
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Orla, o diretor-titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Cubatão (Ciesp/Cubatão) e vice-presidente Industrial da Usiminas, Américo Ferreira Neto, destaca o momento do Polo Industrial da cidade e revela que as empresas estão focadas em estratégias voltados à produtividade, sustentabilidade e substituição de combustíveis fósseis por alternativas mais limpas como gás natural, hidrogênio verde e biogás.
Como o senhor avalia o momento atual do polo industrial de Cubatão em termos de produção e atividade econômica?
O momento do Polo Industrial de Cubatão é de estabilidade produtiva e operacional, com investimentos pontuais no curto prazo e estratégicos, já divulgados pelas companhias, atrelados à produtividade e sustentabilidade, sempre voltados para as questões ambientais e de competitividade.
Quais têm sido os principais desafios enfrentados pelas indústrias da região nos últimos anos?
As empresas do Polo Industrial de Cubatão sempre estiveram na vanguarda da atualização tecnológica, controle ambiental, desenvolvimento humano e social. Dentro desse contexto, há a priorização e a adequação de suas matrizes energéticas, tendo uma preocupação com a introdução de alternativas mais limpas como o gás natural.
Há iniciativas em andamento para atrair novos investimentos para o polo industrial? Pode citar alguns exemplos?
O Polo é constituído principalmente por indústrias de base, ou seja, indústrias que produzem matéria-prima para reprocessamento em indústrias de transformação. Dessa forma, a logística, a proximidade com o fornecedor e com o maior mercado consumidor nacional, São Paulo, se constitui por si só, em atrativo para novas oportunidades de investimento, associado a iniciativas do Poder Público Municipal, com disponibilização de legislação específica para isenção ou redução fiscal para novos negócios. Cito, ainda, o programa Cubatão, Fábrica de Oportunidades, construído em conjunto com a Prefeitura Municipal de Cubatão e que elenca os dez principais motivos para se investir na cidade.
Como o Ciesp Cubatão tem atuado para fortalecer a competitividade das empresas locais?
Visando essa garantia para as empresas do Polo, o CIESP/Cubatão tem atuado permanentemente junto a todas as esferas do Poder Público buscando sempre alternativas e possibilidades que tragam a isonomia da competitividade para os segmentos que aqui atuam. Temos fortalecido o diálogo com parceiros locais e buscado sinergia com programas e projetos dos governos do Estado e Federal que possam apoiar o crescimento do Polo.
Qual é a importância da infraestrutura logística de Cubatão (estradas, ferrovias) para o desenvolvimento industrial?
A infraestrutura logística de Cubatão é privilegiada, já que conta com importantes rodovias de São Paulo; as principais concessionárias ferroviárias do país, a proximidade com o maior porto da América Latina. Essa condição é uma vantagem competitiva, tanto para o abastecimento do mercado interno, como para as oportunidades que o mercado externo oferece.
A pauta ambiental sempre foi sensível na região. Como as indústrias têm conciliado produção com responsabilidade ambiental?
Cubatão tem reconhecimento internacional, concedido pela ONU, como símbolo da recuperação ambiental. Essa conquista foi alcançada com base nos mais de US$ 3 bilhões investidos em tecnologia ambiental ao longo dos últimos anos. Porém, mais do que isso, esse reconhecimento foi em decorrência de uma mudança de cultura e comportamento, um investimento em conscientização. A introdução dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) trouxe a possibilidade da perenidade dessa condição de recuperação e alavancou a conscientização coletiva, que é a base da manutenção da responsabilidade ambiental, que sustenta a contínua operação e produção de seu complexo industrial.
Quais parcerias têm sido feitas com o poder público ou instituições de ensino para estimular inovação e qualificação de mão de obra?
Essa é uma preocupação contínua, a formação e qualificação da mão de obra. Com o Poder Público, temos atuado em conjunto com o Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), para identificar oportunidades e carências. Temos o apoio do SENAI, instituições de ensino locais, principalmente o Instituto Federal de Cubatão e a ETEC.
Como o senhor enxerga o papel do polo industrial de Cubatão no contexto da transição energética e da descarbonização?
O Polo de Cubatão sempre atuou na vanguarda para buscar a redução do consumo de combustíveis fósseis, transformando suas matrizes energéticas, com a introdução de alternativas mais limpas, como o consumo de gás natural. Novas oportunidades estão sendo apresentadas e estudadas, visando a expansão para outros combustíveis alternativos, como hidrogênio verde, amônia verde e o biogás.
Quais são as principais expectativas e metas para os próximos anos no desenvolvimento industrial da cidade?
A expectativa é sempre por uma estabilidade econômica, tanto no âmbito nacional como no internacional, associado a isonomia das condições para produção interna, comparativamente com os produtos importados, garantindo o poder de competitividade de nossos processos produtivos. Tendo como meta a introdução contínua de combustíveis alternativos, transformando as matrizes energéticas, cada vez mais limpas.
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