O café deve continuar elevando seus preços nas próximas semanas, ao menos até a safra colhida entre abril e maio. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Pavel Cardoso. “Os eventos climáticos influenciam na safra do grão. Também apontamos aumento no consumo global, incluindo a chegada da China como um novo mercado. E tudo isso impacta no preço”.
De acordo com o executivo, essa subida durará aproximadamente três meses, para então vir um momento arrefecimento no valor do produto, com uma certa estabilização. “A queda de preços, no entanto, só deverá acontecer a partir da safra do próximo ano”, estima Cardoso.
O economista Luciano Simões aponta que o café, bem como seus insumos, tem o preço atrelado ao dólar e oscila conforme sua variação. “Tendo uma manutenção mais cara, a safra tende a ter também aquele custo repassado. Porém, a questão climática do ano passado já refletiu na menor oferta de café. Esta soma de fatores deu esse impulso de aumento no preço do café. E o contexto para 2025, infelizmente, é de, mais uma vez, o café sofrer alta de preço”.
Outro fator apontado pelo economista se dá no visível aumento do consumo do café. “Embora seja um item que não pesa tanto na cesta básica, seu consumo tem aumentado a cada ano e, logo, a demanda continua alta. Do ano passado para agora, cresceu mais de 1%”.
Vitor Mauri, sócio do Rei do Café, de Santos, também aponta fatos externos que atuam diretamente na precificação do grão a granel. “Nos últimos quatro anos, houve uma série de eventos climáticos que afetaram as produções em termos globais. Geadas na serra mineira em 2021, chuvas excessivas na Colômbia (2022), seca na América Central (2023), no Brasil e no Vietnã(2024), cada uma elas afetou em níveis historicamente baixos. No entanto, apesar da pandemia, a demanda pelo café continua resiliente, apesar do preço”.
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