Política & Conversa

Podridão Política

01/03/2024
Valter Campanato/ Agencia Brasil

Uma notícia desta semana traduz com perfeição a vida politica – ou melhor, a vida partidária – do Brasil neste começo de século 21.
O diretório do PL de Medicilândia, no interior do Pará, passou a ser presidido em janeiro por um filiado condenado pelo assassinato do ambientalista Chico Mendes em 1988.
O caso repercutiu muito mal. O presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, aquele, recomendou o afastamento do sujeito. E a estadual do partido no Pará seguiu a recomendação e enxotou Darci Alves Pereira do cargo.
Há vários aspectos do caso que merecem análise.
O primeiro deles é o caciquismo político que elimina a autonomia do diretório municipal. A direção estadual e Valdemar Costa Neto atropelaram a decisão municipal e ponto.
O segundo é a contaminação da política. O PL, partido de Bolsonaro, coloca em Medicilândia, um assassino confesso como presidente. E quem se escandaliza e recomenda a anulação da escolha, Valdemar, também foi preso, condenado por corrupção no escândalo do mensalão. Caso típico de roto espinafrando esfarrapado.
Em terceiro lugar, vem uma fraude disfarçada. O assassino se apresenta politicamente não como Darci Alves Pereira, mas sim como Pastor Daniel. Adota um nome que além de diluir a associação dele com o crime, dá a ele uma aura de religiosidade.
E por fim uma discussão que precisa ser aprofundada. Um criminoso que cumpriu a pena a que foi condenado, recupera plenamente a cidadania. Ou seja, formalmente, não há nenhuma razão para afastar o assassino do cargo. A questão de permanecer ou não num partido que escolhe uma pessoa com esse currículo para a direção, passa a ser decisão de cada filiado.
O PL, partido, em que esse imbróglio ocorreu, é que tem o maior número de deputados federais. Isso reforça a impressão generalizada da podridão absoluta da política brasileira.

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