Um veterinário também acompanhou a viagem, fazendo paradas regulares para garantir a segurança das aves.
Adaptação
Os animais ficaram cerca de um mês na quarentena, realizando exames e recebendo alguns treinamentos para conseguirem viver no lago, desenvolvendo habilidades como, por exemplo, a de pegar os peixes lançados pelos tratadores no ar. “Quando eles chegaram, a gente alimentava eles na bandeja, agora já estão conseguindo pegar sozinhos”, contou Alessandra.
Os dois biguás mais jovens, que estavam sempre juntos na quarentena, foram inseridos no recinto primeiro, no dia 20 de junho. “A gente viu que eles já se davam bem e por isso foram colocados primeiro, para ver se o biguá que já era do parque iria estranhar, querer brigar, mas a relação deles foi ótima desde o início”, disse a bióloga. Os outros dois chegaram ao recinto no último dia 4, e também já se adaptaram.
“Eles não podem mais voar, mas ainda podem interagir uns com os outros, pescar, nadar. Parte do nosso trabalho é isso, acolher esse tipo de animal e dar a ele a melhor qualidade de vida dentro do que é possível”, disse Alessandra. Se nenhuma instituição tivesse recebido as aves, elas poderiam ter sido sacrificadas.
O sexo das aves, bem como outros parâmetros, ainda serão aferidos. “A primeira coisa que se faz quando um animal novo chega é condicioná-lo ao ambiente e à alimentação. Agora que eles já se adaptaram, vamos dar esses outros passos aos poucos”, explicou o médico veterinário José Heitzmant Fontenelle, que atua no parque.